Onde investir a reserva de emergência: Tesouro, CDB, fundo, LCIs, conta remunerada ou ETF?

Cada vez mais existem no mercado opções que reúnem segurança. liquidez e indexação à Selic. Então, qual é a melhor?

Segurança, liquidez e indexação à Selic. Estas são as três características que um investimento para a reserva de emergência deve reunir. Mas cada vez mais existem no mercado opções que reúnem estes atributos. Então, qual é a melhor?

As aplicações mais recentes a entrarem no radar de quem monta a reserva de emergência são o ETF, Tesouro Selic (LFTS11), e as LCIs e LCAs com liquidez diária após 90 dias.

Os já clássicos investimento direto em títulos do Tesouro Selic e fundos Tesouro Selic Simples com taxa de administração zero continuam na lista. E, cada vez mais, CDBs com liquidez diária e contas que remuneram 100% do CDI também vêm sendo utilizados para este fim.

Para Marília Fontes, sócia da casa de análises Nord Research, qualquer que seja a alternativa escolhida, o investidor terá segurança e rentabilidades semelhantes.

Veja abaixo as vantagens e desvantagens de aplicar o dinheiro da reserva de emergência em cada aplicação:

Tesouro Selic

  • Vantagens: indexado 100% à Selic, não tem come-cotas, o que permite que, em prazos mais longos, seu rendimento ultrapasse os de fundos Tesouro Selic simples.
  • Desvantagens: cobra 0,20% de taxa de custódia por ano para investidores que tenham mais de R$ 10 mil investidos. Para valores menores, o investimento é isento da taxa.

Fundos Tesouro Selic simples com taxa zero de administração

  • Vantagens: liquidez diária e praticidade: dispensa a compra de diversas frações de títulos.
  • Desvantagens: tem come-cotas.

Conta corrente que rende 100% do CDI

  • Vantagens: resgate imediato do dinheiro.
  • Desvantagens: tem o risco da instituição financeira emissora. Ainda que seja garantido pelo FGC, o investidor pode demorar para receber o dinheiro em caso de falência do banco.

CDB de liquidez diária

  • Vantagens: ausência de taxas.
  • Desvantagens: tem o risco da instituição financeira emissora, ainda que seja garantido pelo FGC, o investidor pode demorar para receber o dinheiro em caso de falência do banco.

ETF Tesouro Selic

  • Vantagens: em até 6 meses tem a menor alíquota de IR (15% sobre os rendimentos).
  • Desvantagens: é necessário entrar no home broker da corretora para comprar uma cota. Cobra uma taxa de administração de 0,20%.

LCI e LCA com liquidez diária após 90 dias

  • Vantagens: tem maiores rendimentos e são isentas do pagamento de IR.
  • Desvantagens: é a opção menos líquida (só pode ser considerada como reserva de emergência após o período de carência) e tem risco da instituição financeira emissora (contudo, é garantido pelo FGC).

Rentabilidade não deve nortear investimento

Entre as aplicações listadas, Marcelo Milech, planejador financeiro certificado pela Planejar aponta que, no quesito rentabilidade, as LCIs e LCAs com liquidez diária saem na frente. “Caso paguem 90% do CDI para o prazo de um ano, o porcentual é equivalente a 112% do CDI (já que são isentos de IR). Ou seja 12% do CDI a mais que um CDB ou Tesouro Selic, o que em termos nominais significa 1,6% ao ano a mais”.

Contudo, LCIs e LCAs com liquidez após 90 dias só valem, naturalmente, para quem já tem uma reserva de emergência em aplicações mais líquidas. Isso porque O investidor terá de esperar três meses para considerá-la, efetivamente, como parte da reserva de emergência. Afinal, somente a partir deste prazo ela poderá ser resgatada a qualquer momento e são consideradas líquidas.

Facilidade não deve ser deixada de lado

Para Michel Viriato, sócio da Casa do Investidor, é importante que o investidor aplique o dinheiro no investimento com o qual se sinta mais confortável. Caso contrário, corre o risco de cometer erros em troca de um rendimento apenas ligeiramente maior do que o que receberia em outra aplicação.

“Não vale a pena esquentar a cabeça em troca de uma remuneração que pode significar mais R$ 4 por ano. É o caso de quem tem R$ 30 mil e receba 101% do CDI, e não 100%”.

Ele aponta que também não compensa por exemplo, criar uma conta adicional apenas para deixar o dinheiro rendendo 100% do CDI. A recomendação é não deixar dinheiro espalhado em muitas corretoras ou bancos. “Quando os recursos estão concentrados em uma instituição financeira é possível obter maiores benefícios em taxas e outros produtos”.

Riscos também devem ser considerados

Em relação a riscos, Fontes pondera que, no caso de CDBs com liquidez diária e contas remuneradas é necessário considerar o risco de acordo com a instituição financeira emissora. “Para reserva de emergência, prefira CDBs de grandes bancos”.

Mesmo que contem com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em caso de falência do banco o investidor pode demorar de 30 a 60 dias para receber o dinheiro. Isso pode ser um problema quando o objetivo é lidar com despesas imprevistas, que podem surgir a qualquer momento.

Por Marília Almeida, editora assistente no Bora Investir.