Duelo IF: Usiminas e Gerdau são boas empresas, mas em qual investir?

Analistas gostam de ambas, mas há uma favorita
Pontos-chave:
  • 18% das vendas da Usiminas no primeiro semestre foram para empresas fora do Brasil
  • O maior risco para as ações da Gerdau é a perspectiva de recessão nos Estados Unidos

O minério de ferro é um dos motores da Bolsa brasileira, que é fortemente influenciada pelas commodities.

Empresas ligadas à siderurgia e mineração são importantes para o Ibovespa e a economia brasileira, como um todo.

Mas ao investir no setor, qual ação escolher? A Inteligência Financeira ouviu analistas para ajudar quem está em dúvida entre Usiminas e Gerdau. 

As duas gigantes são do ramo de siderurgia (com um pezinho em mineração) e produzem aço, mas há diferentes importantes entre elas.

Esta edição do Duelo IF te mostra as forças e vulnerabilidades de cada uma e te ajuda a tomar a melhor decisão para o seu bolso.

Quem leva a melhor entre Usiminas e Gerdau?

Usiminas (USIM5)

A empresa mineira vende chapas de aço, usadas principalmente pela indústria automobilística e de eletrodoméstico, produtos para a construção civil também compõem o portfólio, mas não são a especialidade da casa.

Quem compra da Unisminas?

Os maiores clientes da Usiminas são as montadoras de veículos. Ganhos de mineração e siderurgia, regulação de criptomoedas no Brasil, PIB dos EUA. No primeiro semestre de 2022, 37% das vendas da empresa para o mercado interno foram para o setor automotivo. 

Usiminas tem diversidade de portfólio, mas não de região

Essa diversidade de portfólio é um diferencial da Usiminas – inclusive na comparação com a Gerdau.

Por outro lado, as vendas da companhia se concentram no Brasil e outro tipo de diversidade, a geográfica, não é seu ponto forte.

Apenas 18% das vendas da unidade de siderurgia da Usiminas no primeiro semestre desse ano foram feitas para empresas de fora do Brasil, com Argentina e Europa entre os principais mercados. 

Além da siderurgia, parte da receita da empresa vem da mineração. No último trimestre, 13,5% da receita líquida da Usiminas veio das minas de ferro.

“Foi uma boa decisão, já que as altas do minério de ferro poderiam atrapalhar o resultado da companhia se ela não tivesse esse controle”, explica Flávio Conde, analista de ações da Levante Investimentos. “Além disso, a Usiminas ficaria dependente da Vale”, completa. 

No segundo trimestre, a Usiminas reportou lucro líquido de R$ 1,06 bilhão, o que representa um recuo de 77% na comparação com o mesmo período no ano passado. O resultado não agradou analistas, mas a desaceleração já era esperada. 

O que preocupa a Usiminas

A principal preocupação de quem acompanha a Usiminas é a desaceleração da economia brasileira. Isso porque a empresa está na cadeia de suprimentos de carros, geladeiras e fornos residenciais e uma desaceleração da economia significa menos consumo e menos vendas para a companhia. 

Além disso, há receios sobre a força da indústria automotiva, principal cliente da Usiminas. Desde o início da pandemia de Covid-19, o setor sofre com a falta de componentes para a fabricação dos carros e resultados de fabricantes de semicondutores como Nvidia e Micron deixaram o setor de tecnologia preocupado novamente. 

“O setor automobilístico ainda fica um pouco de lado em 2022 e no ano que vem por causa dos preços dos componentes, que ficaram muito caros, então a demanda por carros diminui”, explica Conde. 

Ainda considerando a alta taxa básica de juros, que coloca um freio no consumo, especialistas esperam resultados fracos da Usiminas no próximo trimestre. Porém, é preciso considerar que ações ligadas a commodities são cíclicas.

Logo, movimentos de desaceleração não são inesperados e o que o investidor deve considerar é a resiliência da empresa em momentos mais desafiadores. 

Gerdau (GGBR4)

Do outro lado do ringue, a Gerdau é destaque na venda de vergalhões e telas de aço para a construção civil. Ao contrário da Usiminas, a diversificação geográfica é um dos pontos fortes da Gerdau, já que a empresa exporta para Estados Unidos, Canadá, Argentina, Peru e Uruguai. 

A maior parte (40%) da receita líquida da Gerdau vem de sua operação no Brasil, mas as vendas para a América do Norte não ficam muito atrás, com 36,2% de participação.

Essa diversificação é importante porque a Gerdau consegue margens melhores no norte do continente. Nos EUA e Canadá, a margem Ebtida é foi de 41,8% entre o segundo trimestre de 2021 e 2T22. No Brasil, o indicador foi de 33,7%. 

“A diversificação geográfica é um dos pontos fortes da Gerdau. Se o Brasil está indo bem e há recessão nos Estados Unidos, pode haver uma compensação”, afirma João Daronco, analista da Suno Research. 

Resultado financeiro da Gerdau foi comemorado

Em contraste com a Usiminas, a Gerdau apresentou resultados muito comemorados pelo mercado no segundo trimestre.

O lucro líquido da companhia foi de R$ 4,29 bilhões no período, uma alta de 9,25% na comparação anual.

As receitas entre abril e junho somaram R$ 22,9 bilhões, incremento de 20% sobre o mesmo período de 2021.

Recessão nos EUA é ponto de atenção para a Gerdau

O maior risco para as ações da Gerdau em 2022 é a perspectiva de recessão nos Estados Unidos, mercado importante para a empresa e que oferece boas margens de lucro.

Ainda que os papéis da empresa apresentem queda no ano com investidores já precificando queda da economia norte-americana, as ações podem sofrer ainda mais com esse fator. 

“Empresas voltadas à construção civil sofrem bastante com a perspectiva de recessão, já que nesse cenário não faz sentido aumentar investimento produtivo”, afirma Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos. 

Usiminas ou Gerdau: em qual investir? 

Para os analistas ouvidos pela Inteligência Financeira, as duas ações estão baratas.

No fechamento de terça-feira (16), as ações da Gerdau (GGBR4) valiam R$ 24,13 após uma queda de 11,40% no acumulado de 2022. Já os papéis da Usiminas (USIM5) valiam R$ 9,19 e acumulavam queda de 40,1% no ano. 

“A Usiminas tem sido mais punida do que deveria, considerando que é uma empresa com margens muito saudáveis. Para investidores de longo prazo, de valor e aqueles que já têm a ação, faz sentido segurar na carteira”, diz Crespi.

Porém, mesmo com as ações da Usiminas baratas, os analistas preferem os papéis da Gerdau.

Para Crespi, esta “é uma escolha mais segura”, já Flávio Conde afirma que a Gerdau “é um grupo melhor posicionado estrategicamente” e que investidores podem comprar a ação pensando no longo prazo.

Porém, o analista da Levante Investimentos ainda indica que a Usiminas pode ser uma boa opção para o curto prazo por causa do desconto em suas ações.