Vale a pena investir em CDB com a provável queda dos juros?

Esmiuçamos os tipos de CDB que existem no mercado e como você sabe qual é o mais indicado para o seu perfil de investidor

Com maior facilidade para se abrir uma conta bancária em questão de cliques, investir em CDB (Certificado de Depósito Bancário) virou uma febre entre os investidores. O produto é um dos mais comuns no varejo bancário, mas pode sofrer com a provável queda dos juros, a Selic.

O motivo é simples: a maioria dos CDBs oferecidos ao investidor está atrelada ao CDI, títulos de curto prazo que incidem sobre transferências de crédito interbancárias. Esse indicador, por sua vez, varia de acordo com a taxa DI, atrelada aos juros. Na análise de especialistas, contudo, ainda vale a pena investir no CDB, mas com um cuidado: avaliar liquidez, risco e rentabilidade.

Como investir em CDB?

Investir em CDB é algo acessível e popular, o que o torna um dos produtos de renda fixa queridinhos dos investidores. Afinal, a taxa de juros no Brasil é uma das maiores do mundo.

Para o investidor aplicar em um CDB, basta ter uma conta bancária que permita acesso a investimentos em renda fixa. Geralmente, os certificados são oferecidos por bancos de grande, médio e até de pequeno porte, além de corretoras.

O que pode variar são as indicações de CDB de acordo com o perfil do investidor. Mirando em investimentos de crédito bancário, a Órama, por exemplo, tem uma ferramenta que indica os melhores títulos cobertos pelo Fundo de Garantidor de Créditos (FGC), diz Ricardo Teófilo, head de renda fixa da corretora.

Quais CDBs existem no mercado?

Existem três tipos de investimento em CDB:

  • CDB prefixado: Títulos com rendimentos determinados por contrato com a emissora dos certificados. É um ativo com rentabilidade previsível e ideal para planos de longo prazo, mas não pode ser sacado tão facilmente, ou seja, tem menor liquidez;
  • CDB pós-fixado e atrelado ao CDI: São certificados cujo rendimento está atrelado ao CDI, portanto, indexados à curva de juros. A liquidez costuma ser diária, mas o risco é maior;
  • CDB IPCA+: São papéis que rendem de acordo com a inflação, que tem menor volatilidade histórica que os juros.

Por que vale a pena investir em CDB?

Na visão dos especialistas, mesmo com perspectiva de queda, os juros ainda devem estacionar em um patamar elevado para aproveitar a renda fixa. Até o final do ano, a previsão do mercado é de 12,50%, como relatado no mais recente Boletim Focus, do Banco Central.

O CDB permanece como um bom investimento, na análise de Teófilo, devido à cobertura do FGC. O fundo garante reembolso de perdas de até R$ 250 mil, limitado a quatro CPFs por investidor e por instituição. Isso ocorre apenas em caso de inadimplência da instituição que emitiu o CDB.

“Temos bastante oportunidade para investimentos em CDBs em todos os três indexadores”, diz o especialista da Órama, ressaltando a importância para que o investidor diversifique títulos prefixados e pós-fixados dentro da carteira.

Já Ricardo Espinola, gestor de crédito privado da Porto Asset, acredita que os juros no Brasil devem continuar altos pelos próximos meses. Em sua análise, Espinola destaca que o mercado, atualmente, tem prevê uma curva de juros futuros com taxa média de 10% até 2026.

“A expectativa é de juros médios bastante elevados nas curvas. Ativos pós-fixados ou fundos de crédito pós-fixados continuam recomendáveis nesse cenário”, diz.

Quais são os critérios para escolher o CDB ideal?

Para começar, o investidor precisa ter total consciência de seus objetivos ao investir – isso não está restrito ao CDB – e ao escolher aquele ativo.

Determinar o perfil do investidor é muito importante, destacam os gestores e analistas. A Inteligência Financeira te ajuda a descobrir qual o seu perfil e apetite por risco: se você prefere viver perigosamente ou quer paz e tranquilidade na conta bancária (veja abaixo).

Espinola comenta que existem três critérios para escolher o investimento em CDB ideal:

  1. risco,
  2. liquidez,
  3. rentabilidade.

Para bancos maiores, calcular o risco do certificado emitido é mais fácil. Mas para instituições de médio e pequeno porte, o gestor sugere que o investidor procure um especialista.

Para quem pensa em criar uma reserva de emergência ou de oportunidade, por exemplo, é aconselhável apostar em um CDB pós-fixado. Esta é a avalição de Paulo Ricardo dos Santos, assessor do escritório de investimentos Blue3.

Para aproveitar os juros a 13,75%, por exemplo, o especialista também recomenda um investimento de 6 a 12 meses em um CDB pós-fixado.

“Para maiores prazos, o ideal é investir em um CDB atrelado ao IPCA. Isso porque o investidor consegue lançar a mão da marcação a mercado. E o dinheiro pode ter ágio no médio prazo. Quando maior o vértice de rendimento do certificado, maior o ágio que o investidor pode ter”, afirma Santos.

Investir em CDB é melhor do que poupança

Investir em CDB ainda é melhor do que deixar o dinheiro parado na poupança, concordaram os gestores e analistas entrevistados pela reportagem.

Com a Selic a 13,75%, a poupança passa a render 0,5% ao mês somada à Taxa de Referência (TR), que hoje está em torno de 0,17% ao mês.

No ano, a poupança rendeu 3,37%, enquanto a TR acumulada em 6 meses é de 0,85%. No mesmo período, um CDB com rendimento de 105% do CDI, título comum emitido no mercado, rendeu 5,64%.

Mesmo com a isenção de imposto de renda sobre depósitos na poupança, o CDB ainda bate a caderneta em rendimentos.

O imposto pago por investimentos em CDB é em uma tabela regressiva. O tributo, por sua vez, é descontado na hora do resgate da aplicação:

  • Até 180 dias (6 meses): alíquota de 22,5%,
  • Entre 181 dias meses e 360 dias (12 meses): alíquota de 20%
  • Entre 361 dias e 720 dias (2 anos): taxa de 17,5%
  • Acima de 2 anos: imposto de 15%

Outra vantagem do CDB em relação à poupança: o FGC. “O investidor pode se tranquilizar sabendo que está com investimentos de alta liquidez e com garantia de reembolso pelo fundo”, diz Kesia Kupper, gerente da plataforma financeira Afinz.

Qual o retorno de um CDB que rende 100% do CDI?

O investidor que aplica em um CDB que rende 100% do CDI terá rendimentos mensais de 1,07%, de acordo com cálculos da Afinz.

Em um investimento em CDB com retorno de 103% do CDI, o investidor aumenta o rendimento em 1,1% ao mês.

Para Santos, da Blue3, o investimento ideal para um investidor mais iniciante seria em um CDB prefixado com rendimentos garantidos. Por outro lado, nos pós-fixados, há CDBs com rendimento de 105% a 107%, do CDI que estão dentro do fundo garantidor.

“O que investidor precisa avaliar são são os três pilares: rentabilidade, liquidez e segurança do ativo”, conclui o assessor.