Com mercado aquecido, vale a pena investir em debêntures agora?

Estes são instrumentos de renda fixa, mas carregam riscos atrelados às suas emissoras

O mercado de debêntures está aquecido em 2022 e deve continuar assim até o fim do ano. Com investidores procurando a renda fixa para aproveitar a Selic em 13,75% ao ano e empresas reforçando o caixa para atravessar um período desafiador, as condições para um movimento forte de oferta estão dispostas. 

Empresas como Assaí (ASAI3), Hypera (HYPE3), Braskem (BRKM5) e PetroRio (PRIO3) compõem a lista de emissores de debêntures em 2022. 

Mas um mercado aquecido e nomes de peso emitindo debêntures são argumentos para dizer que é uma boa apostar nesse instrumento? Como em quase tudo nos investimentos, a resposta é: depende. 

Perfil de investidor

O primeiro passo é entender se o seu perfil de investidor é compatível com o investimento. Apesar de serem instrumentos de renda fixa, as debêntures são consideradas sofisticadas e ainda é preciso lembrar que ao comprar um título desses, o investidor está emprestando dinheiro para uma empresa. Portanto, o retorno do investimento vai depender da saúde financeira da companhia. 

Classificação da debênture

Outro fator importante para ficar de olho é a classificação da debênture.

Agências de classificação de risco dão notas a esses títulos dependendo da chance de calote que enxergam para o instrumento.

Debêntures com menor classificação de risco costumam ter rentabilidade maior para atrair investidores. 

Ainda é preciso considerar quando a debênture foi emitida, alerta Felipe Lima, gestor na FL Asset.

“Se a emissão foi feita há muito tempo, a classificação de risco pode estar desatualizada. Porém, no geral, as empresas oferecem debêntures de boa qualidade”, afirma o especialista em renda fixa. 

Vale a pena investir em debêntures agora? 

Há boas oportunidades nesse mercado, mas não é tão simples encontrá-las. “É um tipo de instrumento que não é tão trivial. Pode ser acessado por qualquer um, mas recomendo que tenha ajuda profisisonal”, diz Lima. 

Prefixadas

Quem aposta no fim do ciclo de alta da Selic nos 13,75% ao ano, como agentes do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central, pode investir em debêntures prefixadas emitidas durante o ciclo de alta. Isso porque elas têm um prêmio fixo, precificado enquanto a Selic está alta, e vão manter a rentabilidade independentemente da política monetária adotada pelo Banco Central.

Se o BC optar por para de aumentar a Selic, o investidor tem nas mãos um título de boa rentabilidade e que pode se valorizar quando a taxa básica de juros começar a cair. 

CDI ou IPCA?

Quando não têm rentabilidade prefixada, as debêntures geralmente têm prêmio atrelado ao CDI ou ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

É mais comum que esses ativos estejam ligados ao índice de inflação.

Geralmente pagam juros semestrais, o que, segundo Lima, diminui o risco do investimento.

“Você tem retorno aos poucos e isso diminui o risco de calote”.

O especialista ainda alerta para os títulos ligados ao CDI e defende que eles precisam pagar mais que CDBs indexados ao índice. “Nas debêntures você tem um risco de liquidez (de não conseguir vender o ativo) maior e ainda tem o risco da empresa que emitiu e do setor onde ela atua”, explica Lima. 

Para ele, as debêntures ligadas ao IPCA são uma boa opção para quem quer se proteger da inflação e ainda ter um ganho real. 

Debêntures incentivadas

Há uma classe especial de debêntures, emitidas para financiar projetos específicos e de interesse para o desenvolvimento do país. As debêntures incentivadas podem ser uma boa alternativa para investidores que querem rentabilidade maior.

Isso porque esses títulos são livres de Imposto de Renda, o que não acontece com as debêntures comuns.

O incentivo está aí: sem IR, maiores as chances das empresas captarem recursos para investimentos que podem beneficiar o Brasil.