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Investimento de renda fixa: o que é, quanto rende e como funciona?
Nos últimos anos, o número de investidores no Brasil vem crescendo cada vez mais, assim como o interesse pelos investimentos em renda fixa. Para se ter uma ideia, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), este tipo de ativo financeiro representou 60,3% das aplicações em 2022.
Ou seja, alta de 3,5 pontos percentuais em relação ao ano anterior e maior proporção no volume de recursos investidos por segmento no país desde 2019.
Inclusive, as pesquisas sobre quanto rende, como funciona, o que é e quais os melhores investimentos em renda fixa dispararam nos buscadores da internet.
E não é por menos, afinal de contas, com a taxa Selic em 13,75% ao ano, maior valor desde 2016, saber quanto rende e como funciona a renda fixa se tornou mais interessante do que pesquisar sobre outros investimentos.
Em 2022, por exemplo, com valorização de 4,69%, o Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas na bolsa brasileira, ficou abaixo da inflação oficial (IPCA), de 5,79%, e até mesmo da caderneta de poupança, que encerrou o ano em alta de 7,14%. Não é à toa que no ano passado, o volume de recursos investidos em ações no país recuou 4,2%.
E a alta de juros deve permanecer, pelo menos, até o final do ano. O último boletim Focus, que reúne as estimativas de mercado, prevê a inflação em 6,03% no final do ano. Alta de 0,01% em relação ao comunicado anterior. Para a Selic, a expectativa é de 12,5% em dezembro.
Parece uma boa alternativa para incluir na carteira de investimentos, certo? Mas, antes de qualquer coisa, é necessário entender mais sobre o produto. Por isso, separamos as informações que você precisa saber para aplicar em investimentos de renda fixa com mais clareza.
Mas o que é e como funciona a renda fixa?
Então, começamos pelo básico: o conceito de renda fixa. Anota aí: este ativo financeiro é uma modalidade de investimento com retornos previsíveis, bom nível de segurança e fácil de administrar. Aliás, os títulos de renda fixa são créditos vendidos por governos, instituições financeiras ou empresas.
Entre os principais ativos de renda fixa estão:
- Poupança;
- Tesouro Direto;
- Certificados de Depósito Bancários (CDBs);
- LCI e LCA;
- Debêntures, entre outros.
A renda fixa é segura?
A renda fixa é um tipo de investimento para quem quer correr menos riscos. Portanto, se você tem até R$ 250 mil reais para aplicar, o risco, na verdade, é bem baixo.
Existe uma instituição chamada Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que garante a devolução desse valor por corretora ou banco e por CPF, caso o local onde você aplicou o recurso feche as portas. Assim, se você tem mais do que essa quantidade para investir, basta diluir em várias entidades.
É importante saber que o Tesouro Direto não é coberto pelo FGC, mas como quem garante é o governo, a segurança é bem alta. Caso o governo dê calote, é bem provável que muitos investimentos no país já estejam em colapso.
A renda fixa é fixa?
Aliás, é bom lembrar como funcionam os investimentos em renda fixa. Embora tenham taxas previsíveis, podem oscilar dentro de uma certa margem. Por exemplo, existem títulos pré e pós-fixados, que possuem indexadores como a Selic e o IPCA, que variam de acordo com o tempo.
Como é de se imaginar, um título de renda fixa prefixado é aquele em que você já sabe quanto será o rendimento no fim do vencimento. Já no título pós-fixado você só fica sabendo o valor de retorno da aplicação no dia do resgate.
Mas como essas oscilações não são tão grandes quanto a renda variável (ações e fundos de investimento), a evolução do rendimento da aplicação é bem previsível. Outro ponto importante: para você receber o valor combinado no momento do investimento é preciso que você mantenha a aplicação até a data do resgate.
Desse modo, caso você retire o dinheiro antes do combinado, irá pagar impostos mais altos. Além disso, existe um instrumento chamado marcação a mercado, que faz a aplicação oscilar diariamente. Quando as taxas de juros tendem a subir, os títulos indexados à Selic sofrem variações positivas.
Se o mercado espera queda, esses investimentos de renda fixa sofrem desvalorizações. O mesmo raciocínio se dá a títulos indexados ao IPCA. Se a inflação tem perspectiva de alta pelo mercado, seus títulos sofrem oscilação positiva; caso seja de baixa, eles recuam.
Como funciona o Tesouro Direto?
Desse modo, vale saber que quando você adquire um título do governo, por exemplo, você passa a ser credor do Tesouro Nacional.
O mesmo se dá com relação a um banco ou uma companhia. Os títulos de renda fixa públicos mais conhecidos no país são os vendidos pelo governo brasileiro, chamados de Tesouro Direto.
O governo, por sua vez, vende esses títulos com dois objetivos: rolagem de sua dívida ou como instrumento de controle da inflação. Por exemplo, quando o Banco Central (BC) sobe os juros, por meio da Selic, os títulos públicos ficam mais atraentes para os investidores.
Porém, quanto mais títulos são vendidos pelo governo, menos dinheiro circula, logo, menos inflação. Além disso, existem também a alta dos juros, que aumenta as taxas de financiamento da economia, reduzindo a atividade produtiva, o que força o recuo da inflação.
Inclusive, o Tesouro Direto vem crescendo no volume de recursos aplicados pelos brasileiros. De acordo com a Anbima, em 2021 eram R$ 108 bilhões investidos. Enquanto no final do ano passado aumentou para R$ 135 bilhões. Alta de cerca de 25%.
E do lado dos bancos, os mais conhecidos títulos vendidos por estas instituições financeiras são os Certificados de Depósito Bancários (CDBs); já pelas empresas, são as debêntures. Para saber quanto rendem e como funcionam esses investimentos de renda fixa, falaremos deles mais abaixo.
E quanto rende o Tesouro Direto?
O Tesouro direto possui títulos com indexadores, prazos e taxas pré ou pós-fixadas. O Tesouro prefixado, por exemplo, com vencimento em 2026, paga atualmente 11,27% ao ano e é possível investir nele com apenas R$ 30,18. Dessa forma, se você investisse R$ 1 mil hoje, em 2026, resgataria, já descontados o imposto e taxas, mais ou menos o valor de R$ 1,27 mil.
Já o Tesouro Selic 2029, um subgrupo de investimento de renda fixa, com vencimento em seis anos, paga a taxa Selic + 0,176% ao ano. Com os mesmos R$ 1 mil, você receberia no vencimento algo em torno de R$ 1,586 mil. Existe também o Tesouro IPCA+, com vencimento em 2035, e que paga o valor da inflação ao ano (IPCA) + 5,65%. Passados esses 12 anos, com os mesmos R$ 1 mil, você teria, mais ou menos, R$ 2,75 mil.
Lembrando que as taxas de inflação e Selic usadas nestes cálculos são a partir de estimativas futuras para esses índices nos próximos anos. Além desses títulos exemplificados acima, você encontra diversos outros no site do Tesouro Direto.
Se você ficou interessado no produto sabia que para investir no Tesouro Direto é importante lembrar das faixas de impostos de acordo com o período de resgate.
22,5% | Investimentos até 180 dias |
20% | Investimentos entre 181 e 360 dias |
17,5% | Investimentos entre 361 a 720 dias |
15% | Investimentos acima de 720 dias |
Quanto rendem os CDBs?
Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) são títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras. Esses títulos são lastreados no DI, uma taxa cobrada entre bancos, que costuma ser 0,1% abaixo da Selic.
Como a Selic está atualmente em 13,75%, o CDI é de 13,65%. Então, quando você vê algum anúncio de instituição informando que paga 100% do CDI, significa que seu CDB paga 13,65% ao ano. Algumas instituições anunciam pagamento nesses investimentos de renda fixa bem acima dos 100%. No entanto, desconfie de taxas muito além das pagas pelo mercado.
Aliás, se você investir R$ 100 mil em um CDB, ao longo de 12 meses, você receberia R$ 113,65 mil. Valor esse, ainda não descontado o IR, que neste período seria de 17,5% sobre o lucro.
Outro detalhe: se você contratar um CDI que não tenha liquidez diária, ou seja, que não tem possibilidade de resgate a qualquer momento, e precisar resgatá-lo antes de seu vencimento, além das taxas e impostos que são cobrados de qualquer um destes investimentos, você ainda pagará outras tarifas cobradas pelo banco.
Inclusive, os CDIs com juros mais altos também são aqueles com taxas de vencimentos mais longas. Lembrando que a tabela de desconto de impostos segue a mesma do Tesouro Direto.
Pela facilidade e rentabilidade desse tipo de investimento, os CDBs lideraram o volume de investimento, fechando o ano de 2022 com R$ 715,9 bilhões, alta de 25,5% em relação a 2021. Atualmente, os CDBs representam 30,1% dos investimentos no país, entre títulos e valores mobiliários.
Quanto rendem as debêntures?
As debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas. Companhias que desejam buscar recursos no mercado podem emitir esses papéis para tentar obter financiamentos mais baratos que em instituições financeiras.
Assim como os demais títulos de renda fixa, as debêntures também podem ser pré e pós-fixadas. Os valores negociados por debêntures podem alcançar valores bem superiores aos dos demais títulos de renda fixa. Algumas deram quase 30% ao ano em 2022. No entanto, envolvem muito mais riscos.
Vamos supor que você tenha R$ 100 mil para investir em uma empresa que pague 20% ao ao ano em suas debêntures. Lembrando que que neste caso, quanto mais alto a taxa de retorno paga pela empresa, maiores são os riscos. Em dois anos, você teria R$ 144 mil. Aliás, as taxas de IR cobradas sobre as debêntures comuns são as mesmas, e de mesma periodicidade que as sobre os títulos do Tesouro Direto.
Já as chamadas debêntures incentivadas são isentas. No entanto, pagam IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Aliás, as debêntures também cresceram no apetite do investidor brasileiro no último ano. Enquanto em 2021, eram R$ 71,5 bilhões investidos, no ano passado foram R$ 95,9 bilhões. Alta de 35%. No entanto, é bom lembrar, caso a empresa se torne insolvente, não há garantia do FGC
Quanto rende a LCI e a LCA?
LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito Agrário) são instrumentos de renda fixa que mais cresceram nos últimos anos. Motivo: isenção de IR. Elas também são garantidas pelo FGC.
Por isso, as LCAs tiveram ganho de 76% em 2022, chegando a R$ 317,6 bilhões, enquanto as LCIs subiram 67,6%, alcançando R$ 217,2 bilhões.
A LCI representa uma fonte de recursos para o setor imobiliário, pois possui como lastro créditos imobiliários. Por outro lado, a LCA segue a mesma lógica, porém lastreada no mercado do agronegócio. Explicando: quando você adquire esses papéis da LCA, você ajuda a financiar empresas ligadas ao setor agrário. A compra é feita, assim como o CDB, diretamente junto às instituições financeiras.
Desvantagem das letras de crédito
Diferente dos demais investimentos, uma desvantagem tanto da LCI quanto da LCA na seara das aplicações em renda fixa, é que ambas não podem ser resgatadas a qualquer momento e dependem do prazo estabelecido na aquisição do título. Ou seja, se você acredita que poderá precisar do dinheiro em uma emergência, o investimento não é muito recomendado.
E ainda que as letras de crédito tenham a opção de serem negociadas no mercado secundário, ou seja, entre investidores, no caso de uma necessidade emergencial, sabia que esta seria uma tratativa a mais que você precisará fazer, tendo às vezes, que oferecer um desconto para vendê-las.
Remuneração
Como são remuneradas as letras de crédito? Pois bem, existem títulos prefixados e pós-fixados. Os títulos prefixados são indicados a quem aposta em queda dos juros ao longo do período de aplicação. Do contrário, a melhor opção são as pós-fixadas.
Na LCI e na LCA, os juros costumam ser ligados ao CDI e aos índices de inflação. De modo geral, a remuneração das letras de crédito costuma ser menores que as de CDI. Mas como não pagam IR, em algumas ocasiões podem ter maior valorização final.
As LCIs e LCAs pagam, em média, 90% do CDI. Ou seja, cerca de 12% ao ano. Por exemplo, se você investir em uma LCI/LCA, o valor de R$ 200 mil durante um período de 5 anos, no final, você obteria algo em torno de R$ 352,45 mil. Embora não sejam cobrados impostos, as LCI/LCA possuem carência, às vezes, bem mais longas que outros títulos de renda fixa. Por isso, é necessário verificar esse prazo antes de aplicar.
E aí, partiu investir em renda fixa?
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