Quanto rendem os CDBs de 200% e 220% do CDI?

Fique atento: rentabilidade 'inflada' corresponde a períodos ou valores específicos

Há muita gente que se pergunta: “quanto rende o CDB?”. Afinal, as taxas de retorno dos CDBs são afetadas diretamente pela taxa Selic, recentemente reduzida para 13,25% ao ano pelo Banco Central. Apesar disso, procurando bem dá para encontrar títulos que pagam na casa de 200% do CDI.

Calma, vamos explicar o que isso significa. Contudo, é preciso ficar atento às letras miúdas, já que esses retornos “inflados” correspondem a períodos ou valores específicos.

Além disso, embora as taxas de retorno sejam sedutoras, é preciso lembrar que, quanto menor for o tempo investido, maior é o imposto a ser pago sobre os lucros.

Aliás, além do Imposto de Renda, quem investe em CDBs e realiza resgates em até 30 dias após a aplicação paga IOF sobre os lucros. A tabela é regressiva e vai de 96% a 3%.

Veja abaixo como funciona o Imposto de Renda (IR) regressivo, de acordo com a Receita Federal:

Resgate emAlíquota do Imposto de Renda
Até 180 dias (6 meses)22,5%
De 181 dias a 360 dias (6 meses a 12 meses)20%
De 361 a 720 dias (12 meses a 24 meses)17,5%
Acima de 720 dias (acima de 24 meses)15%
Imposto de Renda regressivo em CDBs – Fonte: Receita Federal

Quanto rende o CDB para o investidor?

Por exemplo, ao investir R$ 500 em CDBs que rendem 200% do CDI, em três meses eles entregam R$ 525,48, já descontados os 22,5% de imposto de renda. Mas, no mesmo período, e com os mesmos R$ 500, os CDBs de 220% colocam na conta R$ 528,11 líquidos.

Portanto, para aplicações de R$ 5 mil, o investidor chega ao fim de três meses com R$ 5.254,76 no bolso com CDB de 200% e R$ 5.281,15 com CDB de 220%.

Em uma comparação, a aplicação de R$ 500 em um CDB que pague 110% do CDI renderia R$ 13,74 em três meses levando em consideração, hipoteticamente, um desconto de 15% de imposto de renda. Assim, vale lembrar que nesse caso o desconto do imposto só será efetivamente aplicado sobre o total após 24 meses de aplicação.

Posteriormente, usando o Simulador do Tesouro Direto, considerando a Selic em 13,25%, chegamos aos resultados abaixo:

ProdutoInvestimentoPrazoIRGanhos líquidos Valor total líquido
200% do CDIR$ 5003 mesesR$ 7,39R$ 25,48R$ 525,48
200% do CDIR$ 5.0003 mesesR$ 73,96R$ 254,76R$ 5.254,76
220% do CDIR$ 5003 mesesR$ 8,16R$ 28,11R$ 528,11
220% do CDIR$ 5.0003 mesesR$ 81,62R$ 281,15R$ 5.281,15
Comparação de quanto rende o CDB a 200% e 220% do CDI – Fonte: Tesouro Direto

Quanto rendem os CDBs mais modestos?

Além disso, usando o Simulador do Tesouro Direto e com projeções que consideram a Selic em 13,25% ao ano, temos o comparativo abaixo, no qual foi levando em consideração o Imposto de Renda de 15%, e os valores não poderiam ser sacados:

ProdutoInvestimentoResgatePrazo IRGanho líquidoValor total líquido
100% do CDIR$ 500+ de 720 dias3 mesesR$ 2,43R$ 13,74R$ 513,74
100% do CDIR$ 5.000+ de 720 dias3 mesesR$ 24,27R$ 137,51R$ 5.137,51
110% do CDIR$ 500+ de 720 dias3 mesesR$ 2,92R$ 16,54R$ 516,54
110% do CDIR$ 5.000+ de 720 dias3 mesesR$ 29,21R$ 165,55R$ 5.165,55
Comparação de quanto rende o CDB a 100% e 110% do CDI – Fonte: Tesouro Direto

Quem dá mais?

No caso da conta remunerada e com liquidez diária da 99Pay, por exemplo, a aplicação rende 220% do CDI em saldos até R$ 500. Aliás, a partir de R$ 500,01 esse retorno cai para 100% do CDI.

Em alguns casos, os ativos polpudos são uma promoção de curto prazo e que só valem para novos clientes, como é o caso da Genial Investimentos, que fez uma promoção de um CDB de 220% do CDI para os recém-chegados. Esse rendimento, contudo, vale apenas por três meses e no limite de R$ 5 mil.

A Rico, corretora que pertence ao grupo XP, também oferece CDB com liquidez diária e retorno de 200% do CDI para novos clientes que abrirem uma conta até 11 de agosto de 2023. A regra do jogo, afinal, é vencimento em 60 dias, liquidez diária e aplicação máxima de R$ 3 mil.

Quais são os riscos do CDB?

Todo investimento tem risco, por menor que seja. Portanto, isso não é diferente com os CDBs. Então, vamos a eles:

Risco de crédito

O risco de crédito do CDB é maior que no Tesouro Direto, por exemplo. Isso acontece uma vez que no caso dos títulos públicos o pagador é o governo federal, a maior garantia possível. No entanto, no caso do CDB, a segurança está atrelada às instituições que emitem o investimento.

No caso específico desses CDBs “inflados”, no entanto, a maior rentabilidade não está necessariamente atrelada a um risco mais elevado. De acordo com a XP, uma das opções que levam os emissores a oferecerem essas condições é a busca por uma condição comercial mais vantajosa.

“Em geral, as instituições fazem essas emissões para captação de novo clientes ou para incentivar investimentos. Costumam ter certo prazo de validade. É uma forma de atração de clientes e não costuma refletir de fato o risco da instituição”, explica a XP.

Risco inflacionário

Da mesma forma, os CDBs com remuneração prefixada têm risco inflacionário. Mas o que isso significa? Significa que se os juros prometidos forem de 8% e a inflação no período alcançar 9%, você teve lucro… Mas perdeu poder de compra. Oscilações bruscas e consistentes no câmbio também podem afetar a inflação e a rentabilidade real dessas aplicações.

Por outro lado, os CDBs pós-fixados, que pagam uma porcentagem do CDI, têm como aliada certa proteção natural contra mudanças na economia. Isso porque as taxas do CDI passam por ajustes diários e, em caso de choque inflacionário, o Banco Central tende a elevar a Selic para tentar segurar o aumento generalizado de preços.

CDBs são protegidos pelo FGC

Os CDBs contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito): uma espécie de seguro para algumas aplicações de renda fixa. É importante saber que o FGC, então, se responsabiliza por essas aplicações apenas em caso de “quebra” dos bancos emissores desses títulos.

Na prática, contudo, o Banco Central precisa anunciar oficialmente uma intervenção e/ou uma liquidação extrajudicial da instituição financeira para você ter direito a acionar o FGC.

Em entrevista, Daniel Lima, diretor-executivo do FGC, explica com exclusividade para a Inteligência Financeira como o fundo protege o investidor.

Mas esse pagamento não é infinito. Assim como o seguro de um carro, o valor garantido pelo FGC aos investidores segue algumas regras. A primeira delas: o pagamento é de até R$ 250 mil por pessoa física, e isso inclui não só o dinheiro que você investiu, mas também a rentabilidade.

Dessa maneira, outro ponto importante é que esses R$ 250 mil estão limitados a conglomerados financeiros. Ou seja, se você tiver dinheiro aplicado em diversos CDBs emitidos por um mesmo banco que venha a falir, o teto para a restituição do seu investimento também é de R$ 250 mil.

Por exemplo, vamos supor que você tenha R$ 300 mil em um ou mais CDBs emitidos pela mesma instituição financeira. Se ela quebrar, como resultado, o FGC pagará apenas R$ 250 mil e os outros R$ 50 mil serão perdidos.