Alta de mais de 20% no BDRX: por que você deve ficar atento ao índice de BDRs?

Muito do bom desempenho se deve ao fato de que os BDRs com maior participação no BDRX são de empresas de tecnologia 

Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, fechou em queda de 5,05% em agosto. Por outro lado, embora as bolsas estrangeiras também tenham sofrido no mês, o índice BDRX, composto por BDRs Não Patrocinados negociados na B3, foi o que mais subiu no período: 3,26%. 

Esse índice, inclusive, acumula altas significativas nos oito primeiros meses de 2023. Com 21,43% de valorização no ano, ocupa a segunda posição dos que têm o melhor desempenho na bolsa. Perde apenas para do Índice Imobiliário, com valorização de 34,99%. 

“Grande parte desse desempenho se deve ao fato dos BDRs que têm maior influência sobre o índice pertencerem a empresas do setor de tecnologia. Algumas dessas empresas estão se recuperando de maneira bastante forte e outra vem tendo um desempenho acima do esperado mesmo com a alta dos juros americanos, incluindo nomes como Nvidia, Apple, Microsoft, Tesla, Meta e Alphabet“, afirma Thiago Armentano, analista-chefe de ativos globais do Simpla Club.

O que é o índice BDRX?   

O BDRX é um índice elaborado pela B3 que acompanha uma carteira teórica de ativos, de modo a ser o indicador do desempenho médio das cotações dos BDRs. Fazem parte do índice mais de 100 BDRs, como Johnson & Johnson, Tesla, Apple, Walmart e 3M.   

É possível investir no BDRX?

Como o BDRX é um índice composto apenas de uma carteira teórica, não é possível investir diretamente nele.

Vale lembrar que há índices que possuem ETFs atrelados às suas composições. Por exemplo, há ETFs que replicam a carteira do Ibovespa e, assim, é possível investir no Ibovespa de forma indireta. Porém, no caso do BDRX, não há ETFs que repliquem a composição de BDRs.

Mas afinal, por que você deve ficar atento a esse índice?

A principal função do BDRX é como benchmark. Ou seja, ele ajuda a acompanhar a cotação geral dos BDRs de ações e o desempenho do mercado. Nesse sentido, é possível usá-lo como referência, verificando o desempenho da sua carteira em relação ao índice, por exemplo.

Armentano pontua, entretanto, que os investidores podem colher benefícios do mercado americano de duas maneiras.

“A primeira é por meio de investimentos de forma individual em empresas de alta qualidade nesse mercado, sempre pensando em dividir por setores para diversificar de maneira adequada. A segunda alternativa é a utilização de fundos negociados em bolsa, os ETFs, que estejam vinculados ao mercado dos Estados Unidos”, diz o especialista do Simpla Club.

Para saber mais: o que é um BDR? 

Um BDR é um recibo com o qual o investidor tem acesso a ações de empresas e a ETFs estrangeiros pela B3, sem ter que abrir conta em uma corretora de outro país.

Desse modo, ele é negociado em reais da mesma maneira que as ações, via corretoras de valores, e está sujeito à mesma cobrança de Imposto de Renda: 15% sobre o lucro, ou 20% em caso de operações de day trade.   

Além da oscilação dos ativos em seu mercado de origem, o BDR também reflete a flutuação do câmbio, já que ele deriva de ativos dolarizados e é comercializado em reais. Ou seja, se o dólar subir, o BDR tende a se valorizar.    

Por ter estas duas variáveis, o investidor deve estar atento, porque elas também são dois fatores de risco.  

Antes da existência do BDR, o brasileiro tinha que enviar dinheiro ao exterior, abrir uma conta em corretora estrangeira, comprar dólares e arcar com os custos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).  

BDR x ADR 

O BDR é a versão brasileira do ADR (recibos depositários de ações não americanas, negociados nos Estados Unidos), que funciona de forma semelhante. Portanto, os ADRs surgiram em Wall Street nos anos 1920 para facilitar a compra de ações no exterior. A primeira ADR foi da Selfridges, uma rede de lojas de departamento inglesa, em 1927.  

No Brasil, os BDRs começaram a ser regulados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em 2000, mas até 2020 os papéis eram restritos a investidores com mais de R$ 1 milhão investido ou formação profissional. 

Diferença entre o BDR patrocinado e o não patrocinado   

Existem dois tipos de BDR: o patrocinado e o não patrocinado. No primeiro, a companhia emissora do ativo está envolvida na criação do BDR, patrocinando-o. Por outro lado, no segundo, a emissora não participa do processo, que é encabeçado por instituições depositárias. 

Os BDRs patrocinados dão mais direitos aos compradores destes recibos. Além de dividendos e juros sobre capital próprio, eles podem dar direito a voto em assembleias, algo que os BDRs não patrocinados não oferecem. 

BDR nível I, II e III   

Os BDRs também tem classificação por nível. Os não patrocinados tem apenas o nível I, que significa que o valor mobiliário correspondente não precisa de registro na CVM.   

Já os patrocinados vão do I ao III. Então, diferentemente do nível I, nos níveis nível II e III as empresas emissoras do ativo devem ser registradas na CVM, seguindo as mesmas regras de governança das SAs brasileiras registradas na categoria A, que têm em um regime completo de divulgação de informações.   

A diferença do nível II para o III está na oferta ao público. BDRs de nível II podem ser distribuídos apenas por ofertas com esforços restritos, que é limitada a investidores profissionais, ou seja, quem tem pelo menos R$ 10 milhões investidos.   

Já os BDRs de nível III não têm restrições e podem ser distribuídos em oferta pública ampla.