Por que a renda fixa voltou a ser a queridinha dos investimentos?
Por que a renda fixa voltou a ser a queridinha dos investimentos?
O cenário econômico mudou e a reviravolta chegou rapidamente ao mundo dos investimentos. Conheça os ativos para você investir, mas saiba que eles também oferecem algum risco
Previsibilidade nunca foi o forte da economia brasileira. Vamos pegar o exemplo da renda fixa. Ela vinha sendo o patinho feio dos investimentos, quando começamos 2021 com a Selic em 2%. Poucos meses depois, com o aumento dos juros básicos, essa classe de ativos virou o jogo e agora os planejadores de investimento e até os gestores voltaram a coloca-la na mira. Afinal, por que arriscar na renda variável, se a fixa voltou a ser um abraço quentinho para as carteiras de investimento? Não que até então os gestores estivessem ignorando essa categoria. Mas ela estava de lado.
Em qual ativo da renda fixa investir?
Mas não é hora de atirar para todo lado. O que você precisa fazer é, mesmo em se tratando de renda fixa, analisar o que o mercado financeiro te oferece e escolher os produtos que mais têm a ver com seu perfil, seus sonhos, sua pressa e até mesmo quais são os riscos do papel. E aí você encontra uma gama de produtos financeiros, como Tesouro Direto, CDB, LCI, LCA, debêntures, fundos de renda fixa. O pulo do gato é diversificar, ainda que com títulos de uma mesma classe de ativos.
Porque, sim, renda fixa tem risco. Não como os da variável, obviamente. “Alguns títulos de renda fixa pagam taxas melhores, porém eles têm risco envolvido, como as debêntures, os fundos de crédito privados”, afirma o economista Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos, como você pode ver na entrevista abaixo:
Renda fixa não é sinônimo de lucro constante
Aliás, Martin Iglesias, professor e especialista líder em investimentos e alocação de ativos do Itaú Unibanco, reforça a questão dos riscos dessa classe de ativos com uma frase impactante: “O nome ‘renda fixa’ não é uma promessa de rentabilidade constante”, afirma. Um exemplo são os ETF de renda fixa, que funcionam como um fundo de investimento, no qual os investidores compram cotas e as decisões de alocação dos recursos ficam por conta de um gestor. Nesse caso, o investimento é feito em ativos de renda fixa e segue índices como o IPCA (índice da inflação) ou o IMA (Índice de Mercado Anbima).
Ainda no universo da renda fixa, você precisa conhecer uma ferramenta muito importante chamada marcação a mercado. Ela nada mais é do que um ajuste diário nos preços dos ativos. É pela marcação a mercado que você sabe o preço que você receberia, caso vendesse o seu ativo hoje. Ela surgiu 2002 e foi criada pela CVM, e pode alterar os valores para cima ou para baixo. Esse tipo de correção é mais comum em títulos de renda fixa.
Agora, cuidado. Com a alta dos juros, a caderneta de poupança ganhou uma trava que a tornou ainda pior do que antes. Isso porque após o aumento da Selic, a poupança passou a render 6,17% ao ano. Com a Selic acima de 8,5% ao ano, a poupança tem uma regra diferente de rentabilidade. Com a inflação passando de 10% ao ano, seu poder de compra fica comprometido.
Em resumo: o cenário mudou no Brasil e, se você não tiver estômago para a alta volatilidade que promete vir, a renda fixa voltou a ser um bom negócio. Seguindo as regras que ela impõe, você pode ter noites de sono mais tranquilas.