Itaú projeta corte menor da Selic e prevê crescimento maior do PIB em 2024

Banco ainda estima a inflação em 3,6% e a taxa de desemprego em 7,8%

O Itaú Unibanco elevou de 9% para 9,25% a projeção da taxa Selic no fim de 2024. Ou seja, o banco espera uma queda menos intensa dos juros ao longo deste ano.

Neste mesmo relatório, divulgado nesta segunda-feira (11), o Itaú subiu a previsão de crescimento do PIB do Brasil em 2024, de 1,8% para 2%.

Assim, com a melhora da atividade, o banco baixou de 8% para 7,8% a estimativa para a taxa de desemprego no encerramento do ano.

Já a expectativa para o IPCA 2024 foi mantida pela instituição financeira em 3,6%, enquanto o prognóstico para a cotação do dólar permaneceu em R$ 4,90.

Veja a seguir os principais pontos que embasam as novas previsões do Itaú. O relatório é assinado por Mário Mesquita, economista-chefe do banco e colunista da Inteligência Financeira.

Selic a 9,25%

“Passamos a esperar uma taxa Selic mais alta ao final do ciclo, em 9,25% (anteriormente, 9,00%), limitada pelo cenário internacional e pelo doméstico. O adiamento do início do ciclo de cortes de juros americanos, bem como um orçamento menor, pode ter impacto sobre a taxa de câmbio em um contexto de diferencial de juros que já está em trajetória cadente.

“Soma-se a isso, a inflação de serviços (especialmente em itens mais ligados ao mercado de trabalho e dinâmica salarial) mais pressionada na margem. Com expectativas de inflação ainda acima da meta, a Selic deve encerrar esse ciclo (e assim permanecer) em território contracionista.”

Alta maior do PIB

“Para 2024, projetamos crescimento do PIB de 2,0%, ante 1,8%, com consumo sustentado e recuperação do investimento. Incorporamos uma perspectiva mais positiva para as concessões de crédito (especialmente para pessoa física e habitacional), que já vem sendo observada nos dados divulgados pelo BC.

Seguimos esperando alguma recuperação dos gastos ao longo dos próximos meses dado o aumento real do salário mínimo concedido no início desse ano (que tende a ter efeito significativo sobre as vendas no varejo de março) e a resiliência do mercado de trabalho. Também projetamos avanço de 2,0% em 2025 (anteriormente, 1,8%).”

Desemprego em queda

“Diante das surpresas positivas de curto prazo e do crescimento mais elevado, revisamos a taxa de desemprego de 2024 e 2025 para 7,8% (de 8,0%). Os últimos dados de mercado de trabalho não mostram sinais de arrefecimento, com crescimento da população ocupada tanto formal quanto informal e aceleração dos salários em janeiro.”

Riscos para inflação

“Mantivemos a nossa projeção de inflação em 3,6% para 2024, mas com composição pior devido a uma dinâmica mais pressionada de serviços subjacentes. Os fundamentos para a inflação de serviços (mercado de trabalho e reajustes salariais) seguem indicando pressão altista para o grupo.

Enquanto parte da piora em serviços subjacentes divulgada no IPCA-15 de fevereiro tende a ser pontual (serviços bancários), serviços ligados à mão de obra devem seguir pressionados ao longo do ano.

O balanço de riscos para nossa projeção de 2024 é simétrico. De um lado, o aumento do aporte da Eletrobras pode reduzir os reajustes de energia esse ano. Por outro lado, o mercado de trabalho apertado pode pressionar ainda mais os salários e, consequentemente, a inflação de serviços.”

Dólar a R$ 4,90

“Os fundamentos externos são voláteis e agem na direção de maior pressão na moeda, com manutenção de um cenário de dólar forte. Em particular, revisamos nossa expectativa para o cenário de flexibilização monetária nos Estados Unidos, adiando o início do ciclo para junho e reduzindo o orçamento de cortes de 100 p.b. para 75 p.b. este ano.

No entanto, com a revisão também da taxa Selic (para 9,25% a.a. no final do ano, de 9,00%) o diferencial de juros sofre pouca alteração, o que nos leva a manter o cenário de câmbio estável em torno dos patamares que temos observado desde a segunda metade do ano passado.

Alguns atenuantes locais ainda ajudam a moeda, principalmente o bom desempenho da balança comercial, apesar de alguns sinais de desaceleração na ponta, e prêmio de risco doméstico em nível baixo para o período pós-pandemia.”