Nubank (NUBR33) inicia 2023 com demissões e debandada de fundo. É hora de investir no banco?

Cresce a expectativa para a divulgação do balanço da fintech

Dois fatos envolvendo o Nubank (NUBR33) neste ano colocam o banco em foco, e cresce a expectativa para a divulgação do balanço da fintech, que acontece nesta terça-feira (14).

A primeira má notícia chegou no dia 31 de janeiro, quando o Nubank encerrou as atividades da área de assessoria de investimentos, o que resultou na demissão de pelo menos 40 pessoas. O movimento aconteceu em paralelo à debandada de investidores do fundo de renda fixa Nu Reserva Imediata, que tinha debêntures da Americanas em sua carteira.

Diante desse cenário, o que esperar de Nubank (NUBR33) para 2023? Confira a seguir e veja se é hora de investir no banco.

O que é o Nubank (NUBR33)?

O colombiano David Vélez, o americano Edward Wible e a brasileira Cristina Junqueira fundaram o Nubank (NUBR33) em maio de 2013. A empresa começou em São Paulo como uma pequena startup focada em resolver problemas financeiros usando a tecnologia.

O banco ganhou destaque por oferecer cartões sem anuidade de forma totalmente digital. Por conseguinte, segundo a empresa, isso possibilitou o acesso a “um espectro muito mais amplo de clientes. Desde usuários de cartões mais sofisticados até aqueles que estão apenas começando”. Muitos deles, desbancarizados.

Em 2017, o Nubank expandiu suas atividades, como lançamento da NuConta, conta que se destacava pelo rendimento automático de 100% do CDI. No ano de 2022, a empresa mudou o funcionamento e passou a remunerar depósitos apenas após 30 dias.

Além disso, em 2020, anunciou a compra da corretora Easynvest, que passou a se chamar Nu Invest, e ampliou o leque de serviços para oferecer investimentos ao seu público.

Por fim, no mês de dezembro de 2021, o Nubank realizou seu IPO na Bolsa de Valores de Nova York. Na B3, o Nubank negocia BDRs com o ticker NUBR33.

Hoje, o Nubank é considerado a principal fintech da América Latina e uma das startups mais valiosas do mundo.

Último balanço do Nubank (NUBR33)

O Nubank teve lucro líquido contábil de US$ 7,8 milhões no terceiro trimestre de 2022, ante prejuízo de US$ 34,4 milhões um ano antes e de US$ 29,9 milhões no segundo trimestre deste ano. Dessa forma, a companhia informou que a holding atingiu o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas (“breakeven”).

O lucro líquido ajustado ficou em US$ 63,1 milhões, ante um prejuízo de US$ 1,2 milhão no mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre, foi registrado resultado positivo de US$ 17 milhões. A receita ficou em R$ 1,31 bilhão, ou seja, aumento anual de 172% e trimestral de 13%.

O banco digital encerrou o período de julho a setembro com 70,4 milhões de clientes, acréscimo de 5,1 milhões no trimestre. Um ano antes, eram 48,1 milhões.

A inadimplência ficou em 4,7%, de 4,1% no segundo trimestre. De acordo com o banco, isso se deve, principalmente, à desaceleração na originação de empréstimos pessoais e à deterioração do cenário macro.

Como estão as ações do Nubank (NUBR33)?

Em dezembro de 2021, o Nubank (NUBR33) anunciou seu IPO, ou sua oferta pública de ações. Depois de valorizar mais de 30% nos dias seguintes ao IPO, as ações do banco perderam muito valor nos meses seguintes, e se provaram um fiasco até agora.

No dia 9 de dezembro de 2022, a estreia do Nubank na bolsa de valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês) completou um ano. Na data, entretanto, os investidores que apostaram no papel de cara, na oferta inicial de ações – negociado a US$ 9 e R$ 8,38 por BDR, no topo da faixa indicativa -, não comemoraram.

Se no primeiro dia de negociações as ações do Nubank chegaram a disparar mais de 35%, a US$ 12,17, em 12 meses, a ação caiu 60,6%, negociada no mercado a US$ 4.

Reestruturação dos BDRs

No dia 15 de setembro de 2022, o Nubank reestruturou seus BDRs, que passaram do nível III (emitido por empresas estrangeiras que possuem registro de companhia aberta no Brasil) para nível I (emitido por empresas estrangeiras sem que seja necessário esse registro).

A troca de categoria do BDR não altera sua negociação na Bolsa brasileira. Sendo assim, ele continua sendo negociado normalmente na B3, e o Nubank segue sob supervisão da Securities and Exchange Commission (SEC), a entidade reguladora do mercado norte-americano. 

De acordo com o banco, a mudança permite a redução de processos duplicados em várias jurisdições.

Por que investir ou não investir em ações do Nubank (NUBR33)?

Marcada para o próximo dia 14 de fevereiro, a divulgação dos números corporativos do Nubank no quarto trimestre de 2022 já gera expectativa no mercado. Nesse sentido, o balaço pode pontuar as recomendações de compra ou não dos analistas.

Em novembro do ano passado, quando o banco revelou os resultados do terceiro trimestre, os analistas avaliaram o balanço como positivo. Para eles, houve sólido crescimento das receitas e do crédito, enquanto a alta na inadimplência veio abaixo do que era esperado.

Na ocasião, o Goldman Sachs pontuou que o Nubank apresentou um conjunto forte de resultados no período, com o lucro líquido “bem acima das expectativas”. De acordo com o Goldman Sachs, a companhia entregou crescimento sólido de receita. Ademais, afirma o banco, o avanço do crédito continua forte apesar da desaceleração nos empréstimos pessoais. Enquanto isso, as despesas estão sob controle.

O Credit Suisse destacou o sólido crescimento do crédito e depósitos. Afirmou ainda que a inadimplência cresceu menos do que o esperado e mostra deterioração menor do que a observada, em geral, no mercado de cartões de crédito.

Por conseguinte, Goldman Sachs e Credit Suisse têm recomendação de compra para os papéis do Nubank.

Recomendação neutra

Já o Bank of America salientou que há pontos positivos e negativos no balanço do terceiro trimestre de 2022. De acordo com a instituição, há fatores como a geração de receita sólida e os custos de captação que começam a refletir os benefícios da recente mudança promovida na remuneração dos depósitos.

Segundo o banco, entretanto, a originação de crédito pessoal desacelerou à luz da contínua deterioração na qualidade dos ativos, enquanto a administração observou que a visibilidade econômica continua baixa e que a lucratividade pode ficar sob pressão nos próximos trimestres na esteira da continuidade dos investimentos em novos produtos e em expansão na região.

A recomendação do Bank of America para Nubank é “neutra”.

Debandada de fundo deve ser sentida no primeiro trimestre de 2023

O fundo Nu Reserva Imediata, que contava até o início do ano com o maior número de cotistas do Brasil, acabou prejudicado pelo rombo da Americanas (AMER3). Nesse sentido, a debandada de investidores do produto deve ser sentido nos resultados do primeiro trimestre de 2023.

Em menos de uma semana, deixaram o Nu Reserva Imediata 178,4 mil cotistas — muito mais do que a maioria dos fundos brasileiros pode ostentar como seu total de investidores.

Eles fugiram após depararem com uma rentabilidade negativa de 0,75% em um único dia, causada pela presença de títulos de dívida da Americanas na carteira. Como o fundo era apresentado aos clientes como opção para “reserva de emergência”, muita gente se assustou ao ver que parte dos seus lucros tinha evaporado do dia pra noite.

Como comprar ações do Nubank (NUBR33)?

É possível comprar as ações do Nubank direto na Bolsa americana. Atualmente, as ações são negociadas na NYSE (EUA) e os BDR (Brazilian Depositary Receipts) são negociados na B3.

No entanto, pessoas residentes no Brasil precisam abrir uma conta em uma corretora nos Estados Unidos, pagando impostos e taxas. E caso queiram vender as ações e trazer o dinheiro para o país, é necessário converter o valor da moeda e pagar taxas e impostos novamente.

Pensando nos investidores brasileiros, em 9 de dezembro de 2021, o Nubank realizou o IPO na Bolsa de Valores brasileira, por meio de BDRs que são títulos representativos de ações do Nubank.

As ações do banco podem ser negociadas por meio de uma corretora, na qual você possui uma conta.