CDI e Selic: qual é a diferença e quanto rendem?

Investimentos com rentabilidade atrelada à Selic ou ao CDI são procurados por quem deseja sair da fase do “poupar” e passar para a etapa do “investir”

Na hora de aplicar na renda fixa, você busca produtos com rentabilidade atrelada ao CDI ou à Selic? Tanto faz? Pois saiba que, se você está desembarcando no mundo dos investimentos agora, estamos falando de coisas distintas, apesar da rentabilidade parecida. A seguir, entenda a diferença entre CDI e Selic e quanto rendem.

O que é a taxa Selic?

Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC)  para controlar a inflação. Ela influencia, portanto, todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.

Uma reunião feita pelo Copom (Comitê de Política Monetária), ligado ao BC, define a taxa a cada 45 dias. Essa mudança acontece para que, em meio a uma economia instável, o dinheiro continue circulando e a inflação seja controlada.

Quais investimentos são afetados diretamente pela Selic?

A Selic tem forte influência na taxa de remuneração de diversos investimentos e, como resultado, qualquer mudança nela impacta a rentabilidade desses produtos financeiros. São os seguintes:

  • Títulos do Tesouro Direto (Tesouro Selic);
  • Caderneta de poupança;
  • E investimentos de renda Fixa.

Mudanças na taxa Selic impactam o CDI, um dos índices de rentabilidade mais usados por investimentos de renda fixa. Ou seja, quando a taxa Selic diminui, o CDI também fica mais baixo.

CDBsLCIs, LCAs, LCs são os investimentos mais comuns que usam o CDI como indicador de rentabilidade. Assim, eles terão sua remuneração afetada no caso de mudanças na Selic.

O que é o CDI?

O banco que está tomando o empréstimo emite um título chamado CDI (Certificado de Depósito Interbancário/Interfinanceiro) para o que está emprestando o dinheiro. Por isso, paga uma taxa de juros.

A média das taxas praticadas pelos bancos nesse tipo de empréstimo chama-se taxa DI. E normalmente ela costuma ser muito próxima da taxa Selic.

A taxa DI é referência para grande parte dos investimentos de renda fixa. O DI é uma média do custo de empréstimos realizados entre bancos, via CDI, que acompanha a Selic. A sigla DI significa Depósito Interfinanceiro ou Depósito Interbancário.

Um banco empresta dinheiro para outro porque há uma norma do Banco Central  que os impede de fecharem o dia com saldo negativo em caixa. Isso gera menos risco de uma quebra no sistema financeiro.

Como um banco pode ter mais saques e empréstimos do que depósitos e investimentos em determinado dia, é comum que o seu fluxo de caixa fique no vermelho.

Para cumprir a regra do BC, a instituição toma um dinheiro para pagamento em um curtíssimo prazo, ou seja, de apenas um dia, de outro banco.

Para que serve a taxa DI?

A taxa DI serve de referência para a maior parte dos títulos de renda fixa ofertados ao investidor. É hoje o principal benchmark do mercado.

Como ela é muito próxima da Selic, a taxa DI serve também de referência para investimentos considerados mais arriscados.

Por exemplo, se taxa DI anual for de 10% ao ano, para valer a pena alocar dinheiro em produtos com maior volatilidade, a rentabilidade-alvo  tem que ser maior do que essa.

Qual a diferença entre CDI, taxa DI e Selic?

Selic é a taxa básica de juros da economia. Quem a define é o Copom (Comitê de Políticas Monetárias) a cada 45 dias.

A Selic serve de parâmetro para a taxa DI, que é ligeiramente inferior. Costuma ser 0,10% menor do que a taxa Selic.

Isso ocorre porque, caso ela fosse maior, seria mais vantajoso para os bancos venderem os seus títulos públicos para fazer caixa no dia do que emprestar dinheiro de outras instituições por meio da emissão do CDI.

Por sua vez, o CDI é um título parecido com o CDB. Porém, ele não pode ser adquirido por pessoas físicas e empresas. Ou seja, só pode ser adquirido por um banco quando esse tomar um empréstimo de outro.

Em resumo, a taxa DI é a média de juros praticadas pelos bancos por meio da emissão do CDI, que costuma ser ligeiramente inferior à taxa Selic. Sendo assim, CDI e taxa DI não são a mesma coisa, assim como Selic e taxa DI também não.

Investimentos atrelados à taxa Selic e ao CDI

A taxa Selic regula o rendimento dos principais títulos de renda fixa, como o Tesouro Direto, o Certificado de Depósito Bancário (CDB), por meio da taxa DI, e as debêntures.

Todos esses títulos têm como principal característica o fato de serem uma espécie de empréstimo que a pessoa faz, tendo como cálculo algum porcentual em torno da taxa básica de juros da economia.

Quando alguém vai no site do Tesouro Direto e compra um título de renda fixa, por exemplo, está emprestando dinheiro para o governo. Quando compra um título de CDB, está emprestando para o banco.

Tesouro Selic ou CDB que paga 100% do CDI?

Os investimentos com rentabilidade atrelada à taxa Selic ou ao CDI são os primeiros procurados por quem dar um passo além e sair da fase do “poupar” e passar para a etapa do “investir”.

Em resumo, estamos falando de quem deseja sair da poupança. Nesse caso, as primeiras opções consideradas na renda fixa seriam o Tesouro Selic e o CDB de liquidez diária.

De acordo com Filipe Arend, head de renda fixa da Faz Capital, a principal delas acaba sendo justamente o Tesouro Selic. Trata-se de um título emitido pelo Tesouro Nacional com “basicamente todas as características que as pessoas que aplicam em poupança buscam”, resume o head de renda fixa da Faz Capital.

“Tem liquidez diária e um valor mínimo de aplicação muito baixo, além do risco-soberano. Ou seja, acaba tendo risco mais baixo do que o da poupança, uma vez que é considerado o menor risco de crédito existente no mercado. Também  apresenta uma rentabilidade mais alta”, pontua Arend.

Conforme Arend, mesmo se a gente considerar a isenção de Imposto de Renda na poupança e a incidência do tributo na rentabilidade do Tesouro Selic, olhando para a rentabilidade líquida, o Tesouro Selic supera a poupança, com menor risco e a mesma liquidez para a rentabilidade.

Os títulos Tesouro Selic são recomendados para reserva de emergência e objetivos de curto prazo. Além disso, são os que possuem o menor risco em caso de venda antecipada.

Atualmente, há duas opções dessa modalidade disponíveis. O Tesouro Selic 2017 rende anualmente a taxa básica de juros mais 0,1030%. O vencimento é março de 2027. Já o Tesouro Selic 2029 paga a Selic mais 0,1466% por ano, com vencimento em março de 2029.

CDB que paga 100% do CDI

Na hora de formar a reserva de emergência ou mesmo juntar dinheiro para um objetivo de curto prazo, o CDB de liquidez diária é outra alternativa. Nesse caso, sua rentabilidade está atrelada à taxa DI.

Entretanto, muitos especialistas alertam que investir em CDB só compensa se a remuneração for maior que 100% do CDI. Isso porque o risco é maior que no Tesouro. Por ter a garantia do Tesouro Nacional, ou seja, do governo federal, o Tesouro Selic é considerado o título mais seguro do mercado.

O maior risco de quem investe em um CDB é o risco de crédito, que é a incerteza quanto ao recebimento do valor emprestado. Em suma, o risco do CDB vai variar de acordo com a saúde do banco que o emite.

Rendimento

Mas afinal, quanto rende o CDI? O que rende, na verdade, é o produto que tem o seu rendimento atrelado ao CDI. Ou seja, quando buscamos um título de renda fixa, podemos comprar produtos que remuneram 100% do CDI, 110% do CDI ou 90% do CDI, por exemplo. Isso significa que vários títulos de renda fixa utilizam a taxa DI como referência para o seu rendimento.

Vamos supor que, nos últimos 12 meses, o CDI tenha ficado em 13%. Isso quer dizer que, se há 12 meses o investidor tivesse comprado um CDB atrelado a uma taxa de 100% do CDI, ele teria agora rentabilidade bruta de 13%.

Agora vamos imaginar que o título pagasse 110% do CDI em 12 meses. Usando novamente o exemplo de CDI de 13%, o investidor obteria uma rentabilidade bruta de 13% (100%) + 1,3% (10%). Ou seja, o investidor teria rentabilidade bruta de 14,3% (110%).

Na hora de aplicar em um CDB, o mínimo aceitável é 100% do CDI para um CDB, de acordo com os analistas. Estamos falando de uma taxa bastante fácil de encontrar nos CDBs de liquidez  diária.

Por fim, vale destacar que todos os investimentos que pagam 100% do CDI rendem mais do que a poupança. Isso porque a caderneta sempre rende abaixo da taxa Selic, cujo valor é bem próximo ao CDI.

Prazos de investimento

Na hora de escolher um CDB, é preciso ter e mente que há diferentes prazos de vencimento. Há os títulos que permitem a retirada diária e os títulos com longos prazos para aplicação. Em geral, os investimentos de longo prazo oferecem taxas melhores para o investidor. Nesse caso, é preciso ficar atento com a contrapartida, que significa deixar o dinheiro aplicado por mais tempo.

Outro fator que faz as taxas serem maiores é o perfil da instituição que emite o CDB. Instituições financeiras menores ou com maior risco de crédito geralmente precisam oferecer taxas maiores para conseguirem obter financiamento. Em resumo, estamos falando de maior risco para o investidor.

Apesar desse risco, o dinheiro aplicado nesse produto é garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) , que assegura até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira. Por fim, é importante mencionar sobre os CDBs, bem como sobre os títulos do Tesouro Selic, que há incidência de Imposto de Renda.