Qual é o melhor investimento para iniciantes hoje, com a Selic em 10,75% ao ano?

Queda dos juros abre oportunidades, mas quem está no começo deve manter o foco na reserva de emergência

Ano novo, vida nova. Para muitos, a virada no calendário é a esperança de colocar em prática velhas promessas, como a de começar a investir. Mas qual é o melhor investimento hoje para iniciantes? Por onde começar e o que não fazer?

No dia 20 de março, o o Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, reduziu mais uma vez a Selic, que agora está em 10,75% ao ano. Com a queda da taxa básica de juros da economia, também foram afetadas as remunerações de alguns dos principais produtos de renda fixa, como o CDB e o Tesouro Direto.

São justamente esses os investimentos geralmente mais recomendados aos iniciantes. Mesmo com a queda da Selic, essa recomendação se mantém, segundo especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira. Um dos motivos é que o primeiro passo de qualquer investidor segue sendo a formação da reserva de emergência.

“Antes de diversificar, a primeira recomendação é ir nos produtos indicados para a reserva de emergência. E esses produtos precisam atender as premissas mais básicas, baixo risco e alta liquidez. Por isso, privilegiar os CDBs de liquidez diária, os Fundos DI e o Tesouro Selic”, avalia Bruno Mori, economista e sócio fundador da consultoria Sarfin.

Por outro lado, para o investidor iniciante que está dando passos mais ousados, a Selic em queda abre uma janela de novas oportunidades, de acordo com os especialistas. Seja na renda fixa tradicional, com a possibilidade de ganhar na marcação a mercado, seja diversificando rumo a outros produtos, como fundos imobiliários e ações.

Qual é o melhor investimento hoje para iniciantes?

Portanto, a queda da taxa de juros, apesar de alterar o rendimento de alguns produtos, não muda a importância de dar a largada nos seus investimentos pela chamada reserva de emergência. Estamos falando daqueles recursos que vão te socorrer se por um acaso algum imprevisto acontecer.

Os dois principais fatores a se considerar é que seja algo de baixo risco, uma vez que é a sua segurança, e que tenha liquidez, para você acessar quando precisar.

De acordo com Bruno Mori, para quem se questiona qual o melhor investimento hoje para iniciantes, o campeão nestes quesitos segue sendo o Tesouro Selic. “O que você tem a rigor maior rentabilidade é o Tesouro Selic, que te paga a taxa básica de juros mais um adicional”, explica o economista.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, concorda. Para ele, está tudo encaminhado para que sigamos com o previsto, com novos sucessivos cortes na Selic. No entanto, caso haja uma mudança de cenário, o investidor estará protegido.

“O Tesouro Selic costuma ser mais indicado para o iniciante para se ver protegido a essa alternância de cenário. O Banco Central pode se ver diante de uma mudança de cenário e precisar fazer uma mudança. Tivemos, por exemplo, a pandemia”, diz.

Bruno Mori, da consultoria Sarfin, argumenta que o Brasil tem um juro real, que é a taxa básica descontada da inflação, em um patamar alto, o que justificaria também manter uma parte da alocação nesses produtos.

“Ganhar da inflação deve ser o objetivo principal sempre. No Brasil, temos um juro real quase na casa dos 7%. Nos Estados Unidos, por exemplo, os juros estão na casa de 5% e a inflação em 3%, o que dá um juro real de 2%”, afirma.

Já tenho uma reserva, mas ainda sou iniciante. E agora?

Se o seu fundo para emergências já está preservado, o ciclo de quedas da Selic pode te abrir novas oportunidades, ainda adequadas a um perfil de iniciante. Gustavo Cruz, da RB Investimentos, cita o CDB Prefixado como uma oportunidade para o atual cenário.

“Ainda é possível encontrar um título prefixado prefixado, pagando mais de dois dígitos. Com um vencimento de 1 a 2 anos”, afirma. “Existe uma divergência entre os economistas sobre o patamar final dos cortes, mas há expectativa de que eles possam acelerar. Conforme o Copom indicar que o caminho é esse, os ativos adquiridos agora ficam mais interessantes”

Ele argumenta que o prazo ideal é até 2 anos para fugir de um momento ainda incerto, que serão as eleições de 2026.

O economista também cita a possibilidade de buscar CDBs com percentuais acima de 100% do CDI. Importante frisar que, quanto maior a remuneração, maior também é o risco do emissor, mas esse risco tem sido atenuado nos últimos meses. O investimento no produto tem garantia de até R$ 250 mil pelo FGC, mas esse é um mecanismo que o investidor deve preferir não ter de acessar.

“Entendo que o BC já está mostrando nos últimos 6 meses uma queda consistente na inadimplência, o que vai fazer com que os bancos precisem fazer menor provisão e eles mesmo apresentem menor inadimplência”, explica o especialista, que pondera. “Ainda assim é importante você ter um agente financeiro fazendo o acompanhamento financeiro dos bancos”, diz.

Por fim, não apenas de renda fixa se vive uma carteira. Para Bruno Mori, mesmo o iniciante pode reservar um percentual para a renda variável, de cerca de 10%, entre fundos de ações, fundos imobiliários, fundos multimercado, ações e ETFs. Sempre deve ser respeitado, no entanto, o perfil de investidor e a tolerância a riscos.

Qual é o melhor investimento hoje para iniciantes: dicas para começar

Os especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira dão algumas dicas para quem está dando os primeiros passos no mundo dos investimentos. Para Tato Barros, investidor profissional e especialista em investimentos, o mais importante é começar buscando informação.

“O melhor investimento para quem está começando deveria ser na educação financeira. Quanto mais a pessoa adquirir conhecimento, menos erros irá cometer e melhor será sua jornada como investidor no longo prazo”, avalia. Ele também afirma que não ir com tanta sede ao pote logo de cara também é importante.

“O principal erro do iniciante é ir com muita sede ao pote, ser ansioso, tomar logo de começo muito risco, querer ficar rico do dia pra noite. Isso tudo são coisas que só acabam atrasando o processo de construção de riqueza. É clichê mas é verdade, investir é como correr uma maratona e não uma corrida de 100 metros”, prossegue Barros.

Gustavo Cruz, da RB Investimentos, também recomenda que o investidor evite concentrar seus ativos em um único emissor. “Concentrar é um problema. Muitas vezes vemos as pessoas ocm vontade de aprender só conhecendo um produto, um emissor, isso pode ser um problema porque já dá um risco maior. Por exemplo, no CDB”, afirma.