CDI e taxa DI: entenda a diferença e saiba como eles impactam seus investimentos

Há uma confusão entre CDI e taxa DI e isso faz sentido, afinal, estamos falando de siglas que se relacionam diretamente

Para quem investe, sobretudo em renda fixa, há dois conceitos centrais que ainda geram dúvidas em muita gente: CDI e taxa DI. A confusão faz sentido, afinal, estamos falando de siglas que se relacionam diretamente. A seguir, entenda a diferença entre CDI e taxa DI e saiba como esses conceitos interferem nos seus investimentos.

O que é a taxa DI? E CDI?

A taxa DI representa os juros que um banco paga para outro quando essas instituições financeiras tomam empréstimos entre si. A sigla DI significa Depósito Interfinanceiro ou Depósito Interbancário.

Um banco empresta dinheiro para outro porque há uma norma do Banco Central que os impede de fecharem o dia com saldo negativo em caixa. Isso gera menos risco de uma quebra no sistema financeiro.

Como um banco pode ter mais saques e empréstimos do que depósitos e investimentos em determinado dia, é comum que o seu fluxo de caixa fique no vermelho.

Para cumprir a regra do BC, a instituição toma um dinheiro para pagamento em um curtíssimo prazo, ou seja, de apenas um dia, de outro banco.

O que é CDI?

O banco que está tomando o empréstimo emite um título chamado CDI (Certificado de Depósito Interbancário/Interfinanceiro) para o que está emprestando o dinheiro. Por isso, paga uma taxa de juros.

A média das taxas praticadas pelos bancos nesse tipo de empréstimo chama-se taxa DI. E normalmente ela costuma ser muito próxima da taxa Selic.

Para se obter a taxa DI, calcula-se a média ponderada das taxas das transações prefixadas, extragrupo e com prazo de um dia efetuadas na B3 entre instituições financeiras. Como a taxa para o prazo de um dia é muito pequena, convencionou-se divulgá-la de forma anualizada. Essas transações são fechadas por meio eletrônico e registradas na B3.

Para que serve a taxa DI?

A taxa DI serve de referência para a maior parte dos títulos de renda fixa ofertados ao investidor. É hoje o principal benchmark do mercado.

Como ela é muito próxima da Selic, a taxa DI serve também de referência para investimentos mais arriscados. Por exemplo, se taxa DI anual for de 13% ao ano, para valer a pena alocar dinheiro em produtos com maior volatilidade, a rentabilidade-alvo tem que ser maior do que essa.

Quem define a taxa DI?

Fundada em 1984, a Central de Custódia de Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip) se juntou em 2017 à BM&FBovespa dando origem à B3. Estamos falando de uma empresa de capital aberto que oferece serviços de integralização do mercado financeiro.

Assim, quando você faz um DOC ou um TED, é ela quem operacionaliza essas transferências. É também a responsável por intermediar as negociações entre os bancos.

Nesse sentido, todos os CDIs são realizados e registrados pela Cetip. E, por ter uma grande quantidade de dados dos CDIs, ela consegue calcular a média das taxas cobradas.

CDB e CDI

A taxa DI serve de parâmetro de remuneração de diversos títulos de renda fixa como o CDB (Certificado de Depósito Bancário), que pode ter a sua rentabilidade amparada no CDI.

O CDB é emitido por um banco contra uma pessoa física ou jurídica que faz um empréstimo para essa instituição.

A remuneração por esse empréstimo pode ocorrer de três maneiras:

  • Prefixada, quando a instituição determina a taxa de juros no ato do contrato;
  • Híbrida, quando uma parte é atrelada a um índice e outra parte a um percentual fixo de juros;
  • Pós-fixada.

Nesse último caso, a remuneração segue um índice que geralmente é o CDI.

Outros tipos de investimentos como a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) também costumam ter o rendimento amparado no CDI.

O que significa rendimento de 100% do CDI?

Mas afinal, quanto rende o CDI? Na realidade, essa pergunta não faz muito sentido. O que rende, na verdade, é o produto que tem o seu rendimento atrelado ao CDI. Ou seja, quando buscamos um título de renda fixa, podemos comprar produtos que remuneram 100% do CDI, 110% do CDI ou 90% do CDI, por exemplo. Isso significa que vários títulos de renda fixa utilizam a taxa DI como referência para o seu rendimento.

Vamos supor que, nos últimos 12 meses, o CDI tenha ficado em 13%. Isso quer dizer que, se há 12 meses o investidor tivesse comprado um CDB atrelado a uma taxa de 100% do CDI, ele teria agora rentabilidade bruta de 13%.

Agora vamos imaginar que o título pagasse 110% do CDI em 12 meses. Usando novamente o exemplo de CDI de 13%, o investidor obteria uma rentabilidade bruta de 13% (100%) + 1,3% (10%). Ou seja, o investidor teria rentabilidade bruta de 14,3% (110%).

Na hora de aplicar em um CDB, o mínimo aceitável é 100% do CDI para um CDB, de acordo com os analistas. Estamos falando de uma taxa bastante fácil de encontrar nos CDBs de liquidez diária.

Por fim, vale destacar que todos os investimentos que pagam 100% do CDI rendem mais do que a poupança. Isso porque a caderneta sempre rende abaixo da taxa Selic, cujo valor é bem próximo ao CDI.

Qual a diferença entre CDI, taxa DI e Selic?

A Selic é a taxa básica de juros da economia. Quem a define é o Copom (Comitê de Políticas Monetárias) a cada 45 dias.

A Selic serve de parâmetro para a taxa DI, que é ligeiramente inferior. Costuma ser 0,10% menor do que a taxa Selic.

Isso ocorre porque, caso ela fosse maior, seria mais vantajoso para os bancos venderem os seus títulos públicos para fazer caixa no dia do que emprestar dinheiro de outras instituições por meio da emissão do CDI.

Por sua vez, o CDI é um título parecido com o CDB. Porém, ele não pode ser adquirido por pessoas físicas e empresas. Ou seja, só pode ser adquirido por um banco quando esse tomar um empréstimo de outro.

Em resumo, a taxa DI é a média de juros praticadas pelos bancos por meio da emissão do CDI, que costuma ser ligeiramente inferior à taxa Selic. Sendo assim, CDI e taxa DI não são a mesma coisa, assim como Selic e taxa DI também não.

Qual é a importância da taxa DI?

Quando alguém decide investir, a taxa DI funciona como uma espécie de parâmetro, um benchmark. Além disso, para quem tem um perfil mais conservador e investe em renda fixa, é ela quem definirá a rentabilidade grande parte dos investimentos.

Nesse sentido, quando você investir em um CDB, LCI ou LCA e ouvir a expressão que um título está remunerando 100% do CDI, saiba que o valor da rentabilidade é exatamente igual a esse título.