Fim da temporada de balanços: veja a análise e os setores com potencial de alta

Lista inclui commodities, siderurgia, petrolífera, agro, bancos, entre outras áreas
Pontos-chave:
  • O destaque da temporada ficou com o setor doméstico
  • O ponto baixo foi o aumento dos custos no setor de siderurgia e mineração

Com o fim da temporada de resultados do segundo trimestre, os analistas do Itaú BBA chegaram a algumas conclusões. Para eles, as commodities não trouxeram muita emoção, reforçando a rotação recente das últimas semanas, além de refletir um cenário incerto para a atividade econômica global e a dinâmica dos preços.

O ponto baixo foi o aumento dos custos no setor de siderurgia e mineração, enquanto as petrolíferas entregaram bons resultados, mais uma vez, com enormes dividendos na Petrobras.

Os grandes bancos tiveram uma queda na qualidade de crédito, mas um aumento da receita líquida de juros.

O Banco do Brasil se destacou com os melhores resultados. Para as financeiras não bancárias, os bons números vieram da Cielo (CIEL3) e de BB Seguridade (BBSE3), levando a revisões para cima em nossas estimativas.

Destaque da temporada de balanços

Já o destaque da temporada ficou com o setor doméstico, com os investidores buscando um ponto de inflexão nos resultados dessas empresas, bem como um melhor entendimento da dinâmica operacional à frente, já que o impacto das altas taxas de juros provavelmente começarão a atingir a economia.

Varejistas de alimentos e de vestuário, empresas locais de alimentos e shoppings apresentaram um forte conjunto de resultados neste trimestre, enquanto construtoras de baixa renda e algumas empresas de saúde mostraram os primeiros sinais de melhora para os próximos trimestres.

Veja abaixo a avaliação do Itaú BBA por setor:

Petróleo e gás: bons resultados

Os produtores de petróleo apresentaram bons resultados no trimestre, beneficiados pelo aumento dos preços do petróleo.

A Petrobras (PETR4) foi o principal destaque, com dividendos maciços, novamente, chamando a atenção. O resultado operacional (Ebitda) consolidado ajustado superou nossas estimativas em 6%, com sólidas contribuições dos segmentos de upstream (produção e exploração de petróleo) e refino.

A geração de fluxo de caixa voltou a ser forte e permitiu dividendos acima do esperado, com yield de 21% no trimestre, acima da nossa estimativa de 15%.

As empresas “juniors” também foram beneficiadas pelos preços mais altos do petróleo e pelo aumento geral da produção no trimestre, em linha com nossas estimativas. No entanto, a casa sinaliza que as despesas de hedge para o petróleo compensaram parcialmente os resultados da 3R e da PetroReconcavo.

No segmento de distribuição de combustíveis, a redução líquida da Ipiranga de 121 na comparação trimestral chamou nossa atenção pelo lado negativo, enquanto a Raízen (RAIZ4) teve adições líquidas de 33 no Brasil, na mesma base de comparação.

Melhores resultados: Petrobras (PETR4)

Piores resultados: OceanPact (OPCT3)

Siderurgia e mineração: setor sofreu com preços baixos

No geral, esta temporada de resultados foi fraca para a maioria das empresas de siderurgia e mineração. Custos mais altos foram um ponto comum de preocupação nos números das companhias, enquanto os investidores permanecem céticos quanto à dinâmica dos preços à frente.

Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) não atingiram nossas estimativas de Ebitda e, embora a CSN tenha correspondido à nossa expectativa, a alavancagem (nível de endividamento) ficou acima da meta da empresa.

Os resultados do segmento de minério de ferro sofreram com os menores preços realizados, enquanto os volumes aumentaram, em comparação com a fraca base de comparação do primeiro trimestre.

As divisões de siderurgia se beneficiaram de melhores preços, mas a dinâmica de volume foi diferente
entre as empresas, com a Usiminas aproveitando o aumento nos volumes domésticos mais do que compensando as exportações fracas, enquanto a CSN apresentou queda tanto no mercado interno quanto nas exportações.

A Gerdau (GGBR4) mais uma vez se beneficiou da boa dinâmica em sua divisão América do Norte, com melhora no Ebitda e margens trimestrais ainda em níveis recordes, embora tenhamos visto surpresas positivas nas divisões América do Sul e aços especiais.

Já a CBA (CBAV3) apresentou os melhores resultados em nossa cobertura, com preços e prêmios de alumínio elevados, mais do que compensando volumes mais baixos, que, aliados a um aumento de custo abaixo do esperado, elevaram o Ebitda e as margens acima da nossa expectativa.

Melhores resultados: CBA (CBAV3)

Piores resultados: Vale (VALE3)

Papel e celulose

Os resultados de Klabin (KLBN4) e Suzano (SUZB3) apresentaram números em linha as estimativas, marcados por fortes preços e volumes de celulose no trimestre.

A geração de fluxo de caixa livre continua sendo afetada pelo capex (investimentos) para ambas empresas, mas a alavancagem (endividamento) em dólares ficou estável para a Klabin, em 2,7 vezes, e caiu para a Suzano, para 2,4 vezes.

Acreditamos que as discussões devem continuar focadas na dinâmica de preços à frente, pois esperamos que os resultados do terceiro trimestre sejam beneficiados pelos recentes aumentos de preços, bem como pela alocação de capital – o setor divergiu de outras empresas de commodities
nesse assunto, com uma alocação para investimentos em capacidade.

A Suzano anunciou um novo programa de recompra no trimestre, relativamente pequeno (20 milhões de ações), mas alinhado à nossa percepção de uma avaliação atrativa em relação à média histórica.

Melhor resultado: Suzano (SUZB3)

Pior resultado: Klabin (KLBN4)

Agronegócio

Nas empresas de açúcar e etanol, a Raízen (RAIZ4) apresentou os melhores resultados, beneficiando-se de maiores volumes e de preços de açúcar e de etanol mais elevados na comparação trimestral, juntamente com a superação do Ebitda na divisão de marketing & serviços.

Para a São Martinho (SMTO3), os maiores volumes e preços de etanol mais do que compensaram a queda esperada nos volumes de açúcar, devido ao atraso no início da safra por causa de problemas climáticos.

Em relação às empresas de logística do agronegócio, a Hidrovias apresentou bons resultados, com melhores volumes no Corredor Sul e Norte, enquanto a Rumo divulgou resultados em linha, incluindo um Ebitda estável em relação ao ano anterior, com volumes fortes e um aumento modesto nas tarifas na Operação Norte compensando resultados mais fracos na Operação Sul.

O que esperar para o segundo semestre

Avaliamos que o segundo semestre provavelmente trará uma melhor dinâmica para ambas as empresas, principalmente para a Rumo, na qual esperamos que registre volumes recordes e crescimento real de tarifas até o terceiro trimestre.

Por fim, nos produtores agrícolas, a SLC Agrícola (SLCE3) apresentou resultados em linha com as estimativas, mas uma revisão para baixo no guidance (projeção) de produtividade para algodão e milho deu o tom negativo para o trimestre.

Os analistas consideraram que a empresa fez avanços importantes em suas hedge para a safra 2022/23. Além disso, revisou para baixo os custos unitários, dada a menor produtividade esperada.

Juntos, esses dois efeitos devem ajudar a empresa a cumprir sua meta de Ebitda ajustado de cerca de R$ 3 bilhões em 2022. Mantemos nossa visão positiva em relação às ações.

Melhor resultado: Raízen (RAIZ4)

Pior resultado: São Martinho (SMTO3)

Bancos

Os resultados para grandes bancos nesta temporada foram mistos, com leituras diferentes para os três nomes que cobrimos. A deterioração do crédito era um ponto comum esperado, mas em magnitudes diferentes.

O Banco do Brasil (BBAS3) superou as estimativas dos analistas, com a inadimplência subindo apenas 0,10 ponto porcentual, juntamente com uma revisão de projeção para cima.

Já os resultados do Bradesco (BBDC4) ficaram estáveis, enquanto o Santander (SANB4) apresentou os piores resultados, com aumento de 25% nas despesas de provisão.

O BTG (BPAC11) mais uma vez superou nossas estimativas, desta vez, com qualidade superior ao primeiro trimestre, com números fortes em todas as divisões. Os principais destaques foram vendas e negociação, com outro conjunto de receitas fortes, e gestão de ativos, com receitas acima do esperado. Wealth management (gestão de patrimônio), IB (banco de investimento) e corporate lending (empréstimos corporativos) também contribuíram para o resultado consolidado, implicando um ROE (retorno sobre o patrimônio) próximo de 21,5% no primeiro semestre.

Bancos menores ganham em prestação de serviço

Entre os nomes menores, o Banco ABC (ABCB4) se destacou positivamente, superando nossas estimativas principalmente devido às receitas de prestação de serviços, aliadas a boas tendências para diversas unidades de negócios e boa qualidade de crédito.

Do lado negativo, embora o Nubank (NUBR33) tenha apresentado receitas e resultados melhores do que o previsto, a maior parte do crescimento de sua exposição ao crédito veio de cartões de crédito, levando a um mix mais arriscado que, aliado a um cenário de taxas de juros elevadas, pode pressionar qualidade de crédito daqui para frente.

Melhores resultados: Banco do Brasil (BBAS3), BTG (BPAC11) e ABC (ABCB4)

Piores resultados: Santander (SANB4) e Nubank (NUBR33)

Financeiras: foco nas seguradoras

A Cielo (CIEL3) roubou a cena no segmento de finanças, entregando um lucro 26% acima de nossa estimativa. Os destaques foram um forte desempenho de receita e o bom controle de custos, levando a uma maior rentabilidade e potencial recuperação de market share (participação).

Os números também motivaram uma revisão para cima do modelo do time de finanças do Itaú BBA, reforçando a empresa como a melhor escolha no espaço de pagamentos.

No setor de seguros, houve um bom conjunto de resultados, com destaque para a BB Seguridade. A empresa apresentou números fortes, com melhora tanto em base trimestral quanto na anual, também superando nossas estimativas.

O segmento rural foi destaque, com prêmios subindo 42% em um ano, contribuindo para um crescimento de 23% no total de prêmios emitidos.

Sinistros mais baixos também impulsionaram os resultados operacionais, o que levou a administração atualizar sua projeção para o resultado do ano. Nosso time de finanças também atualizou seus modelos de acordo com os resultados deste trimestre.

Já a B3 (B3SA3) apresentou resultados fracos, mas em linha com nossas estimativas, com a receita sofrendo com o menor desempenho do caixa, enquanto as despesas operacionais aumentaram e continuaram pressionando as margens (rentabilidade).

A Méliuz (CASH3) também sofreu com maiores despesas que, aliadas a um cenário adverso de desaceleração do e-commerce, levaram a um prejuízo líquido pior do que o previsto no trimestre.

Melhores resultados: Cielo (CIEL3) e BB Seguridade (BBSE3)

Pior resultado: Méliuz (CASH3)

Bens de consumo e varejo registram crescimento nas vendas

Dentro da nossa cobertura de varejo alimentar, as empresas apresentaram bons resultados no trimestre, com crescimento das vendas mesmas lojas (SSS – volume de vendas nas lojas abertas há um ano ou mais) acima do esperado e rentabilidade saudável (o GPA é uma exceção), com destaque para as divisões de Cash&Carry (atacarejo).

Os melhores resultados foram entregues pelo Grupo Mateus (GMAT3), que apresentou forte dinâmica de receita, impulsionada pela aceleração do plano de expansão e produtividade acima do esperado, além da diluição de despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A, na sigla em inglês) levando a uma superação da na estimativa de margem Ebitda (margem operacional).

No segmento de farmácias, as empresas se beneficiaram do reajuste regulatório de preços.

Panvel (PNVL3) e RD se destacaram com a expansão das margens brutas, aliada a fortes números de receita. Segundo os analistas, a Panvel apresentou os melhores resultados, apresentando o maior crescimento de SSS e receita do setor, impulsionada pela aceleração de seu plano de expansão e sólido crescimento das vendas digitais.

Já a PagueMenos (PGMN3) foi a exceçção entre as empresas, apresentando números fracos em uma base relativa, apesar dos ventos favoráveis do setor.

Mercado Livre lidera o e-commerce

O Mercado Livre (MELI34) mais uma vez liderou o espaço dentro do e-commerce, em uma temporada de ganhos nada surpreendente para as outras empresas listadas. A companhia apresentou números mais fortes do que o previsto, liderados pela lucratividade, que superou nossas estimativas (construtivas e acima do consenso) em 18% para o Ebit e 1,4 ponto porcentual na margem Ebit.

A precificação da operação de crédito foi outro ponto positivo em um ambiente de inadimplência crescente. Esperamos que a empresa continue a superar seus pares locais.

Analistas destacam as empresas de moda e beleza

Olhando para as empresas de moda/beleza, os analistas observaram uma boa dinâmica para as companhias de vestuário, principalmente aquelas com exposição à população de alta renda: Arezzo e Soma.

Ambas as empresas publicaram resultados de alta qualidade, com forte impulso de vendas e rentabilidade acima do esperado.

Lojas Renner ( LREN3) e Guararapes (GUAR3) também tiveram bom desempenho em suas divisões de varejo, beneficiadas pela reabertura da economia e início do inverno, mas a qualidade do crédito em suas divisões financeiras foi um ponto comum de preocupação, levando a rentabilidade para baixo devido aos níveis mais elevados de provisão.

Do lado negativo, a Natura (NTCO3) apresentou resultados muito fracos, mas um pouco melhores do que era esperado, dado o desempenho da Natura &Co América Latina, enquanto a The Body Shop registrou pressão na lucratividade e Ebitda abaixo do esperado.

A Espaçolaser (ESPA3) também se classificou entre os piores resultados da cobertura, com números abaixo do esperado, devido a uma combinação de cenário desafiador para a demanda, margens apertadas na abertura de lojas, aumento da atividade promocional e SG&A mais pesado.

Melhores resultados: Grupo Mateus (GMAT3), Panvel (PNVL3), Mercado Livre (MELI34) e Arezzo (ARZZ3)

Piores resultado: Natura (NTCO3) e Espaçolaser (ESPA3)

Alimentos e bebidas: queda de margens no exterior

Para as empresas de proteína, o segundo trimestre marcou tanto a queda nas margens das divisões de carne bovina dos EUA, com menor disponibilidade de gado na região elevando os custos, quanto surpresas positivas nas operações brasileiras de carne bovina, pois maiores volumes e preços beneficiaram a maioria das empresas com exposição para a região.

A Marfrig (MRFG3) foi a mais atingida na operação de carne bovina dos EUA, mas as operações na América do Sul impulsionaram o Ebitda acima da nossa estimativa.

A Minerva também superou nossas estimativas e está a caminho de entregar resultados sólidos para o restante do ano, beneficiando-se da melhor dinâmica do mercado de gado local.

As divisões de aves também foram positivas no trimestre, uma vez que o portfólio diversificado da JBS (JBSS3) se beneficiou do forte desempenho da Seara e da Pilgrim’s Pride Corporation (PPC), aliviando o impacto das margens mais baixas da carne bovina nos EUA.

Enquanto isso, a BRF (BRFS3) entregou fortes exportações de aves, impulsionadas pelas divisões Halal e exportação direta, mais do que compensando o desempenho mais fraco na Ásia, enquanto a operação brasileira ainda está se recuperando de ajustes na cadeia de suprimentos que prejudicaram os resultados do primeiro trimestre.

Para outras empresas de alimentos em nossa cobertura, a M.Dias Branco (MDIA3) roubou a cena com uma forte estratégia de preços, superando a inflação de custos e mais do que compensando volumes menores, entregando surpresas positivas no Ebitda e margens.

A Camil (CAML3) também apresentou bons resultados, com aumentos de preços e volumes resilientes para arroz e contribuições de aumento de margem de novos negócios (café e massas).

Para a Ambev (ABEV3), os volumes sólidos no Brasil Cerveja foram o destaque. Além disso, os resultados consolidados também foram favorecidos pelos preços mais altos na América do Sul, embora a rentabilidade continue pressionada pelos altos preços das commodities.

Melhores resultados: M.Dias Branco (MDIA3) e Minerva (BEEF3)

Piores resultados: nenhum

Shoppings: há espaço para crescimento

No geral, o setor teve uma boa temporada de resultados, pois as empresas conseguiram aumentar a arrecadação de aluguéis após o bom desempenho das vendas dos lojistas em relação aos níveis de 2019, enquanto as taxas de ocupação permanecem saudáveis e os custos de ocupação sob controle.

As empresas com mais portfólios premium foram capazes de entregar os melhores resultados, pois tiveram um crescimento de vendas superior, aliado a um maior poder de barganha, traduzido em aluguéis mais altos.

A Iguatemi (IGTI3) lidera a lista dos analistas do Itaú BBA, pois também conseguiu reduzir os descontos no trimestre, aumentando ainda mais a arrecadação de aluguéis.

Em uma base relativa, a BRMalls (BRML3) apresentou os piores resultados, já que suas vendas e aluguel de lojistas ficaram abaixo em relação a outros pares listados, o Ebitda cresceu menos que o esperado e as despesas gerais e administrativas ficaram acima do estimado, apesar da reversão de provisões.

Olhando para frente, as vendas devem continuar crescendo, pois os dados operacionais preliminares de julho divulgados pelas empresas apontam para patamares semelhantes aos do segundo trimestre.

Apesar disso, vemos menos espaço para um aumento acima da inflação nos aluguéis, já que a maioria das empresas diminuiu a diferença para o IGP-M nos últimos trimestres.

Melhores resultados: Iguatemi (IGTI3)

Piores resultados: BR Malls (BRML3)

Setor de saúde com tendência de melhora

Após um início de ano desafiador, os resultados do Hapvida (HAPV3) apresentaram tendências muito melhores no segundo trimestre, superando o desempenho de outras operadoras de planos de saúde e se beneficiando de sua estrutura verticalmente integrada, se destacando como um dos melhores resultados em nossa cobertura.

As adições líquidas foram mais fortes do que o esperado, as sinergias de receita foram capturadas e o índice de sinistralidade (MLR) caiu.

Mesmo considerando a sazonalidade do segundo trimestre, houve recuperação de procedimentos eletivos e reajustes de preços.

Por outro lado, a Qualicorp (QUAL3) apresentou um dos piores resultados desta temporada, pois apresentou números suaves, com receita líquida e Ebitda contraindo em base trimestral aliados a uma surpresa negativa na base de beneficiários, com perda líquida de 21 mil vidas, enquanto esperávamos adições líquidas de 8 mil.

As margens melhoraram, com redução de custos e despesas.

Hospitais registram bom desempenho

No segmento de hospitais, houve um bom desempenho de volume, impulsionado pelo retorno de procedimentos eletivos, enquanto os tickets médios (preço) variaram de aumentos estáveis a moderados.

A Rede D’Or (RDOR3) apresentou um sólido aumento nas taxas de ocupação no trimestre, enquanto a Mater Dei teve esse número afetado negativamente pela nova operação em Salvador.

Na frente de rentabilidade, a diluição de custos desempenhou um papel fundamental para Rede D’Or e Mater Dei, enquanto as margens da Kora foram afetadas pela incorporação de fusões e aquisições.

Na área de diagnósticos, Hermes Pardini chamou a atenção dos analistas pelo lado negativo, com uma receita estável em relação ao ano anterior aliado a uma rentabilidade pressionada.

A dinâmica da receita foi resultado de volumes recordes com tíquetes médios sequencialmente mais baixos, afetados principalmente por uma menor participação de testes de covid-19.

A Hypera (HYPE3) apresentando resultados fortes, com números de receita acima do esperado, impulsionados por um crescimento de vendas acima do setor de 25%, resultando em ganhos de participação de mercado e desempenho brilhante no mercado institucional.

A rentabilidade manteve-se em níveis saudáveis, sustentada pela diluição das despesas de vendas, gerais e administrativas e marketing.

Melhores resultados: Hapvida (HAPV3) e Hypera (HYPE3)

Piores resultados: Hermes Pardini (PARD3) e Qualicorp (QUAL3)

Construtoras: baixa renda X alta rendda

As construtoras voltadas à população de média renda apresentaram resultados pouco animadores no trimestre, com a compressão da margem bruta sendo um ponto comum entre as empresas.

As companhias ainda relataram algumas derrapagens orçamentárias, apesar da redução nos preços das matérias-primas.

Em uma base relativa, a Eztec (EZTC3) apresentou resultados amenos, seguindo desaceleração do faturamento e margens pressionadas.

Por outro lado, as empresas de baixa renda conseguiram sustentar a margem bruta, enquanto o faturamento foi apoiado por um volume saudável de lançamentos e vendas no trimestre.

Os impactos dos recentes reajustes no programa Casa Verde e Amarela devem ocorrer durante o segundo semestre, marcando um potencial ponto de inflexão para o setor.

A Direcional (DIRR3) e a Cury (CURY3) apresentaram os melhores resultados entre as construtoras, com faturamento recorde e mantendo margens em níveis saudáveis, indicando uma tendência positiva para os próximos trimestres.

Melhores resultados: Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3)

Pior resultado: Eztec (EZTC3)

Educação tem trimestre monótono

Normalmente, o segundo trimestre tende a ser monótono para as empresas de educação, pois os ciclos de admissão geralmente acontecem no primeiro e terceiro trimestres.

Ainda assim, vimos tendências positivas nos tickets médios para empresas focadas em qualidade, enquanto a dinâmica de lucratividade divergiu entre elas. Olhando cada uma, apontamos que Cogna relatou resultados mistos.

O desempenho de receita da Kroton foi suave em uma base de alunos menor, enquanto as margens foram uma surpresa positiva.

A Vasta, mais uma vez, reportou um bom faturamento e margens saudáveis, o que ajudou a compensar o desempenho mais fraco da Kroton.

A Ânima (ANIM3) apresentou resultados positivos, uma vez que o crescimento da receita foi impulsionado pela melhor dinâmica de tickets, principalmente devido ao reposicionamento de preços nas unidades em integração. A maior diluição de custos e despesas levou a uma boa rentabilidade.

Já a Cruzeiro do Sul (CSED3) apresentou resultados sequencialmente resilientes, apoiados por um sólido desempenho de receita, margens saudáveis e geração de caixa.

As receitas foram impactadas positivamente pelo crescimento da base de alunos que superou as taxas de evasão, tanto presencial quanto à distância, aliado ao aumento do ticket médio.

O aumento da participação dos cursos de medicina na receita presencial também nos chamou a atenção pelo lado positivo.

Como um ponto baixo, a Yduqs (YDUQ3) apresentou uma combinação de receita líquida em declínio, afetada pela dinâmica suave do ticket médio, e custos crescentes, levando a lucratividade para baixo em relação ao ano anterior e abaixo de nossas estimativas.

O segmento presencial pressionou o Ebitda, ofuscando as tendências positivas dos cursos premium.

Melhores resultados: Ânima (ANIM3) e Cruzeiro do Sul (CSED3)

Pior resultado: Yduqs (YDUQ3)

Setor de bens de capital

As empresas de bens de capital apresentaram um conjunto de resultados pouco animadores no trimestre, ainda afetados pela inflação de preços de matérias-primas e pelo cenário macro desafiador, informam os analistas.

A Fras-le (FRAS3) apresentou números sólidos no trimestre, posicionando-se como uma das melhores da cobertura, com bom desempenho de vendas tanto no mercado interno quanto no externo, ao mesmo tempo em que reafirmou seu guidance (projeção) para o ano.

Apesar disso, os resultados consolidados da Randon (RAPT4) vieram mais fracos do que esperávamos, com as divisões de autopeças (ex-Fras-le) e reboques sofrendo desaceleração da demanda e margens pressionadas.

Em nota à parte, a Tupy (TUPY3) também apresentou bons resultados no trimestre, apesar do cenário desafiador na cadeia de suprimentos da indústria automobilística, marcada por margens sólidas e melhora do retorno sobre capital investido (Roic).

Melhores resultados: Fras Le (FRAS3) e Tupy (TUPY3)

Pior resultado: Randon (RAPT4)

Transporte e logística: melhores tendências para veículos pesados

Para as locadoras, as melhores tendências são para os veículos pesados, com a VAMOS (VAMO3) entregando os melhores resultados.

A empresa mais uma vez apresentou bons números, com melhora sequencial na receita, Ebtida e lucro líquido, juntamente com novos retornos de 2,7% e o anúncio de um sólido capex (investimentos) contratado, implicando em potencial de aumento para o guidance (projeção) da empresa para o ano fiscal de 2022.

No segmento de veículos leves, a Movida (MOVI3) ficou aquém das nossas expectativas em seminovos, enquanto o segmento de aluguel de carros (RAC) e de terceirização de frotas (GTF) foram positivos no trimestre.

A temporada do segundo trimestre para as companhias aéreas também foi positiva, com as empresas surpreendendo nossas estimativas em relação ao Ebitda e margem Ebitda (rentabilidade operacional), apesar do aumento dos preços dos combustíveis no trimestre.

A Azul (AZUL4) apresentou os melhores resultados, com geração de caixa próximo a R$ 800 milhões diante de boas vendas de passagens, enquanto a Embraer também nos surpreendeu positivamente, apesar dos fracos números de entrega, pois as margens e a geração de fluxo de caixa vieram acima do esperado.

No espaço logístico, as empresas entregaram bons resultados, com destaque para a Santos Brasil.

Melhores resultados: VAMOS (VAMO3) e Santos Brasil (STBP3)

Pior resultado: Movida (MOVI3)

Energia: distribuidoras com melhores perspectivas

Dentro do setor de energia elétrica, os analistas do Itaú BBA resultados melhores no segmento distribuição, uma vez que as empresas continuam sendo afetadas positivamente pelo IGP-M, impulsionando o crescimento do Ebitda em base anual, bem como números sólidos em termos de volumes de energia.

Apesar disso, vimos algumas distribuidoras sendo pressionadas por maiores despesas controláveis e, em
alguns casos, por provisões extraordinárias relacionadas à devolução dos créditos de PIS/Cofins aos consumidores.

Na frente de geração, vimos resultados mais fracos. Embora estejamos enfrentando um cenário hidrológico muito melhor em relação a 2021, dada a ampla pluviosidade, algumas empresas ainda estão sendo afetadas negativamente pelos altos custos da energia comprada, como consequência das estratégias de comercialização adotadas no ano passado.

Em relação aos ativos eólicos, também vimos números muito mais fracos, pois a geração eólica efetiva foi impactada pelas chuvas mais fortes no trimestre.

Além disso, a geração térmica também foi afetada pela melhora significativa na hidrologia, levando a níveis muito baixos de despachos.

Olhando para as empresas integradas, os principais destaques positivos foram Neoenergia (NEOE3), CPFL e Energisa.

Essas empresas se beneficiaram principalmente do descasamento inflacionário (IGP-M x IPCA), mencionado acima, e da entrada em operação de alguns ativos.

Lucro da Neoenergia e da CPFL

Tanto a Neoenergia (NEOE3) quanto a CPFL (CPFE3) tiveram um crescimento de Ebitda muito forte em um ano, acima de 30% em termos recorrentes.

Para a Energisa (ENGI11), os números ficaram acima das nossas expectativas e tivemos um controle de custos muito sólido, bem abaixo da inflação, ao contrário de seus principais pares.

O principal destaque negativo entre as empresas integradas/distribuidoras foi novamente a Light.

Apesar do forte crescimento de Ebitda em um ano, a empresa continuou a queimar caixa (R$ 560 milhões no trimestre), dado o impacto muito negativo das altas despesas financeiras líquidas.

Por fim, olhando para as empresas de geração, a AES Brasil (AESB3) foi o destaque negativo, impactado tanto em suas divisões hídrica quanto eólica.

O Ebitda recorrente da empresa ficou 9% abaixo da nossa estimativa e caiu ano a ano. Por outro lado, Auren (AURE3) foi uma exceção e se destacou como o melhor resultado entre seus pares.

Apresentou geração eólica melhor do que o esperado e sólido crescimento de Ebitda, com avanço de 40% em base anual.

Melhores resultados: CPFL (CPFE3), Neoenergia (NEOE3), Energisa (ENGI11) e Auren (AURE3)

Piores resultados: Light (LIGT3) e AES Brasil (AESB3)