HCTR11: Relembre a história do fundo imobiliário que motivou a busca e apreensão na Suno

Comentários de investidores em redes sociais sobre suposto conflito de interesse ampliaram volatilidade do FII. Caso é de 2022

Na manhã desta terça-feira (14), foi realizada uma operação de busca e apreensão determinada pela 42ª Vara Cível de São Paulo em cinco endereços de três cidades (São Paulo, Porto Alegre e Goiânia). No centro da investigação está uma suposta manipulação no mercado de fundos imobiliários (FIIs). Um dos alvos da operação é a casa de análise Suno. A informação foi dada em primeira mão pelo colunista de O GLOBO, Lauro Jardim.

Segundo o jornalista, na origem do problema estão as oscilações das cotas de fundos imobiliários após publicações feitas nas redes sociais de um fundador da casa de análise e nas redes de dois de seus analistas. Um dos casos sob investigação é o do fundo HCTR11.

O que aconteceu com o HCTR11?

Em abril de 2022, um dos fundos imobiliários mais populares listados na B3, o fundo HCTR11 teve oscilação atípica em suas cotas, com variação negativa de quase 25% num intervalo curto de tempo. O objetivo seria supostamente desvalorizar o HCTR11 e indicar aos cotistas o investimento nos fundos da própria Suno Asset.

Na época, o episódio demonstrou, segundo analistas de mercado, que a forte volatilidade experimentada pelo HCTR11, num curto período de tempo, refletiu a influência cada vez maior de comentários publicados nas redes sociais, fóruns e plataformas por investidores.

Que tipo de fundo é o HCTR11?

O HCTR11 é um fundo conhecido no mercado como “de papel”. O termo designa portfólios que investem principalmente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e outros títulos imobiliários. O veículo esteve sob forte escrutínio em 2022 diante de comentários de investidores, analistas e influenciadores que levantaram sinal amarelo ao fundo.

Um dos pontos levantados se referia a um eventual conflito de interesses diante do investimento duplo no shopping Circuito de Compras, localizado no bairro do Brás, em São Paulo. Segundo comentários nos grupos online, o HCTR11 havia realizado aporte de recursos por meio de dívida com a emissão de CRI que financiou o empreendimento.

Mas, posteriormente, adquiriu participação no projeto. Ou seja, tornou-se sócio. O questionamento desse arranjo é que o dinheiro dos investidores foi usado para financiar um projeto no qual a casa de análise tinha sociedade.

Outro lado

Na época, abril de 2022, a administradora do fundo, divulgou nota dando sua versão dos fatos: “não faz sentido a afirmação que o fundo emprestou dinheiro para si mesmo”.

Para a gestora, “a estrutura de investimento via equity [participação] e dívida no mesmo ativo cria exposições diferentes, mas não necessariamente conflitantes”.

O comunicado explicava que o CRI segue uma estrutura de governança apartada e própria da securitizadora e agente fiduciário.

“[O fundo] apenas se expõe de maneira diferente em termos de risco/retorno ao mesmo ativo, junto com outros investidores em cada uma das classes.”

“O relatório tranquilizou muita gente no mercado”, afirmou um gestor, na ocasião, que pediu para se manter anônimo. “É uma indústria que tem muita gente dando opinião e muitas vezes as pessoas ficam ecoando avaliações com pouca base”, acrescenta.

Cotação e dividendos HCTR11

O atual dividendo do HCTR11 foi de R$ 1,00 por cota na data 14/02, com um Dividend Yield de 1,02% com base na cotação de R$ 98,01 da data com (07/02). O HCTR11 performa com baixa este ano de 10,24% . A cotação do HCTR11 começou o ano na casa dos R$ 100,80 e na manhã de terça-feira (14) operava em R$ 90,48.

Fontes: Valor Econômico, Globo, https://fiis.com.br