Quanto rendem R$ 150 mil na poupança por mês, durante 6, 12 e 18 meses?

Ainda fizemos as contas e comparamos quanto rendem R$ 150 mil em LCI, LCA, Tesouro Direto e CDB

A caderneta de poupança é o marco zero de investimento dos brasileiros. Pela popularidade da caderneta, muitas pessoas deixam valores de três dígitos na conta. Mas você sabe quanto rendem R$ 150 mil, por exemplo, por mês na poupança? Existem opções melhores fora dela?

Dessa forma, para saber a resposta, a Inteligência Financeira conversou com economistas e fez as contas para saber o retorno de R$ 150 mil na poupança, no CDB, Tesouro Direto, na LCI e LCA. Inclusive, para a atualização dos valores, usamos a calculadora desenvolvida por Bruno Mori, economista e sócio fundador da consultoria Sarfin.

Aliás, o prazo contemplado nos cálculos vai de um a 18 meses. Especialistas explicam que a poupança é adequada somente para uma situação específica de investimentos: spoiler, ela é de curtíssimo prazo.

Além disso, vale saber que a caderneta, assim como outros produtos da renda fixa, tem seu rendimento atrelado a taxa Selic, que passou por um reajuste recentemente, com queda de 0,50 ponto percentual. Desse modo, a taxa Selic está em 12,75% ao ano.

Por outro lado, para os produtos financeiros ligados a taxa Selic, a taxa usada como base foi de 9% ao ano, que é exatamente a projeção indicada pelo Boletim Focus para o fim de 2024. Dessa forma, os valores das simulações são aproximados.

Afinal de contas, estar atento às taxas futuras pode ser uma boa estratégia para médio e longo prazos, que é o que indica os especialistas quando o assunto são investimentos.

Quanto rendem R$ 150 mil na poupança de 6 a 18 meses?

Para isso, como opção mais básica de investimentos, a poupança tem rendimento baixo e costuma ser comparada – e perder – para a inflação em momentos de preços altos na economia. Então, com a taxa de juros no Brasil ultrapassando o patamar de 8,5%, a caderneta rende mensalmente 0,5% mais a Taxa Referencial (TR).

Todavia, o rendimento da poupança é bastante previsível. Afinal de contas, pelo baixo retorno em relação a outros títulos da renda fixa, o investidor da caderneta não paga impostos, talvez a principal vantagem em comparação com títulos do Tesouro Direto ou de crédito privado.

Mas, então, quanto rendem R$ 150 mil na poupança por mês? Algo em torno de R$ 1.075 mensais, sem impostos, porque a poupança não cobra taxas nem tributos.

E para saber o quanto a poupança rende em seis, 12 e 18 meses, o gestor da Ouro Preto Investimentos, Calil Felippelli, fez as contas a seguir (lembrando que a atualização dos cálculos foram feitas com a ajuda da calculadora criada por Bruno Mori):

Valor inicialPrazo (meses)Valor finalQuanto rendeu?
R$ 150 mil6R$ 156,6 milR$ 6,6 mil
R$ 150 mil12R$ 163,5 milR$ 13,5 mil
R$ 150 mil18R$ 169,1 milR$ 19,1 mil
Fonte: Ouro Preto Investimentos (Os valores são aproximados)

Entre dez a 30 dias, poupança é boa opção, diz gestor

Em comparação com o Tesouro Direto, o rendimento da poupança é semelhante no curto prazo, afirma Felippelli. Portanto, o gestor aponta que manter o dinheiro com rendimento de 0,5% +TR não é uma má ideia para quem pensa em liquidez de curtíssimo prazo.

Isso porque caso o investidor queira aplicar seu patrimônio em um CDB ou no Tesouro Direto e sacar entre 10 a 30 dias, ele pagará uma alíquota do saque mais IOF (Imposto sobre operações Financeiras).

Mas, atenção: no prazo de 10 dias, o IOF tem alíquota de 66%. Para 20 dias, o imposto vai a 33%. Na ponta do lápis, ainda se soma à taxa de 22% sobre rendimentos dentro do prazo de 180 dias.

“Se colocar na ponta do lápis, a poupança bate de frente com CDBs, LCIs e LCAs e Tesouro Direto no curto prazo. Especialmente entre 30 dias e 180 dias”, comenta Felippelli. “Para uma sobra de salário ou resquício de renda, é muito mais fácil deixar o dinheiro na poupança.”

Quanto rendem R$ 150 mil no Tesouro Direto contra poupança?

Por outro lado, o Tesouro Direto, apesar de se encaixar na categoria da renda fixa, tem rendimentos que variam – e o investidor pode perder dinheiro se não souber escolher sabiamente.

Para comprar títulos do Tesouro Direto, basta entrar no site da instituição. O valor mínimo de investimento varia de acordo com a categoria do ativo. Abaixo, Felippelli calculou quanto rendem R$ 150 mil nos três tipos de títulos do Tesouro: prefixado, indexado à Selic (taxa de juros) e ao IPCA (inflação).

Já os cálculos de quanto rendem R$ 150 mil nos títulos para o investidor até a data de vencimento foram feitos pela especialista de renda fixa da Acqua Vero, Victoria Cardoso.

Vale lembrar que os títulos do Tesouro Direto estão sujeitos a uma alíquota regressiva de Imposto de Renda:

  • 22,5% para investimentos de até 180 dias
  • 20% para investimentos de até 181 a 360 dias
  • 17,5% para investimentos entre 361 a 720 dias
  • 15% para investimentos de mais de 720 dias
Valor inicialInvestimentoRendimento líquido* em 6 mesesRendimento líquido em12 mesesRendimento líquido em 18 mesesRendimento líquido até data de vencimento
R$ 150 milTesouro prefixado 2026R$ 6,43 milR$ 13,62 milR$ 20,97 milR$ 31,54 mil
R$ 150 milTesouro Selic 2026R$ 6,9 milR$ 13,5 milR$ 20,8 milR$ 27,83 mil
R$ 150 milTesouro IPCA+ 2029 R$ 4,7 milR$ 9,9 milR$ 15,15 milR$ 80,56 mil
R$ 150 milPoupançaR$ 6,6 mil R$ 13,5 milR$ 19,1 mil
Fonte: Ouro Preto Investimentos e Acqua Vero Investimentos
*Rendimento líquido já descontando impostos (quando houver). Os valores são aproximados.

CDBs, LCIs e LCAs

O crédito privado se tornou atrativo na renda fixa com o ciclo de alta na Selic. Para o investidor pessoa física, a LCI (Letras de Crédito Imobiliárias) e a LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) se tornaram populares pela isenção de imposto de renda. O CDB, principalmente indexado ao CDI, por sua vez, ganhou destaque com a alta de juros.

Vale lembrar que os rendimentos de uma aplicação em CDB, LCI e LCA dependem do grau de risco do emissor. Ou seja, quanto maior o rendimento do ativo, como um CDB que rende acima da média do que o emitido por grandes bancos, maior o risco.

Além disso, Ian Lima explica que, ao escolher um CDB, o investidor deve estar atento à qualidade de rating da empresa que emitiu o certificado. O spread de crédito, ou seja, a diferença entre o valor de venda em relação ao da compra desses ativos tende a ser maior. Para quem quer risco, é melhor escolher instituições com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), aponta o especialista da Porto Asset, porque “cabe ao gosto do freguês, se quer assumir o risco”.

Aliás, o FGC existe justamente para proteger os investidores de um alto grau de risco. O fundo cobre títulos de crédito em até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira.

O tempo de investimento do CDB, a tabela regressiva do IR que vale para o Tesouro Direto também vale:

  • 22,5% para investimentos de até 180 dias
  • 20% para investimentos de até 181 a 360 dias
  • 17,5% para investimentos entre 361 a 720 dias
  • 15% para investimentos de mais de 720 dias

Quanto rendem R$ 150 mil na poupança, LCI/LCA e CDBs?

Abaixo, Victoria Cardoso calculou para a Inteligência Financeira quanto rendem R$ 150 mil em CDB (pós-fixado e prefixado), em LCI e LCA.

Valor inicialInvestimentoRendimento líquido em 6 mesesRendimento líquido em 12 mesesRendimento líquido em 18 meses
R$ 150 milCDB prefixado a 13,5%R$ 7,85 milR$ 16,09 milR$ 22,15 mil
R$ 150 milCDB a 105% do CDIR$ 5,6 milR$ 11,34 milR$ 17,33 mil
R$ 150 milCDB a 110% do CDIR$ 5,83 milR$ 11,88 milR$ 18,17 mil
R$ 150 milCDB a 112% do CDIR$ 5,93 milR$ 12,1 milR$ 18,6 mil
R$ 150 milLCI/LCA pós-fixadaR$ 8,56 milR$ 16,23 milR$ 25 mil
R$ 150 milPoupançaR$ 6,6 mil R$ 13,5 milR$ 19,1 mil
Fonte: Acqua Vero Investimentos, com atualização da calculadora criada por Bruno Mori
(Os valores são aproximados)

Fica claro que, a longo prazo, a LCA e LCI se beneficiam pela isenção de impostos. Portanto, entre as opções analisadas, as letras de crédito são as mais rentáveis em 18 meses.

Quais são vantagens dos títulos prefixados e pós-fixados?

A principal vantagem dos títulos prefixados é a previsibilidade de rendimentos. Apesar de não contarem com marcação de mercado na curva, os títulos tendem a se valorizar quando o mercado subestima os cortes da Selic, diz Ian Lima.

De olho na baixa dos juros, os prefixados de longo prazo sofreram reajuste já no primeiro semestre. Por isso, os títulos com prazo de 2026 e 2029 “tiveram retorno importante nos últimos três meses” com o fechamento da curva de juros futuros, destaca o analista.

“Nesse sentido, para ter ganhos adicionais, o investidor precisa contar com o mercado subestimando o grau de flexibilização monetária do BC no futuro.”

Por outro lado, os pós-fixados a Selic – no caso do Tesouro – e ao CDI – valendo para o CDB – tendem a render mais caso os juros não caiam tanto quanto o mercado espera. No preço de um CDB que vale 100% do CDI, por exemplo, está implícita a trajetória dos juros.

Portanto, a vantagem do Tesouro Selic ou CDB pós-fixado é a correção do valor na curva de juros. “Se, de fato, o BC baixar a Selic mais do que está sendo precificado, aí você ganha mais no prefixado”, cita Lima

Os prefixados, contudo, tendem a ter uma volatilidade maior pela inflexibilidade da marcação. Na avaliação de Felippelli, da Ouro Preto, o melhor investimento para iniciantes é o CDB de um grande banco, porque ele “tem marcação de curva e liquidez diária”.

No médio prazo, o gestor sugere apostar em diversificação: títulos do Tesouro Selic e atrelados ao IPCA. Ian Lima recomenda uma alocação de 40% do patrimônio em prefixados e 60% em pós-fixados.

Quanto rende?

Mas não paramos por aqui. A IF fez ainda outros levantamentos para ajudar na sua jornada como investidor de renda fixa. Veja abaixo:

Colaboração: Daniel Navas