Seu título de renda fixa venceu? Então, saiba onde investir

Há oportunidades nos prefixados e também nos indexados ao IPCA

Diversos títulos de renda fixa emitidos estão para vencer nos próximos meses. Mais de R$ 3 trilhões foram emitidos nos últimos dois anos, com prazos médios de 12 a 36 meses. Ou seja: muita gente que investiu em 2021 e 2022 vai ver o dinheiro caindo de volta em sua conta em breve. Para quem já se planejava para usar o dinheiro agora, é uma ótima notícia. Mas para quem pretende reinvestir esses valores, fica a questão: onde investir na renda fixa agora?

Oportunidade para investir na renda fixa

O momento é interessante para quem quer encontrar bons negócios em títulos de crédito.

“Estamos em um momento de juros reais elevados, o que abre oportunidades na renda fixa”, afirma Christopher Galvão, analista de renda fixa da Nord Research.

“Depende muito do perfil de risco dos investidores, mas é importante não concentrar seu portfólio em uma classe de ativos. E mesmo dentro da classe de renda fixa, é importante ter variedade. Estamos vendo mais oportunidades para perfil de risco mais elevado”, diz.

Alvaro Frasson, economista do BTG Pactual, comenta que esse é um momento interessante para quem se pergunta onde investir na renda fixa.

“Há um movimento de abertura das curvas de juros no mundo, é um ciclo diferente do que a gente viveu em outros momentos”, afirma Alvaro Frasson, economista do BTG Pactual. “Me parece haver uma oportunidade. Não achamos que o nível de juros nos EUA vai voltar ao que era pré-pandemia, mas também não acreditamos que o patamar atual seja o novo normal”, afirma.

“Acreditamos que o debate de juros nos EUA vai migrar em breve de ‘quando começa o corte de juros’ para ‘de quanto vai ser o corte’, e, na minha opinião, isso vai levar a um fechamento das taxas americanas, o que derruba as tacas de juros de países emergentes”, diz Frasson.

Inflação com ganhos reais atrativos

Tanto a Nord Research quanto o BTG Pactual veem oportunidades interessantes em títulos do tipo IPCA +, aqueles que pagam a variação da inflação, mais uma taxa prefixada.

Os títulos do tesouro indexados pelo IPCA oferecidos atualmente estão com uma taxa prefixada superior a 5% ao ano. Lembrando que os títulos do tesouro são considerados os mais seguros da economia brasileira, tanto na questão de crédito e quanto na liquidez.

Já quem tem perfil de risco maior pode pensar também em títulos de crédito privado. Mas é preciso fazer uma boa avaliação de crédito dos emissores desses títulos, lembram os especialistas.

“Estamos vendo novamente alguns emissores seguros e bem avaliados voltando a oferecer títulos com taxas perto de IPCA + 6,5% ao ano, especialmente em CRIs e CRAs. É uma oportunidade para quem quer apimentar mais a carteira de renda fixa”, diz Galvão, da Nord.

Frasson complementa: “como há um movimento muito agressivo de abertura da curva de juros, o prêmio relativo do crédito privado é menor do que a gente via há dois ou três meses, mas as taxas ainda estão atrativas. Há empresas com rating AAA pagando taxas mais interessantes. Na minha visão, esse momento é mais propício para os títulos high grade [aqueles emitidos por empresas com boa avaliação de crédito]”.

Foco no longo prazo

O BTG aponta que as melhores oportunidades para investir na renda fixa neste momento estão em papéis de longo prazo, “em razão da elevação das taxas reais mais longas negociarem a 6%, nível historicamente elevado e distante tanto da sua média histórica quanto do juro real neutro”, diz relatório do banco.

“Vale reforçar que, em ciclos de corte de juros, ativos atrelados à inflação de longo prazo trazem os melhores retornos, em um prazo de 12 meses, em comparação aos seus pares de renda fixa. Contudo, lembramos que a estrutura plana da curva de juros pode ser aproveitada com a inclusão de vértices mais curtos, a fim de reduzir a volatilidade implícita nestes ativos de 10 a 14 anos de duration”.

Prefixados oferecem boas taxas, mas têm volatilidade

O BTG também aponta oportunidades nos títulos prefixados, principalmente os de longo prazo, com vencimento acima de 3,5 anos.

“Continuamos construtivos para o cenário estrutural de Brasil, que pode reduzir seus prêmios de risco soberano com a aprovação da PEC do IVA e das medidas fiscais que aproximem o governo da sua meta de primário no próximo ano”, aponta o relatório divulgado.

Mas Frasson aponta que os títulos com vencimento até janeiro de 2027 são os melhores na relação risco e retorno.

“Para além disso, as taxas estão interessantes, mas a volatilidade é muito grande”, afirma.

Um ponto de atenção, segundo Galvão, da Nord, é a maior volatilidade dos ativos prefixados.

“Você pode ganhar bastante se as taxas de juros caírem mais do que o mercado espera. Por outro lado, se houver algum problema fiscal, por exemplo, os títulos pré vão sofrer mais do que os IPCA+”, diz.

Pós-fixados ajudam a controlar volatilidade

Os títulos pós-fixados ainda são interessantes para saber onde investir na renda fixa. “É importante separar o tático do estrutural. Vemos oportunidades táticas para os prefixados e menos alocados em pós-fixados do que estávamos há seis ou 12 meses. Mas o pós é uma posição que você deve ter em carteira, não pela liquidez, mas para controlar a volatilidade”, diz Frasson, do BTG.

Para quem tem perfil mais conservador, por exemplo, os títulos pós-fixados continuam a ser interessantes para boa parte do portfólio.

Christopher Galvão, da Nord, lembra ainda que mesmo com as taxas de juros no Brasil em queda, o nível ainda é elevado.

“Mesmo com a Selic caindo, ela ainda está em patamares elevados. E em um cenário global de incertezas, é interessante ter uma carteira líquida, para aproveitar as novas oportunidades que podem aparecer e, assim, saber onde investir na renda fixa”, afirma.