Veja as 10 ações recomendadas por especialistas para investir em novembro

Com Lula eleito, mercado agora espera definição da equipe econômica

O Ibovespa fechou outubro com alta acumulada de 5,46%, mesmo com toda volatilidade provocada pelo momentos decisivos – e turbulentos – das eleições presidenciais. Na soma dos dez primeiros meses de 2022, o índice atingiu um avanço de 10,7%, acima dos 116 mil pontos.

Agora, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) eleito para um terceiro mandato de presidente, as expectativas do mercado financeiro para novembro se voltam para a definição dos nomes da equipe econômica da gestão Lula 3.

“Com um mundo cada vez mais complicado e com poucas opções, vemos o Brasil muito bem-posicionado para capturar, cada vez mais, um fluxo de capital estrangeiro. O evento das eleições, saindo da agenda, abre espaço para os investidores focarem no nosso ciclo monetário, que deve começar a aliviar em meados de 2023, juntamente com uma bolsa com valuation barato”, escreve o time de research da Ativa Investimentos.

“Essa combinação: fim do aperto monetário + valuation barato + fim das eleições + mundo sem opções pode nos levar a um mercado rentável no médio prazo. A atenção no momento será para o anúncio da nova equipe econômica, que possui também seus riscos de frustrar os investidores e, no longo prazo, os desafios fiscais que o próximo governo irá enfrentar”, acrescenta a casa.

“Precisamos ponderar como será a transição de governo, e se haverá cooperação por parte da atual equipe. Consequentemente, novembro deve ser um mês ainda de volatilidade elevada por conta do cenário doméstico, e o Ibovespa pode continuar a se movimentar descolado do mercado internacional”, avaliam os estrategistas da Toro Investimentos.

“Dessa forma, temos a postura de distanciamento de empresas estatais, que podem apresentar correções e volatilidade mais fortes ao longo de novembro. Preferimos a alocação em empresas estáveis e bem consolidadas, além daquelas com exposição internacional e com receitas em moeda forte”, completam.

Para ajudar no seu processo de decisão de investimento, a Inteligência Financeira selecionou 10 ações recomendas por bancos, gestoras e casas especializadas em renda variável para ter no radar. Confira a seguir:

Energisa (ENGI11)

“Com 117 anos de existência, a Energisa destaca-se como o quinto maior grupo de distribuição de energia elétrica do Brasil, atendendo cerca de 8,2 milhões de consumidores (cerca de 10% da população nacional). No segmento de distribuição, a companhia detém 11 concessões distribuídas nos estados de Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Paraná, Acre e Rondônia, ocupando uma área total de 2.034 mil km2 (aproximadamente 25% do território brasileiro). Além dos ativos de distribuição, a companhia conta ainda com 11 linhas de transmissão, que totalizam cerca de 3,2 mil km de extensão, e 93 MWp de capacidade instalada em geração distribuída (solar). Por fim, a Energisa destaca-se pelo seu histórico de realização de turn around em ativos problemáticos, trazendo melhorias operacionais e financeiras às concessões. Nossa preferência pela Energisa é fundamentada pelo valuation atrativo, com uma TIR real na casa dos 11%, e earnings momentum positivo, com uma boa dinâmica de volume, ganhos de eficiência e continuidade do turnaround das subsidiárias Eletroacre e Energisa Rondônia. Além disso, acreditamos que o principal catalisador positivo de curto prazo será a venda da participação do BNDES (11% do capital), tirando um overhang importante”, destaca a equipe de estrategistas do Itaú BBA.

Raízen (RAIZ4)

“Após alguns meses desde que decidimos removê-la, estamos novamente adicionando a RAIZ4 ao nosso portfólio. Embora existam riscos associados a mudanças na política de preços de combustível da Petrobras, também vemos chances menores das isenções de impostos de combustível serem mantidas no próximo ano (nos níveis federal e estadual). Assim, os preços do etanol podem recuperar parte de sua competitividade com base nos preços mais altos da gasolina, o que é claramente positivo para as empresas de açúcar e etanol. Uma agenda ambientalmente mais consciente também poderia reforçar a relevância do setor. Alguns meses atrás, dissemos que o desempenho inferior da RAIZ4 no acumulado do ano não reflete a mudança na estimativa de lucros durante o período, mas sim compressões de múltiplos à medida que os investidores estão menos dispostos a pagar por histórias de crescimento. Com a visibilidade dos lucros no curto prazo agora marginalmente melhores, o momento também pode melhorar em breve. Com base nos múltiplos do ano fiscal de 2024, achamos que o mercado está ignorando os planos de crescimento a longo prazo da RAIZ4 e o valor que a empresa tem gerado consistentemente ao operar nos segmentos upstream e downstream”, recomenda o time de estrategistas do BTG Pactual.

3R Petroleum (RRRP3)

“Atuando no setor de óleo e gás, a 3R Petroleum é uma empresa de pequeno porte e independente, com foco no redesenvolvimento de campos maduros, localizados em terra (onshore) e em águas rasas (shallow water), tendo realizado seu IPO em novembro de 2020. O plano de expansão da empresa consiste em dois pilares: crescimento orgânico, por meio da revitalização de seu portfólio, e crescimento inorgânico, a partir de oportunidades de aquisição de ativos maduros, principalmente da Petrobras. Desde de 2019, a Petrobras tem focado em seus ativos do pré-sal, por conta da maior produtividade e menores custos envolvidos na exploração destes ativos. Neste contexto, a estatal tem adotado uma política de desinvestimento agressiva, negociando ativos de seu portfólio de campos de petróleo maduros terrestres e em águas rasas. Neste sentido, o histórico de aquisição de ativos da estatal pela 3R Petroleum se iniciou com a assinatura do contrato de compra do Polo Macau na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte. Desde então, a companhia tem realizado diversas negociações neste âmbito, como: aquisição dos Polos Pescada (RN), Papa-Terra (RJ), Potiguar (RN) e Peroá (ES). Diante de uma dinâmica desafiadora para os mercados de capitais em meio a aspectos macroeconômicos, questões geopolíticas complexas, juros altos e volatilidade nos mercados globais, é importante mencionar o resistente modelo de negócio da 3R Petroleum que permite mitigar os riscos de execução, ter crescimento de produção e seus resultados operacionais dando retorno de longo prazo aos seus acionistas”, aponta o time de estrategistas da Toro.

Bradesco (BBDC4)

“O Bradesco é um dos maiores bancos deste país, com o seu principal negócio na concessão de crédito, mas também em serviços financeiros, investment banking e seguros. O banco possui um economics razoavelmente estável, com previsibilidade nos números de curto prazo. Optamos por colocá-lo na nossa carteira primeiramente pela relevância do business de concessão de crédito no negócio, em especial no que se refere aos clientes large corporate. Este será um dos últimos negócios a serem atacados pelas fintechs, além de se beneficiar de um fator conjuntural que é a alta da Selic. O business de seguro de saúde também deve se beneficiar dessas mesmas componentes. Nesse preço de 1,3x valor patrimonial, o banco se mantém com um dos valuations mais atrativos do setor. Esperamos uma deterioração de longuíssimo prazo no RoE por conta de menos receita nos serviços financeiros ao varejo, mas ainda assim o papel se mantém atrativo”, avalia a Órama.

Raia Drogasil (RADL3)

“Estamos incluindo Raia Drogasil para adicionar proteção a carteira em um cenário mais incerto após as eleições. Sendo a varejista líder do segmento farmacêutico, a companhia vem executando seu plano de expansão com assertividade, onde nesse mês deve apresentar mais um sólido resultado”, observa a equipe de research da Ativa.

Iguatemi (IGTI11)

“Estamos elevando levemente Iguatemi em nosso portfólio. As vendas dos lojistas continuam fortes, com desempenho bem acima dos níveis de 2019, permitindo que a empresa continue reduzindo descontos e repassando a inflação nos contratos de locação com ganhos reais em alguns shoppings. O desempenho operacional manteve o forte momento do primeiro semestre de 2022, com a taxa de ocupação mantendo a tendência de crescimento dos trimestres anteriores, enquanto seu custo de ocupação caiu para níveis históricos mesmo com o aumento do aluguel. Enquanto isso, a compra do ‘JK Iguatemi’ foi positiva para a companhia, que conseguiu adquirir os 36% restantes do segundo melhor shopping de seu portfólio com um valuation atrativo. Por fim, a Iguatemi está negociando com um valuation atrativo de 9,2% FFO yield 2023E, implicando em um desconto de 30% para a Multiplan”, escrevem os estrategistas do Safra.

Eletromidia (ELMD3)

“A Eletromidia é a maior empresa brasileira de mídia OOH (Out of Home ou ‘fora de casa’). Seu modelo de negócio consiste na veiculação de campanhas publicitárias em painéis digitais e estáticos. A companhia é dividida em cinco segmentos: ruas, shoppings, elevadores, transportes e aeroportos. Com um inventário de aproximadamente 75 mil painéis (70% digitais), a Eletromidia oferece ativos premium nas principais capitais midiáticas do Brasil, alcançando mais de 25 milhões de pessoas diariamente. Nossa preferência pela Eletromidia está fundamentada em seu elevado potencial de crescimento, que é sustentado pelo ganho de penetração da mídia OOH nos orçamentos de propaganda – é uma mídia complementar às propagandas online e mais rentável que os meios tradicionais (televisão, jornais etc). Por fim, acreditamos que a empresa continuará se beneficiando de sinergias com empresas recém adquiridas, do fim das restrições de mobilidade social e sazonalidade positiva do negócio (Copa do Mundo), que deverá impulsionar os resultados de curto prazo da empresa”, escreve a equipe de estrategistas do Itaú BBA.

Localiza (RENT3)

“Um nome de alta qualidade que oferece uma boa relação risco-retorno. Vemos grandes sinergias com a fusão da Unidas e esperamos que o mercado precifique gradualmente essas sinergias à medida que a empresa avança com a integração. Outros temas para melhorar o sentimento dos investidores sobre o nome no curto prazo: (i) normalização gradual do mercado automobilístico, que deverá sustentar a renovação da frota da Localiza com melhores condições de compra; (ii) participação de mercado, que deve crescer no segundo semestre com a aceleração da renovação da frota; e (iii) menores taxas de juros de longo prazo. Os fundamentos de longo prazo também estão intactos para o segmento, com muitos segmentos de produtos com baixas taxas de penetração”, lista o time de estrategistas do BTG Pactual.

Wilson Sons (PORT3)

“A Wilson Sons é uma empresa que opera em navegação. Os maiores negócios da companhia são a operação dos portos do Rio Grande e de Salvador, bem como o mercado de navios reboque, das quais a Wilson Sons detém 50% de participação. A empresa é centenária e atravessou momentos extremamente complicados para a navegação brasileira mantendo a sua solvência e lucratividade. As linhas de negócio, portanto, são muito resilientes, com um planejamento sólido e execução impecável. Em termos de preço, vemos upside relevante, bem como uma oportunidade de diversificação setorial desta carteira. Por estas razões, incluímos no nosso portfólio”, defende a Órama.

Intelbras (INTB3)

“Fundada em 1976, a Intelbras oferece uma vasta gama de produtos e soluções de segurança, redes, comunicação e energia. Além disso, ao longo de sua história, a empresa também realizou uma série de aquisições, visando trazer ativos complementares ao seu portfólio de produtos e serviços. As suas principais vantagens são acerca da diversidade de portfólio e investimentos no desenvolvimento de novos produtos. Temos expectativas favoráveis para a empresa devido ao seu potencial de crescimento, principalmente no segmento de energia solar que, em nossa visão, poderá ser impulsionado pela volatilidade nos preços da energia para o consumidor, aumentando a demanda por métodos alternativos de produção de energia. Mesmo com os custos elevados de matérias-primas e volatilidade no câmbio no 2T22, a Intelbras foi capaz de entregar números em linha com o esperado pelo mercado, incorporando parcialmente (somente maio e junho) os números da adquirida Renovigi, focada em painéis solares. A empresa entregou 40% a/a de crescimento na receita líquida, em linha com as estimativas do mercado, e 25% a/a ex-Renovigi. O segmento de energia solar, que representou cerca de 35% da receita total da empresa, viu crescimento de 241% na sua receita líquida, comprimindo em 8 p.p. a margem bruta, que atingiu 15,6%, impactado pelo excesso de estoque importado de produtos no mercado nacional, reduzindo as margens do segmento”, recomenda a Guide.