Você tem R$ 100 sobrando? Então, já pode começar a investir

Com a ajuda de especialistas, a gente te mostra quais são os investimentos fáceis para iniciantes que querem fugir da poupança

Você já deve ter lido por aqui várias e várias vezes que está mais do que na hora de começar a montar a sua carteira de investimentos, certo? E para isto, não precisa de muito dinheiro não. Inclusive, estamos aqui para te mostrar como investir R$ 100 por mês.

E sabe o que é melhor, as aplicações indicadas são seguras, rentáveis e simples.

Quer coisa melhor do que isso? Então, bora para as dicas.

O que fazer antes de investir?

Antes de começar a investir, você deve quitar as dívidas pendentes.

Pagar o que deve e não ficar gastando com juros é o primeiro passo para começar a poupar.

E outro detalhe tão importante quanto: deixar o dinheiro na sua conta ou na poupança pode significar perder dinheiro.

É que a inflação do ano passado ficou em 5,79%, e mesmo a poupança, que rendeu 7,90%, não é recomendada.

Dos últimos cinco anos, em três deles, a caderneta rendeu menos do que a inflação. Ou seja, quem deixou o dinheiro na poupança viu a grana minguar.

Quem é o investidor brasileiro?

De acordo com o Raio-X do investidor 2022, realizado pela Anbima, 61% dos brasileiros não fizeram qualquer tipo de investimento em 2021.

Mas também, é claro, que boa parte das pessoas não investe por falta de dinheiro.

Agora, veja: uma outra grande fatia por não ter conhecimento básico em finanças. Muitos deixam dinheiro parado ou não largam a poupança.

Como montar um planejamento para o dinheiro?

Além disso, para sair dessa armadilha, é preciso planejamento.

Afinal, qual é o seu objetivo: fazer uma viagem? Dar entrada em um carro? Parar de trabalhar? Pagar a faculdade dos filhos? Ou tudo isso junto?

Pois saber o que você quer fazer com a grana é fundamental neste processo.

É o que explica a head de conteúdo da Ativa Investimentos Bia Moraes.

“É muito importante que a pessoa tenha um orçamento, uma organização financeira. Assim, ela organiza seus ganhos e gastos para conseguir fazer sobrar esses R$ 100 todos os meses”.

E complementa. “Também é importante manter os aportes constantes. Então, essa organização vai possibilitar que todo mês você tenha esse dinheiro para investir, porque não adianta investir só um mês”, afirma.

Qual investimento é o mais recomendado?

E um investimento recomendado pelos especialistas, principalmente para quem não quer ficar monitorando a rentabilidade, é a renda fixa.

A educadora financeira Bia Moraes lembra que com a Selic em 13,75% ao ano,  investir em renda fixa está muito atrativo.

No Tesouro Direto, tipo de investimento que você se torna credor do governo, é possível começar com R$ 30.

“Além disso, muitos CDBs tem como aplicação mínima R$ 100. Se você vir um investimento em que você não consegue investir R$ 100 por causa do valor mínimo de aplicação, é interessante que você junte aos poucos essa quantia”, diz.

Renda fixa: para quem quer correr menos risco

renda fixa é um tipo de investimento para quem quer correr menos riscos. Portanto, se você tem até R$ 250 mil reais para aplicar, o risco, na verdade, é bem baixo.

Existe uma instituição chamada Fundo Garantidor de Crédito (FGC)  que garante esse valor por corretora/banco e por CPF, caso o local onde você aplicou o recurso feche as portas.

Assim, se você tem mais do que essa quantidade para investir, basta diluir em várias entidades, até o valor máximo de R$ 1 milhão e estará protegido.

Tesouro Direto: garantido pelo governo

O Tesouro Direto não é garantido pelo FGC, mas quem banca é o Tesouro Nacional, ou seja, o governo federal. Então, o risco é quase zero.

Explicamos: quando o governo precisa de mais dinheiro, ele recorre à emissão dos chamados títulos da dívida pública.

Dessa forma, se você adquire um deles, você passa a ser credor do governo.

E você encontra produtos dentro do Tesouro Direto com investimento inicial de R$ 30.

CDB: você empresta dinheiro para os bancos

Outros produtos financeiros bem conhecidos da renda fixa são as famosas siglas de investimento.

Uma sopa de letrinhas, como o CDB  e o CDI .

O CDB é um investimento que você faz quando empresta dinheiro para um banco. Isso mesmo, você, cidadão ou cidadã, emprestando dinheiro para um banco!

E, dependendo da instituição, você consegue fazer depósitos a partir de R$ 100 por mês.

LCI e LCA: para quem quer investir no setor imobiliário e no agronegócios

LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito Agrário) são instrumentos de renda fixa dos mais procurados e que mais cresceram nos últimos anos.

Motivo: isenção de Imposto de Renda (IR). E ambos títulos garantidos pelo FGC .

A LCI representa uma fonte de recursos para o setor imobiliário, pois possui como lastro créditos imobiliários. Por outro lado, a LCA segue a mesma lógica, porém lastreada no mercado do agronegócio.

“LCI pode ser resgatada após três meses. Então, se a pessoa acha que vai utilizar esse dinheiro daqui a um, dois meses, esse produto não é indicado. Mas, se vai manter esse  dinheiro parado por pelo menos 90 dias, então acaba sendo uma boa oportunidade”, explica Christopher Galvão, analista de renda fixa da Nord Research.

O professor de mercados financeiros do Ibmec-SP Rogério Mauad fez as contas para nós de uma LCI que pague 1% ao mês.

“Um exemplo de uma pessoa que queira juntar R$ 50 mil, em um título de 1% ao mês, levaria 15 anos para alcançar esse objetivo”, afirma.

Fazendo as contas

Para simular alguns resultados aplicando R$ 100 por mês nestes tipos de investimento, pedimos ajuda a Idean Alves, educador financeiro, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.

Ele explica que considerando um título de renda fixa que poderia ser o Tesouro Selic ou CDB pós-fixado atrelado ao CDI, que hoje está em 13,65%, durante os próximos 6 anos seria possível chegar aos R$ 10 mil de valor investido.

“Caso o investidor opte por uma opção mais ‘garantida’, como o prefixado, é possível fechar uma taxa de 16% por 5 anos, aproximadamente, e garantir esse retorno. A grande vantagem dele, além do tempo menor, é que a taxa fechada na contratação é que vai perdurar por todos os anos até o vencimento”.

E prossegue: “Por último, o título de inflação, o famoso IPCA+, a uma taxa de 8% por ano fixa somada a inflação do período, com uma média de 7% por ano, entregaria em torno de 15% por ano, e o mesmo retorno de R$ 10 mil em 6 anos. Todos são valores brutos que ainda precisariam do abatimento do imposto de renda”.

Ele lembra que essas seriam as melhores opções pela previsibilidade na carteira.

“Claro que poderia haver ‘surpresas’ no caminho, mas nada muito fora de rota como seria o caso da renda variável. Caso o investidor não precisasse resgatar, seria possível em uma LCI ou LCA pré-fixada a 12% garantir esse retorno de R$ 10 mil em 6 anos de forma líquida, já livre de impostos”, afirma.

Renda Variável

E para quem quer arriscar um pouco mais, a opção é colocar R$ 100 por mês na renda variável.

Como diz o nome, renda variável é uma aplicação que muda bem mais do que a fixa, que também oscila, então é preciso ter tempo para analisar bem onde você aplicar e lembrar que os riscos são maiores.

Mas nem por isso é preciso ter muito dinheiro.

Segundo informações da B3, entre as 106 mil pessoas que estrearam em renda variável na bolsa de valores, apenas em setembro de 2022, 31% fizeram seu primeiro investimento com valores de até R$ 40 e, outros 29%, entre R$ 40 e R$ 200.

“Sobre a renda variável, temos inúmeras alternativas. Podemos olhar para os fundos imobiliários e seguir para as ações. Com o mercado estressado encontramos “barganhas” em alguns setores. Diria que a pandemia distorceu a percepção de valor para alguns segmentos”, afirma Raphael Marendaz, Head do Private InvestSmart XP.

Nessa matéria te apresentamos algumas ações baratas e outras que valem apenas centavos.

Mas lembre-se, antes de buscar por investimentos mais arrojados, certifique-se de que já está com a reserva de emergência em dia, pois é ela que te dará segurança para dar novos passos. 

É o que lembra, Lenon Bonk Sabino, especialista em investimentos do Ailos.

“Investimentos mais arrojados como ações, FIIs, criptomoedas e fundos de investimentos diversos devem ser feitos com bastante prudência. Nunca negligencie o seu perfil de investidor. Embora isso pareça ser uma dica básica, pode ajudar a eliminar dores de cabeça futuras”, afirma.