Conheça ações que custam menos de R$ 1 na B3; será que valem a pena?

Ações negociados a preços muito baixos são conhecidas como penny stocks

Muita gente não sabe, mas há ativos na Bolsa de Valores brasileira, a B3, que são muito baratos – mas muito mesmo. Há inclusive algumas ações baratas que custam menos de R$ 1, ou seja, as penny stocks.

Contudo, será que vale investir em papéis desse perfil? A seguir, entenda como funcionam as penny stocks e se vale a pena comprar.

O que são penny stocks?

Penny stocks são ações e certificados de depósitos de ações (units) negociados a preços baixíssimos, isto é, algumas cotações valem somente centavos.

Normalmente, penny stocks pertencem a empresas com pouco ou nenhum valor de capitalização. Ou seja, algum negócio que já faliu ou está em processo de falência.

Por conta de seu valor mínimo, esse tipo de papel é suscetível a grandes alterações de preços. Portanto, são ações que sofrem alta volatilidade e atraem investidores que têm muita tolerância ao risco.

Em outras palavras, estamos falando de ações que só valem a pena para os investidores com perfil muito arrojado. E olhe lá!

Lista de ações baratas

Algumas costumam menos de R$ 1. Confira logo abaixo:

EmpresaTickerValor em reais
PDGPDGR3R$ 0,12
OiOIBR3R$ 0,19
RecrusulRCSL4R$ 0,74
Triunfo PartTPIS3R$ 0,91
MéliuzCASH3R$ 1,26
DommoDMMO3R$ 1,87
TechnosTECN3R$ 2,27
SaraivaSLED4R$ 2,79
Informações do fechamento da Bolsa em 23 de dezembro de 2022. Acompanhe em tempo real em Índices e Cotações.

Afinal, vale a pena investir em ações que custam menos de R$ 1?

Em primeiro lugar, é importante ter em mente que grande parte dessas ações que custam menos de R$ 1 na Bolsa de Valores brasileira são de companhias que passam por problemas administrativos ou estão em processo de falência. Ou seja, a priori, não estamos falando de ativos nos quais vale investir.

“No longo prazo o mercado dá valor às empresas que crescem, ou seja, que geram valor aos seus acionistas. Sem conseguir gerar valor, as ações das empresas da lista acima refletem esta dificuldade”, afirma Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research.

De acordo com Vaz, o ponto em comum dessas empresas é a queda dos seus resultados e a dificuldade de proporcionar uma perspectiva de recuperação dos seus resultados no futuro.

“Empresas em recuperação judicial, como a Saraiva, ou que saíram recentemente da recuperação judicial, casos da Triunfo e da Oi, chegaram a um ponto em que não conseguiam mais conciliar os gastos para manter suas operações com os pagamentos das suas obrigações (dívidas). Portanto, com os seus resultados impactados e sem uma perspectiva de recuperação, o mercado acabou ‘punindo’ essas ações”, pontua o analista de ações.

Resultados das penny stocks

Já a Méliuz se trata de um caso um pouco diferente. Isso porque, na avaliação de Vaz, seu IPO (abertura de capital) aconteceu em meio a uma grande expectativa de crescimento dos resultados, o que não se comprovou.

Desde a estreia na B3, a Méliuz (CASH3) só reportou queda nos seus resultados. Isto é, além da queda do lucro e Ebitda, o mercado ainda tem desconfiança em relação à capacidade da empresa na sua estratégia de crescimento futuro.

Sendo assim, Vaz destaca que os investidores não podem olhar para o preço da tela, pois ele não representa e não diz nada sobre uma empresa. 

“Os investidores precisam entender o negócio da empresa, isto é, como ela chegou a esse ponto e como ela pode superar esse momento. Assim, ele pode avaliar se o valor que a empresa negocia hoje faz sentido, considerando os riscos que envolvem a tese”, explica o analista de ações.

Ainda segundo Vaz, atualmente essa reflexão fica ainda mais difícil, porque há muitas empresas boas, que crescem e com perspectiva de crescimento futuro, negociando a múltiplos baixos.

Ou seja, “faz pouco sentido investir em empresas de alto risco, como as listadas, com as oportunidades que o mercado vem proporcionando atualmente”, conclui o analista de ações.