Quais foram os melhores investimentos de 2023?

Quatro especialistas elegeram, entre a renda fixa e a variável, os destaques do ano

Quais foram os melhores investimentos de 2023? Quais aplicações se destacaram na renda fixa e também na renda variável? Para responder a esta pergunta, convidamos quatro especialistas para que dissessem quais foram, na sua opinião, os melhores investimentos deste ano. São eles:

  • Erica Santos, coordenadora comercial da Nova Futura Private;
  • Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital;
  • Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos e
  • Volnei Eyng, economista e Ceo da Multiplike

Segundo eles, a alta dos juros nos Estados Unidos e a manutenção da taxa de juros em dois dígitos no Brasil, mesmo com as recentes quedas da Selic, fizeram com que a renda fixa mais uma vez fosse o destaque dos investimentos. Além disso, outros destaques foram o bom desempenho das criptomoedas e ações.

Confira, a seguir, a análise completa de cada um dos especialistas sobre os melhores investimentos de 2023.

“Juros altos favoreceram, de novo, a renda fixa”

É o que aponta Erica Santos, coordenadora comercial da Nova Futura Private. “O ano de 2023 reafirmou o conceito de diversificação, algo que começou a ser falado com maior intensidade na pandemia”, diz.

“Esse ano foi movimentado, com mudança de governo por aqui, início do ciclo de cortes de juros (Selic), incertezas no exterior. Todos são fatores que afetam os investimentos”, complementa.

“Em 2023, por conta dos juros elevados, a renda fixa continuou sendo muito procurada pelos investidores, sendo destaque em 2023”.

“Após o evento das Lojas Americanas (AMER3), tivemos uma elevação das taxas de renda fixa em geral. Isso gerou oportunidades aos investidores, principalmente nos ativos isentos de IR para pessoas físicas, como LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas”, afirma.

“Tesouro Selic e IPCA+: bons rendimentos e proteção da carteira”

Isso é o que acredita Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital. Em um ano onde os juros se mantiveram lá em cima, a renda fixa foi destaque dos investimentos em 2023, para ela. “Aliás, a taxa de juros americana subiu como não se via desde a crise imobiliária de 2008”, comenta.

“Na minha opinião, o Tesouro Selic representa o melhor ativo de 2023, pois pagou muito bem para liquidez. E agora que o ciclo de cortes começou, ainda deixou o dinheiro disponível para se posicionar no cenário dos ativos de risco”, diz.

Outros destaques entre os melhores investimentos em 2023

Para Jaqueline, o ano que está acabando teve os seguintes destaques:

1. Títulos públicos IPCA+ longos

“Com a taxa Selic em sua máxima no fim de 2022 e início de 2023, os juros dos títulos públicos de longo prazo atingiram um excelente momento de alocação. Esses títulos adicionam proteção à inflação na carteira, com risco de crédito soberano.

Além disso, ainda nos posicionamos para uma possibilidade de venda desses títulos com taxas altas com um ganho de capital quando as taxas voltarem a cair.

Nesse caso, quanto mais longo o título, maior o efeito de ágio. Por isso, recomendo alocação em percentual controlado da carteira, por sua alta volatilidade.”

2. Crédito Privado High Grade (de boa avaliação creditícia)

“Além disso, também tivemos alguns eventos de crédito que abalaram o mercado no início do ano, como a fraude contábil de R$ 25 bilhões das Americanas e o calote da Light.

Portanto, o mercado mais abalado por esses eventos foi o de fundos de crédito privado: uma saída em massa dos cotistas obrigou o gestores a vender excelentes títulos, de boas empresas, ‘a preço de banana’ para poder pagar os resgates.

Assim, tivemos excelentes oportunidades de comprar títulos de boas empresas com excelentes taxas, que estavam distorcidas na relação de risco x retorno.”

3. Renda Fixa Internacional

“Com a alta das taxas de juros americanas de curto e longo prazo, tivemos excelentes oportunidades para investir em títulos de renda fixa com taxas prefixadas, tanto no Tesouro americano quanto em empresas americanas de avaliação de crédito global mais altas que o governo brasileiro, por exemplo.

4. Criptomoedas

Considero as criptomoedas como um instrumento protetivo das carteiras. São ativos totalmente descorrelacionados da maioria dos eventos globais, especialmente por conta da descentralização do controle das moedas.

Por isso, considero uma alternativa excelente em um cenário inflacionário em que as moedas dos bancos centrais perdem poder de compra. Foi um ativo que se beneficiou muito no cenário inflacionário global de 2023, e tende a se beneficiar das liberações regulatórias também em 2024.”

5. Ações

“Vimos, em novembro, o melhor mês da bolsa desde 2020, com acumulado de 12,54% no mês, várias ações de consumo se beneficiarem: Magazine Luiza (MGLU3) teve a maior alta.

O papel foi seguido de Marfrig (MRFG3) e acompanhadas de BRF (BRFS3), Lojas Renner (LREN3), Azul (AZUL4) e Natura (NTCO3) entre as dez maiores altas do mês. Assaí também ocupa a lista das cinco maiores altas do ano.

Dessa forma, os setores relacionados a commodities, como petróleo, minério de ferro e papel e celulose, também tiveram uma boa valorização.

Portanto, durante o ano, ações do setor financeiro performaram muito bem, também beneficiadas pelo cenário de alta de juros: Cielo (CIEL3) e BB Seguridade (BBSE3) estão entre as três maiores altas do ano, além da boa performance do setor bancário em geral.”

Foto de um bitcoin com cotações de ativos financeiros ao fundo, com gráfico de barras. A matéria explica a alta das criptomoedas em 2023.
Criptomoedas são ativos descorrelacionados da maioria dos eventos globais – Foto: Kanchanara/Unsplash

“Cripto e ações altíssima volatilidade, riscos, porém os melhores retornos”

É o que informa Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.

“Um dos investimentos que mais se valorizou em 2023 foram as criptomoedas, assim como o mercado de ações, tanto o Ibovespa como S&P. Então, na minha visão, o melhor de todos em termos de valorização e apesar de toda a volatilidade, foram as criptomoedas.”

Ele comeplementa: “o bitcoin costuma acompanhar os índices mundiais, principalmente bolsas dos EUA. Então, com as bolsas subindo lá, as criptos também tiveram valorização.”

“Por exemplo: eu, comprei bitcoin no final do ano passado, a um preço muito bom, e esse ano vendi. Então, foi um investimento que me rendeu 40% do que quando eu comprei. Pra mim valeu muito a pena.”

Veja quais as criptomoedas devem se valorizar em 2024.

E Rodrigo Cohen continua: “porém, o segundo melhor investimento de 2023, a meu ver, foram as ações. No exterior, o índice S&P subiu esse ano muito acima da média, recuperando o ano passado, próximo das máximas históricas. Aqui no Brasil também tivemos uma grande valorização do Ibovespa. Itaú se valorizou bastante e Petrobras e Vale tiveram um bom desempenho, apesar da volatilidade das commodities”.

“A renda fixa também não deixou a desejar. Assim, qualquer CDB ou fundo atrelado ao CDI foram muito bem também justamente por conta dos nossos juros estarem em dois dígitos. Por fim, os fundos multimercado também tiveram ótimo desempenho devido à oscilação dos juros aqui no Brasil e do dólar também”.

“Investimentos atrelados ao CDI e IPCA foram os mais beneficiados”

A afirmação é de Volnei Eyng, economista e CEO da Multiplike.

“Apesar da redução da Selic anunciada pelo Banco Central na mais recente reunião do Copom, os juros reais do Brasil, calculados levando em conta a inflação, ainda são o segundo maiores do mundo, atingindo 6,11% ao ano. Juros reais altos geralmente favorecem investimentos em renda fixa, principalmente quando os seguintes fatores são levados em consideração:

*Menor risco: A renda fixa geralmente é considerada um investimento de menor risco em comparação com ações e outros ativos de renda variável. Isso significa que, mesmo com juros reais altos, os investidores podem desfrutar de retornos mais seguros e previsíveis.

*Proteção contra a inflação: Juros reais altos muitas vezes indicam uma política monetária voltada para o controle da inflação. Investimentos em renda fixa, como títulos indexados à inflação ou com taxas de juros reais elevadas, podem ajudar a proteger o poder de compra do investidor contra os efeitos da inflação.

*Menos volatilidade: Investimentos em renda variável, como ações, podem ser mais voláteis e sujeitos a flutuações de mercado. Com juros reais altos, os investidores podem preferir a estabilidade e a previsibilidade dos retornos proporcionados por títulos de renda fixa.

Portanto, os investimentos atrelados ao CDI ou IPCA que mais se beneficiaram nesse cenário foram:

  • LCA;
  • LCI;
  • CDB;
  • Tesouro Selic;
  • Cotas de fundos com rentabilidade pré-definidas atreladas a CDI ou IPCA”