Dividendos de Copel (CPLE6): o que esperar para 2024?

Empresa de energia recém-privatizada pelo governo do Paraná deve pagar proventos acima de sua média histórica em 2024, mas enfrenta cenário desafiador provocado pela queda recente no preço de sua ação, que caiu cerca de 10% neste ano

A Copel (CPLE6) anunciou o pagamento de dividendos e JCP no valor total de R$ 631 milhões a acionistas nesta terça-feira (23). Para o mercado, o provento reforça a esperança de que a empresa de energia recém-privatizada pelo governo do Paraná deve pagar proventos acima de sua média histórica em 2024. Um relatório do Bank of America projeta para a Copel o pagamento de dividendos da ordem de 10% do equivalente ao valor da ação até o final do ano.

No ano, contudo, a ação cai cerca de 10%. Analistas consideram a queda como parte de uma redução natural do papel à luz da queda dos preços de energia elétrica, que devem cair ainda mais neste ano. Mas, segundo o Itaú BBA, o recuo de Copel (CPLE6) é “exagerado”, ao mesmo tempo em que apresenta uma oportunidade.

Copel (CPLE6) deve pagar dividendos acima da média em 2024?

A expectativa do mercado para a Copel é de um pagamento de dividendos acima da média histórica da ação (CPLE6).

De acordo com seu último relatório de bond proxies do Ibovespa, o BofA espera a entrega de um dividend yield de cerca de 10% para acionistas da companhia elétrica em 2024. A margem representa o dobro do patamar médio entre 2010 e 2023 pago pela Copel, de cerca de 4,5%.

Analistas do banco americano ressaltam que as ações da companhia são uma das que deve distribuir maiores dividendos em relação ao preço do papel, ao lado de Taesa (TAEE11) e Cemig (CMIG4).

A prévia operacional da companhia para o primeiro trimestre deste ano também animou o mercado na perspectiva de proventos. A Copel informou ao mercado em meados de abril que registrou um aumento de 8% no consumo de energia distribuída ajustada. A conta de luz subiu para todos os segmentos, liderada pela alta de 19% em uso de energia em residências.

Em relatório, o Itaú BBA vê alto potencial para os dividendos da Copel (CPLE6) no médio e longo prazo. Investidores podem esperar, conforme apontam analistas do banco, o pagamento de mais de R$ 1 bilhão ao ano em JCP. “Isso pode gerar um valor presente líquido (VPL) de R$ 5,6 bilhões (R$ 1,9/ação para CPLE6)”, explica o time de análise do Itaú BBA.

Privatização pode turbinar dividendos, mas não no curto prazo

O grande obstáculo para o aumento de dividendos da Copel é uma de suas maiores forças no mercado: a privatização.

Para o BTG Pactual, a Copel (CPLE6) deve pagar um dividendo com margem de 4,1% sobre o preço das ações em 2024, patamar acima da média de 3,4% dos últimos 12 meses, mas abaixo da métrica usada pelo Bank of America.

Gabriel Henrique Duarte, analista da Ticker Research, afirma que é esperado que a companhia ofereça um yield abaixo da média do setor porque se encontra em “momento transformacional”.

O analista não corrobora com a previsão de um dividendo de 10% sobre a ação, e está alinhado com os cálculos do BTG, de 4%.

“Faz pouco tempo que a Copel foi privatizada. A distribuidora ainda está arrumando a casa tem muita melhoria para capturar. Isso vai refletir no dividend yield lá na frente”, diz Duarte. “Hoje em dia eu acho bem saudável que empresa mantenha um patamar realmente baixo”, completa.

Por outro lado, a empresa tem um bônus de outorga de R$ 3,9 bilhões a pagar, lembra o analista da Suno Research, Bernardo Viero. A renovação de concessão é para as usinas Foz do Areia, Segredo e Saltos Caixas, que contemplam 60% da capacidade instalada da Copel.

Considerando o cenário, a Suno Reserach prevê um dividend yield de 4,5% para as ações da Copel (CPLE6) em 2024.

Queda da Copel (CPLE6) no Ibovespa é exagerada?

Na visão do Itaú BBA, a queda da ação da Copel (CPLE6) no Ibovespa parece “exagerada” frente ao desempenho de outras ações do setor de Energia.

“O que, em nossa opinião, parece exagerado dado o risco relativamente menor”, completam analistas do banco. Eles se referem ao fato de que a Copel está “menos exposta” ao risco de renovação de concessões.

Além disso, conforme a explicação de Duarte, investidores realizaram lucros da ação “após a privatização”. Ele concorda que houve “mão pesada” do mercado na queda da Copel (CPLE6).

“Essa movimentação abre sim uma oportunidade para acionistas que pensam mais a longo prazo. Ainda não vejo, contudo, a ação como muito barata e imperdível”, explica o analista.

Por outro lado, Viero, da Suno, afirma que a queda não foi exagerada “a ponto de criar uma assimetria gigante entre preço e valor” para Copel.