Mercado de ETFs deve dobrar até 2026; veja como funciona o investimento
Serão US$ 18 trilhões investidos em todo o mundo; renda fixa, criptomoedas e ESG são tendência
Os ETFs sob gestão no mundo devem atingir US$ 18 trilhões até 2026, aponta a consultoria e auditoria PwC, que escutou 80% da indústria global. Os executivos acreditam que os ETFs de renda fixa, criptomoedas e ESG são tendência. Essa é a estimativa da maioria (58%) dos executivos dessa indústria no mundo, ouvidos em um estudo da consultoria e auditoria PwC.
Eles apontam que os ETFs do futuro acompanharão a carteira de indicadores atrelados à renda fixa, às criptomoedas e à agenda ambiental, social e de governança (ESG, na sigla em inglês), que já começaram a pipocar por aí, inclusive no Brasil. Os ETFs são fundos de investimentos negociados em Bolsa cujos gestores seguem um índice, como o Ibovespa. Eles costumam ser aconselhados para aqueles que desejam começar a investir, por serem fáceis de aplicar e cobrarem taxas baixas. A indústria de ETFs começou a crescer recentemente no Brasil, mas esses fundos já são bastante populares em outros países.
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A consultoria entrevistou 60 profissionais – três a cada quatro eram gestores de ETFs e o restante eram gestores de fundos ativos, formadores de mercado e prestadores de serviços. Eles são de casas de investimentos que, juntas, respondem por 80% dos ETFs do mundo. A maior parcela é dos Estados Unidos (37%) e da Europa (24%), mas também há companhias do Canadá (20%) e da Ásia (19%).
Como investir em ETFs?
O ETF é um fundo de índice, que oscila de acordo com a sua referência, seu benchmark. Os analistas costumam dizer que ele chega a ser um produto democrático, com valor mínimo de investimento baixo e é fácil de acompanhar. Segundo a B3, o número de CPFs que investem na modalidade mais que dobrou em 2021, chegando a 500 mil investidores, aumento de 109%, para ser mais exato. Hoje, já são cerca de 600 mil pessoas.
Há várias opções no mercado. Os ETFs de renda fixa, por exemplo, são fundos negociados em Bolsa que buscam refletir as variações e a rentabilidade de índices de renda fixa. Uma das vantagens dos ETFs de renda fixa é a tributação do Imposto de Renda, de 15% sobre o lucro, independentemente do prazo da aplicação.
Já os ETFs de renda variável, chamados de ETFs de ações, também são negociados em Bolsa e são formados por ações, seguindo um determinado índice reconhecido pela CVM. Por exemplo: um ETF de renda variável pode seguir o índice Nasdaq ou o Ibovespa.
A popularização dos ETFs
A PwC observa que, desde a década de 1990, os ETFs deixaram de ser uma alternativa de nicho e se popularizaram lá fora devido à facilidade de negociação, às taxas baixas e à transparência, por seguirem um índice, com os EUA liderando o caminho. O mercado no mundo quase triplicou nos últimos cinco anos: saiu de US$ 3,3 trilhões em 2016 para US$ 10 trilhões em 2021. A consultoria acredita que a indústria pode ultrapassar os US$ 20 trilhões até 2026.
A PwC ainda nota que a pandemia de covid-19 foi um teste para esses fundos e que eles foram resilientes em diferentes países e segmentos. “Em meio à incerteza e a volatilidade do mercado financeiro em 2020 e 2021, os ETFs estão saindo da crise mais fortes do que nunca”, diz no estudo, “Os participantes da nossa pesquisa esperam que a onda de crescimento continue embora em ritmo ligeiramente mais lento do que nos últimos anos.”
Segundo a PwC, o crescimento contínuo desses produtos abre “imensas oportunidades” para antigos e novos ETFs, o que também trará maior concorrência, complexidade e regulamentação.
Globalmente, muitos gestores de ETFs estão expandindo as ofertas e grandes gestores de fundos de ações. Aqueles que inovarem e entregarem altos retornos, mantendo as taxas baixas e a transparência, vão se destacar.
Como serão os ETFs do futuro?
De acordo com a consultoria, a próxima fase de crescimento desses fundos incluirá ETFs que seguem índices de renda fixa, criptomoedas e agenda ESG. Nos Estados Unidos, por exemplo, ao responder quais ETFs terão alta demanda de investidores nos próximos dois ou três anos, 89% dos executivos citaram os de renda fixa e 71%, os temáticos. Entre os temáticos, 25% deles afirmaram que planejam lançar ETFs de criptomoedas no próximo um ano e meio se eles forem regulados.
Já na Europa, 82% dos executivos citaram os de ESG e 76%, os de renda fixa. Entre os temáticos, 46% deles afirmaram que planejam lançar ETFs de criptomoedas no próximo um ano e meio, porque a regulação está mais avançada no continente.
Além disso, globalmente, 46% dos participantes da pesquisa esperam que mais de 50% dos ETFs lançados no próximo ano sejam focados em ESG.
O estudo ainda mostrou que entrevistados citaram entre os ETFs que terão alta demanda aqueles ativos, ou seja, que acompanham a carteira de um indicador, mas o gestor pode escolher ações específicas ou mudanças de setor, por exemplo. Também deve ser tendência a expansão desses fundos para novos mercados, incluindo a América Latina, e a distribuição on-line em plataformas de investimentos.
Brasil tem menos de 1% do mercado de ETF
A consultoria não escutou executivos da indústria de ETFs brasileira porque ela ainda não chega nem a 1% do mercado global, conforme Caio Arantes, sócio da PwC Brasil. Contudo, essa indústria cresce no país e deve seguir as mesmas tendências, de acordo com o executivo. “Com o tempo, as pessoas vão entender o que os ETFs são, especialmente quando os grandes bancos começarem a distribuir ao varejo”, afirma. “ETFs atrelados a criptomoedas e a ESG tendem a se popularizar com baste força aqui também”.
Com reportagem do Valor Investe