Quanto rendem os títulos do Tesouro Direto?

Com a ajuda de especialistas, saiba como funcionam os títulos públicos e se eles podem ser uma opção para sua carteira

Desde que a escalada da taxa Selic começou em meados de 2021, o Tesouro Direto passou a ser o alvo de muitos investidores. E ainda que a Selic venha passando por quedas, isso porque, atualmente a taxa está 12,75% ao ano, o investimento segue seguro, rentável e fácil de administrar. Mas afinal, será que é essa porcentagem mesmo que todo título público entrega ao investidor? Afinal, quanto rende o Tesouro Direto?

O que é o Tesouro Direto

Antes de falarmos da rentabilidade, vale saber que para os cálculos apresentados nessa matéria usamos a taxa usada de 9% ao ano, que é a projeção do Boletim Focus para o fim de 2024. Então, os valores são todos aproximados e servem como uma medida para você entender qual seria a média do rendimento em cada um dos ativos financeiros.

Além disso, estar atento às taxas futuras pode ser considerado como uma boa estratégia para médio e longo prazos, que é o mais indicado pelos especialistas quando o assunto são investimentos.

Dito isso, é hora de explicar o que é Tesouro Direto. O Tesouro Direto é um programa do governo de venda de títulos públicos com dois objetivos principais: rolagem de dívidas e controle da inflação.

Quando você adquire um título por meio do site do Tesouro Direto você se torna credor do governo. A taxa de juros que será paga pelo seu título dependerá fundamentalmente da Selic ou do IPCA, ou seja, da inflação.

Afinal, a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa de juros de referência da economia. É ela que determina não só quanto o governo paga pelos títulos públicos, mas também os juros cobrados entre bancos, e por fim, à indústria, comércio e até aos empréstimos pessoais.

Quanto rende o Tesouro Direto?

Existem diversos tipos de títulos públicos e com taxas diferentes umas das outras. Além disso, você precisa se lembrar do pagamento de impostos e das oscilações que ocorrem diariamente devido à chamada marcação a mercado.

Aliás, entre os títulos públicos disponíveis para venda no momento, você encontra opções de títulos pré e pós fixados, no site do Tesouro Direto.

Por exemplo:

Os títulos prefixados com vencimento em 2026, pagam 9,98% ao ano, já para 2029; 10,61%. Mas a taxa Selic não é de 12,75% ao ano? Sim, mas os títulos públicos vendidos sofrem oscilações de acordo com as expectativas de mercado.

Portanto, como no momento, o mercado vê no horizonte uma queda próxima da Selic em função do recuo da inflação, os valores pagos pelos títulos públicos também caem.

Aliás, essa taxa que você paga no momento da compra, só vale se você mantiver o investimento até a data de resgate. Se você resgatar o título antecipadamente, além de taxa de imposto de renda mais elevado, você precisará verificar naquele momento qual valor o mercado está negociando os títulos no momento.

De novo, é a tal da chamada marcação a mercado. Você pode acompanhar no site do Tesouro quanto seus investimentos oscilam todos os dias e avaliar se vale a pena ou não realizar o resgate antecipado.

Imposto de renda no Tesouro Direto

22,5%Investimentos até 180 dias
20%Investimentos entre 181 e 360 dias
17,5%Investimentos entre 361 a 720 dias
15%Investimentos acima de 720 dias
Fonte: Receita Federal

Como escolher o título ideal do Tesouro Direto?

Tudo vai depender do perfil do investidor, seus objetivos e prazos. Quem explica é Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco. Ele diz que se a pessoa tem um perfil mais conservador, o ideal é um título com maior liquidez como é o caso do Tesouro Selic.

“Ele possibilita o resgate em qualquer momento antes do vencimento sem que para isso o investidor tenha algum prejuízo. Além disso, é considerado o título mais conservador e que pode ser usado como reserva de emergência”, diz.

Aliás, segundo ele, já o Tesouro Prefixado é voltado para aqueles com perfil mais arrojado. Nele o investidor compra um título com uma taxa determinada na contratação. E já sabe quanto irá receber no final. 

“É considerado mais arrojado, pois o investidor acaba ficando preso em taxas predefinidas. Além disso, também está sujeito a marcação a mercado, em que as taxas variam todos os dias. Portanto, caso haja resgate antecipado, pode haver também prejuízos. Por isso, esse investidor precisa estar disposto a ver os títulos oscilarem sem tomar atitudes precipitadas que possam resultar em prejuízos”, diz.

De olho no perfil

Walter Fogolin, head de produtos da InvestSmart também diz que a escolha do melhor título do Tesouro depende de cada perfil. Ele lembra que caso o investidor queira ter rendimentos iguais à taxa de juros do país, automaticamente similares ao CDI, e ainda queira um investimento com o menor risco possível, o mais indicado seria a LFT (Letra Financeira do Tesouro, antigo Tesouro Selic), investimento de renda fixa pós-fixado, que acompanha o desempenho da Selic.

“Ela acompanha a taxa de juros básica do país acrescidos por uma porcentagem pequena, por exemplo, SELIC + 0,11%”, diz.

Aliás, segundo ele, caso o investidor acredite que a economia vá passar por momentos de inflação mais agressiva, o mais interessante seriam as NTN-B’s (Notas do Tesouro Nacional – Série B). 

“Esses ativos são atrelados à inflação acrescidos por uma taxa Pré, que varia dependendo dos níveis atuais da taxa de juros, quanto maior estiver a taxa de juros, maior esta taxa Pré vai estar”, afirma.

Quanto rendem R$ 50 mil no Tesouro Direto?

Para uma simulação de um título prefixado com vencimento em 2026, com taxa de 10,90% ao ano, ao fim de três anos, o investidor resgataria:

  • Valor bruto: R$ 63.015,94
  • I.R: – R$ 1.952,39
  • Taxa da B3: – R$ 251,55
  • Valor líquido: R$ 60.788,16

Atenção: atente sempre às projeções do valor líquido, que é o que, no final das contas, entra no seu bolso.

Quanto rendem R$ 100 mil no Tesouro Direto?

Vamos simular agora com um prazo maior, de 10 anos. Caso o investidor opte por um título prefixado com vencimento em 2033.

  • Valor bruto: R$ 283.506,32
  • I.R.: – R$ 26.344,08
  • Taxa da B3: R$ 2.885,31
  • Valor líquido: R$ 237.406,76

Como calcular quanto rende ao mês o Tesouro Direto?

Hoje no site do Tesouro há uma calculadora para fazer simulações de rendimentos para cada tipo de título. Então, vai depender muito do tipo de título a ser comprado. 

O Tesouro Direto é melhor para curto, médio ou longo prazo?

Fábio explica que o Tesouro Direto não possui títulos de prazos muito curtos, mas sim de médio a longo prazos. 

Dessa forma, ele diz que o investidor precisa entender qual o seu perfil e com qual finalidade vai ser usado o dinheiro. “Para médio e longo prazo uma ótima opção é o Tesouro Selic que possui liquidez, baixa volatilidade, oferece proteção da Selic e pode ser usado também como reserva de emergência.

Além disso, segundo ele, é preciso analisar como está o cenário econômico do país e como estão as taxas de juros. “Hoje com juros altos e perspectiva de queda de juros para o próximo semestre, o pré fixado pode ser uma boa alternativa, já que o investidor pode travar o titulo a boas taxas”, afirma.

Aliás, ele lembra que para médio prazo, os títulos indexados ao IPCA também são uma boa alternativa, pois estão pagando uma taxa fixa relevante mais o IPCA, o que acaba protegendo o investidor da inflação e paga mais uma taxa. “Para aposentadoria, esses títulos também costumam ser bem recomendados”, diz.

Investir no Tesouro Direto é melhor do que em CDI?

Não necessariamente. Fábio explica que é importante o investidor pensar em ter uma carteira diversificada. E para isso, pode ter tanto títulos públicos como investimentos atrelados ao CDI como CDBs, que tem a proteção do FGC – Fundo Garantidor de Crédito. 

“É interessante ter uma reserva de emergência com rendimento que segue o CDI para garantir maior segurança do investimento. Aliás, para diversificar a carteira pode investir também em outros títulos do Tesouro como o Tesouro IPCA+, que paga uma taxa de juros fixa, acrescida da variação do IPCA”, afirma.

Além disso, ele diz que esse título é recomendado para aqueles que querem e podem investir no longo prazo. Também é um investimento que aumenta o poder de compra, pois fica acima da inflação. 

“O CDB acaba sendo uma boa opção também para quem quer investir em prazos mais curtos. Já no Tesouro, os títulos possuem prazos médios a longos. Apesar de o Tesouro Direto não possuir a proteção do FGC, os investidores possuem a segurança de investir pelo Tesouro Nacional, do Governo Federal, sendo assim considerados um dos investimentos mais seguros do país”, afirma.

Quanto rendem outros valores?

Colaborou: Daniel Navas e Lívia Venaglia