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Os melhores títulos de renda fixa com a eleição do Lula
No dia 30 de outubro a disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro chegou ao fim, com a vitória do candidato petista. Desde então, oscilações na Bolsa, dólar e de empresas como a Petrobras foram alguns dos reflexos do “sobe e desce” do mercado. Mas existe uma outra modalidade que também pode ser impactada: a renda fixa.
“A vitória do Lula sinaliza uma grande incerteza fiscal considerando as discussões para o orçamento de 2023. Um exemplo é a PEC da transição, que tem como objetivo garantir espaço no orçamento para cumprir promessas feitas pelo candidato durante sua campanha, como a manutenção do Auxílio Brasil, que voltará a ser chamado de Bolsa Família”, ressalta Antonio van Moorsel, diretor do Advisory da Acqua Vero Investimentos.
A entrega da minuta com os itens e os valores da PEC, que estava prevista para esta terça-feira (8), foi adiada para quarta (9), porém, sofreu mais um atraso e deve ser apresentada nesta sexta-feira (11). A lista inclui 11 itens, entre eles o Bolsa Família de R$ 600, além do aumento do salário mínimo em 1,4% acima da inflação. Outra promessa de Lula seria a manutenção da redução de imposto para combustíveis.
A renda fixa com a vitória do Lula
As promessas do futuro presidente custam. Dependendo do tamanho do estímulo fora do teto que será negociado no início do governo, poderemos ver pressões inflacionárias mais intensas — o que consequentemente mexe com a curva de juros.
“Considerando esse ambiente de incertezas, a vitória do Lula pode sim movimentar essa curva. O próprio Banco Central já sinalizou em suas últimas reuniões e atas uma preocupação em relação às discussões sobre o futuro arcabouço fiscal. Considerando isso e uma política fiscal expansionista, o Copom pode optar por uma manutenção mais longa da Selic“, ressalta Antonio.
Thiago Martello, especialista em investimentos e educador financeiro, ressalta ainda que Lula tem um discurso populista e com foco na população de baixa renda. “Estamos em um cenário muito incerto, já que nem o Ministro da Economia ele apontou. De qualquer forma, o primeiro ano será de transição”, aponta.
Preste atenção nesses títulos
Considerando essa incerteza, Antonio, da Acqua Vero Investimentos, acredita que os títulos pós-fixados podem se beneficiar quando o assunto é renda fixa no governo Lula. “Com uma manutenção mais longa da Selic, a taxa pode começar a cair apenas no segundo semestre do ano que vem. Por isso, acredito que os títulos pós têm melhor relação de risco e retorno. Temos uma Selic em um patamar elevado e uma desinflação acontecendo. Isso torna o juro real mensal desses títulos mais atrativos”, ressalta.
Quem quer diversificar também pode colocar uma parcela em títulos atrelados à inflação. “Ainda temos taxas bastante atrativas. É uma alternativa para blindar o patrimônio e garantir a preservação do poder de compra”, explica Antonio.
Por fim, o especialista acredita que os títulos prefixados estão atrativos, mas é preciso ter cautela. “Justamente por conta dessa incerteza fiscal, é importante ficar atento aos títulos prefixados. Por mais que não seja o cenário base, o Copom pode manter a Selic alta por mais um tempo ou até mesmo aumentar a taxa, se necessário, fazendo com que esses títulos sofram”, ressalta.
Fundos DI e CDB: preste atenção na liquidez
O estrategista em renda fixa do Itaú, Lucas Queiroz, alerta que os investimentos em Fundos DI e CDBs devem prezar por um fator: a liquidez. Em um cenário com títulos atrelados à curva da taxa de juros, é necessário que o investidor tenha uma alocação que possa ser resgatada no curto prazo, com liquidez diária.
“É importante para o investidor, quando ele está aportando em um Fundo DI, analisar o prazo de resgate desse fundo. Porque estamos em um cenário de volatilidade, no qual ainda não sabemos as políticas econômicas do próximo governo, e o mercado pode se alterar”, diz Queiroz. “É bom que o investidor tenha flexibilidade, com investimentos de resgate diário e rentabilidade no curto prazo também.”
“Mesmo com propostas de Lula para intensificar a abertura de crédito de bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, para famílias endividadas, além de micro e pequenos empreendedores, a rentabilidade dos CDBs não deve mudar, porque a maioria deles são pós-fixados e acompanham a taxa Selic ou a taxa DI — atrelada aos juros —”, diz Camilla Dolle, diretora de renda fixa da XP.
Uma mudança nos CDBs só seria possível caso houvesse “alguma deterioração na qualidade do crédito emitido pelos bancos”, avisa a especialista.
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, concorda que é muito cedo para avaliar os efeitos da nova política de crédito do próximo governo. Mas diz que, para o investidor, é bom ficar de olho em como Lula usará as linhas de crédito do BNDES.
Colaborou: Pedro Knoth
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