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Quais são as vantagens da poupança? Elas realmente existem?
Quando a gente fala sobre as possibilidades no mundo dos investimentos, muitos analistas torcem o nariz para a caderneta de poupança. Afinal de contas, há diversos outros ativos financeiros tão seguros quanto este produto e que ainda rendem mais. Mas será que podemos falar em vantagens da poupança em meio a tantas outras possibilidades?
Isto porque, primeiro, a caderneta é a porta de entrada do investidor para o mundo dos investimentos. Estamos falando de um ativo de renda fixa considerado de baixíssimo risco. Mas que tal, antes de sacar o seu dinheiro da poupança e alçar novos voos, entender como funciona o investimento escolhido como o número 1 pelos brasileiros, segundo o Raio X do Investidor, pesquisa realizada pela Anbima?
Como funciona a poupança?
A poupança é o tipo de investimento considerado mais tradicional e seguro. Sendo assim, é o mais indicado para o investidor conservador, que não está disposto a correr riscos.
Quase todos os bancos comerciais oferecem essa modalidade e não é preciso ser correntista para contar com uma caderneta. Para isso, basta comparecer a uma agência bancária com CPF, documento de identidade e comprovante de residência. E aqui você já tem o primeiro lado bom da caderneta: a facilidade de investir.
A poupança funciona de uma forma bem simples. Após a abertura da conta, é só depositar o dinheiro e acompanhar o rendimento, que tem aniversário sempre no mesmo dia de cada mês.
Não há taxas para abrir nem para manter a caderneta em qualquer instituição financeira. Muito menos impostos. E é exatamente por tudo isso que ela é tão tradicional e atrativa para muitos brasileiros.
O valor depositado passa a render após um mês da data de entrada. Isso significa que se você transferir R$ 100 para a poupança no dia 5 de maio, o lucro será obtido apenas em 5 de junho, e assim sucessivamente. Prestar atenção a esse ponto é fundamental, afinal, essa regra, conhecida como aniversário da poupança, é uma das questões mais importantes desse produto.
O que é o aniversário da poupança?
O rendimento da poupança só ocorre depois de um mês da data do depósito. Essa data do retorno é chamada de “aniversário da poupança”. Caso você retire o dinheiro antes, não vai ter rentabilidade alguma. Por isso, é imprescindível ficar de olho nesse período para não deixar o lucro escapar.
Rentabilidade: poupança é um bom investimento?
Tradicionalmente, o rendimento da poupança sempre foi determinado pela variação da TR – taxa referencial – mais juros de 0,5% ao mês. Entretanto, as regras sofreram alteração em maio de 2012.
Com as novas regras, os depósitos feitos em poupança até o dia 4 de maio de 2012 (“Velha Poupança”) continuam rendendo a mesma coisa. Entretanto, a partir daí, o rendimento depende da taxa Selic determinada pelo Banco Central.
Se a meta para a taxa básica de juros da economia for superior a 8,5%, como atualmente, nada muda. Entretanto, se o valor for igual ou menor a 8,5%, os juros passam a ser 70% da Selic.
O rendimento da poupança é creditado de acordo com a data-base, também chamada de “aniversário”. Essa data refere-se ao dia em que foi feito o depósito ou transferência.
O valor do rendimento, então, é creditado na mesma data ou no dia útil subsequente. Isso ocorre a cada mês, para pessoa física, ou três meses, para pessoa jurídica.
Para pessoas jurídicas, há uma alíquota de 22,5% de IR sobre os rendimentos. Já as pessoas físicas, são isentas de tributação.
O que é TR (Taxa Referencial)?
A Taxa Referencial é uma taxa de juros básica divulgada mensalmente pelo Banco Central e calculada a partir do rendimento mensal médio dos CDB e RDB. É usada para a correção das aplicações da caderneta de poupança e das prestações dos empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação.
Embora seja usada como indexador dos contratos, a TR é uma taxa de juro e não pode ser confundida com inflação.
Quanto rende a poupança com a queda da Selic?
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,25 ponto porcentual na quarta-feira (20). Com isso, a taxa foi de 11,25% para 10,75%.
O corte dos juros reduz a rentabilidade de vários títulos da renda fixa, como CDBs, Tesouro Selic e poupança. No entanto, dentre as três modalidades, a poupança é a única que não será impactada com o novo corte de juros.
“Com a queda da Selic, a poupança acaba se aproximando de outros investimentos de renda fixa, como o CDB 100% e o Tesouro Selic, que pagariam aproximadamente 10,75% ao ano. Para se ter uma ideia, a poupança, nos últimos 12 meses, em função da TR, pagou 7% ao ano. Esta proximidade se dá desde que a Selic esteja acima de 8,5%”, pontua Carlos Castro, planejador financeiro CFP e sócio fundador da SuperRico.
Imposto de Renda
O especialista ressalta, entretanto, que, em CDBs e Tesouro Direto, há cobrança de Imposto de Renda, o que não ocorre com a caderneta. “Do ponto de vista de equivalência, seria dizer que a poupança hoje equivale, quando você a compara a um título de renda fixa que paga imposto, a 75% do CDI”, explica Castro.
Isso acontece porque as aplicações efetuadas na caderneta após 2012 possuem regra própria. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, o retorno será de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), e com Selic abaixo de 8,5% ao ano o retorno será de 70% da Selic mais a TR.
A única variação neste momento se dá função da taxa referencial (TR), que depende da Taxa Básica Financeira (TBF) e a aplicação do redutor (R) divulgado pelo Banco Central. Nesse sentido, não se espera alterações significativas para as remunerações da poupança enquanto a taxa básica estiver acima de 8,5% ao ano.
Por que a poupança é considerada um investimento ruim?
Deixar a aplicação na poupança muitas vezes pode significar desvalorização do seu dinheiro. Em 2023, por exemplo, o rendimento da poupança em foi de 8,03% ao ano, como reflexo da manutenção da taxa Selic em patamares elevados.
Já a inflação acumulada em 2023 foi de 4,62%. Assim, o rendimento real da poupança no ano foi de 3,41%.
Apesar do rendimento acima da inflação no ano passado, a poupança registrou desempenho inferior a outras aplicações de renda fixa. Só para você ter uma ideia, o Tesouro Prefixado 2029 rendeu no ano passado 26,89% – mas você tem que esperar até a data de vencimento.
Qual é o risco de colocar meu dinheiro na poupança?
É importante destacar que, apesar de a poupança ser um investimento de baixo risco, ele ainda assim existe. O principal problema está associado à eventual falência do banco onde está aplicado o dinheiro.
Nesse caso, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) garante ao investidor o valor de até R$ 250 mil. Embora o FGC seja um bom indício de segurança, esse tipo de garantia não é exclusividade da caderneta de poupança. Há outros investimentos de renda fixa que também são cobertos pelo FGC e que apresentam melhores rentabilidades e podem ter também liquidez diária.
Confira 4 vantagens da poupança
A caderneta de poupança é conhecida por ser uma conta prática, simples de abrir e mexer, além de ser bastante segura. A seguir, confira 4 vantagens dessa aplicação.
Facilidade para investir e movimentar
A facilidade de abrir e movimentar a conta poupança são dois dos seus principais benefícios. Para ter uma caderneta, não é necessário comprovar renda e qualquer pessoa pode abrir conta.
Além disso, ela é isenta de taxas de abertura e manutenção. Isso torna a aplicação mais acessível a todos.
Por conta de sua simplicidade, é uma boa maneira de começar a guardar dinheiro, já que ela oferece uma remuneração, mesmo que pouca. Embora a rentabilidade não seja tão atrativa quanto a de outros investimentos de renda fixa, trata-se de é uma alternativa mais interessante do que deixar o dinheiro parado na conta corrente.
“A caderneta sempre vai render menos. O objetivo dela não é ser um investimento. Ela é uma conta corrente remunerada, bastante simples. Quando você aprende a investir, começa a buscar veículos que tragam ao menos 90% do CDI. A finalidade da poupança é ensinar as pessoas a criarem o hábito de guardar dinheiro. Sendo assim, costumo separar o poupar, que é o caso da caderneta, do investir”, afirma Carlos Castro.
Segurança
A segurança é outra vantagem da caderneta. Ela é protegida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Ele assegura ao investidor que, caso o banco em que o dinheiro está investido quebre, ele terá o retorno de até R$ 250 mil aplicados por instituição financeira.
Isenção de taxas e de Imposto de Renda
Um fator que leva muitas pessoas para a poupança é a isenção de Imposto de Renda sobre a aplicação. Ou seja: você tem acesso a toda rentabilidade alcançada com o valor pago, sem nenhum desconto de taxas.
Mas vale lembrar que há investimentos com rentabilidades muito melhores e que também têm isenção de IR. No mercado de renda fixa, geralmente procurado por investidores iniciantes ou conservadores, é o caso de LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas.
Além disso, outro ponto positivo da poupança é que não há taxas para abertura nem para manutenção da conta.
Liquidez diária
Por fim, vale mencionar que o dinheiro depositado na poupança pode ser sacado a qualquer momento. Por essa razão, afirma-se que ela tem liquidez diária. Porém, lembre-se da regra de aniversário da poupança, que determina que só há rentabilidade após o depósito completar um mês.
Por que a poupança não é um bom investimento?
Uma das justificativas de quem investe na poupança é ter pouco dinheiro para aplicar em outros produtos e também a segurança. Entretanto, há muitos motivos para escolher investimentos melhores que a caderneta.
Existem opções que exigem um valor baixo de investimento. É o caso, por exemplo, do Tesouro Direto, programa de títulos públicos oferecido pelo Tesouro Nacional e que tem um investimento mínimo de R$ 30; é uma modalidade segura e de baixo risco, já que é garantida pelo governo federal.
Além disso, outro grande entrave da poupança, como já mencionado, é que, caso a retirada do valor investido seja feita antes do chamado “aniversário do depósito”, os rendimentos se perdem.
Ou seja, é necessário esperar o aniversário do depósito – 30 dias depois da data de aplicação – para sacar o valor investido sem perder os rendimentos.
Por fim, vale ressaltar que a poupança pode render menos que a inflação. Na prática, isso se chama perda do poder de compra. Por isso, é sempre interessante buscar conhecimento e passar da fase do “poupar” para a etapa do “investir”.
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