Saiba o que é a marcação a mercado e como ela mexe com a renda fixa

A correção dos preços dos ativos acontece todos os dias e pode empurrar os preços para cima ou para baixo
Pontos-chave:
  • A alta volatilidade pode até suspender as negociações de títulos públicos
  • O contexto da economia altera o retorno dos seus investimentos

Você, que investe em renda fixa, sabe que existem consequências se decidir sair do investimento antes da data de vencimento. Em alguns casos, como em títulos 100% prefixados, é possível saber exatamente qual será o ganho no resgate, mas a rentabilidade muda quando acontece um resgate antecipado.

Alguns fatores para considerar se vale a pena ou não tirar o dinheiro de uma aplicação antes da hora são: liquidez, tamanho da emergência e a marcação a mercado. É por causa desse último fator que os investidores podem, sim, perder dinheiro com aplicações em renda fixa ou em fundos de investimento. Sabe os títulos do Tesouro Direto? Eles também são afetados pela marcação a mercado. O motivo, explica Felipe Lima, gestor na FL Asset, é evitar distorções e manipulações nos preços dos ativos. Mas vamos nos aprofundar um pouco mais neste assunto.

O que é marcação a mercado 

A marcação a mercado é um ajuste diário nos preços dos ativos. Portanto, marcar a mercado é saber o preço que você receberia, caso vendesse o seu ativo hoje. A estratégia foi determinada em 2002 pela CVM e pode alterar os valores para cima ou para baixo, dependendo do contexto da economia. Esse tipo de correção é mais comum em títulos de renda fixa, apesar de também haver instrumentos marcados na curva, que sobem de preço um pouco a cada dia.

Imagine que você comprou um título do Tesouro Selic 2024. Ele tem uma rentabilidade anual da taxa Selic somada a 0,11%, garantida no fim da aplicação, em 01/07/2024. Porém, você não conseguiu segurar o dinheiro até o vencimento do título e precisa vender antes da hora. Nesse momento, o investidor depende do preço que o mercado está pagando por aquele ativo. 

Agora vamos para o nosso cenário fictício: quando os juros caem, os investidores tendem a procurar a Bolsa de Valores para colocar suas aplicações, com a expectativa inflação menor em 12 meses. Neste contexto, os títulos do Tesouro Direto não devem ser tão procurados e os preços caem.

Portanto, ao pensar em Tesouro Direto e outras aplicações de renda fixa marcadas a mercado, é preciso ficar de olho no cenário econômico. O Tesouro prefixado 2024, por exemplo, se desvalorizou 5,59% de 13 a 29 de outubro, movimento puxado pela alta da taxa de juros que deixou outros títulos que acompanham a Selic mais atrativos.

Como não perder dinheiro 

Sair antes do vencimento de um investimento de renda fixa pode causar prejuízo ao investidor se, no momento da venda, o título valer menos que no momento da compra.

Uma das duas formas de não perder dinheiro com o Tesouro Direto e outras aplicações de renda fixa marcadas a mercado é óbvia: segurar o dinheiro na aplicação até o vencimento. É o único jeito de garantir a rentabilidade prometida no início do investimento. 

A outra opção para o investidor que não quer perder dinheiro com a aplicação no Tesouro Direto também requer paciência. Ele vai precisar esperar a curva de preço virar para que seu investimento saia do vermelho. 

Como acompanhar os preços 

Para saber como estão os preços dos títulos do Tesouro Direto disponíveis no mercado, basta acessar o site oficial dos títulos públicos. A página tem os preços dos ativos, informações sobre vencimentos, investimento mínimo e funcionamento dos títulos. Ainda dá para fazer simulações para determinar o melhor investimento para seu perfil.

Os investidores iniciantes podem ficar assustados se precisarem vender seus títulos após alguma notícia que mexa com o mercado. Isso porque é comum que haja suspensões nas negociações de títulos do Tesouro Direto se há muita volatilidade no mercado. As sessões são suspensas e retornam após os investidores digerirem uma notícia bombástica. “Se tivéssemos um cenário político tranquilo, as suspensões aconteceriam uma vez por semestre, mas, atualmente, temos isso quase todo mês”, explica Felipe Lima, da FL Asset.