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Ibovespa em queda: como blindar sua carteira quando o índice passa semanas caindo?
A bolsa de valores finalizou a sexta-feira passada com sua segunda semana de queda consecutiva. O Ibovespa fechou a semana com queda acumulada de cerca de 3%, influenciada pelo xadrez político e a PEC de Transição que prevê gastos fora do teto.
A volatilidade da bolsa deve perdurar, ao que tudo indica, pelas próximas semanas. O investidor deve se planejar e diversificar a carteira para não ser pego de calça curta e, ao mesmo tempo, lucrar com as baixas. Especialistas indicam que a saída é estudar as empresas e também alocar capital em opções de renda fixa e nas bolsas estrangeiras, a fim de evitar perdas mais profundas causadas pelos ventos do mercado.
Ações estão baratas?
O Ibovespa começou bem o mês. No dia seguinte da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República, o índice subiu de mais de 1,2 mil pontos e expandiu a média anual de crescimento em relação a 2021, de 3,86%. Analistas comentam que a bolsa brasileira continua robusta em relação em comparação com outros mercados.
Mas as últimas duas semanas de baixa no índice ocorrem em um momento de melhora nos mercados internacionais, o que preocupa fontes do mercado financeiro. “Nas últimas duas semanas, vivemos um momento de fuga de capital do Brasil para outros lugares, principalmente outros mercados emergentes”, diz Luan Alves, analista chefe da VG Investimentos.
A palavra-chave em momentos de quedas consecutivas do Ibovespa é calma. Investidores mais inexperientes podem se assustar com os temores do mercado, mas é recomendável sempre planejar a carteira para rendimentos de médio e longo prazo.
O investidor de curto prazo deve se atentar aos indicadores macroeconômicos, assim como notícias do governo de transição, alerta Alves. Já o investidor de longo prazo precisa estudar mais os balanços da temporada para avaliar quais setores estão em baixa e quais vêm ganhando fôlego na bolsa.
Investidor não deve sair do Ibovespa
De qualquer forma, mesmo com o Ibovespa sofrendo baixas consecutivas, não vale a pena para o investidor abandonar o mercado de capitais, dizem especialistas.
“O investidor não precisa zerar sua posição na bolsa. Se ele está focando no longo prazo, existem setores que podem render ainda mais. Muitas empresas de energia elétrica e de saneamento subiram, e temos empresas que estão se destacando, com resultados acima do esperado”, explica Luan Alves, da VG Investimentos. O analista aponta que ações de CPFL e JBS (JBSS3), além de empresas de varejo de alta renda, como Arezzo (ARZZ3) e Renner (LREN3), são boas opções.
Lucas Muraguchi, diretor de administração fiduciária, afirma que, se a estratégia do investidor é de longo prazo, ele não tem porquê se preocupar. “É a saída no pior momento do ativo [quando o Ibovespa registra queda], vendendo na baixa. Essa é uma reação emocional e não racional.”
Diversidade nos investimentos
As quedas do Ibovespa são normais, assim como a queda dos ativos na renda variável. O investidor, defende Pedro Serra, chefe de pesquisa da Ativa Investimentos, deve alocar seus investimentos em empresas de diferentes setores.
“O Ibovespa tem diferentes empresas de diversos tamanhos, e acontece que algumas que são mais sensíveis ao que acontece na política nacional e outras reagem mais aos eventos mundiais. Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3) dependem muito mais de cenário externo, enquanto a volatilidade das estatais, como a Petrobras, recaem mais sobre os eventos do novo governo”, explica Serra.
A outra dica do especialista é avaliar o setor da empresa. Companhias de construção, e de varejo e ecommerce, tendem a serem mais afetadas na bolsa pelo mercado doméstico. Já farmacêuticas e negócios do ramo de supermercados dependem mais da inflação para baixas. “O investidor na pessoa física demonstra que sair da bolsa de valores em momentos de baixa é um erro comum”, diz o pesquisador da Ativa.
Lucas Muraguchi, diretor de administração fiduciária da Ouro Preto Investimentos, indica que outro meio importante de diversificar a carteira é com investimentos em renda fixa. Opções com rendimento a partir da taxa DI como o CDB estão bem posicionados para perdas no Ibovespa.
As bolsas internacionais também são recomendadas por Muraguchi como mais um caminho para o investidor não colocar todos os ovos na mesma cesta. Nesse caso, vale tanto alocar capital em opções de renda fixa no mercado americano, investindo nos chamados bonds, como na renda variável dos EUA — as estatais blue chips do país são bastante resilientes, aponta o especialista.
Bolsa de Valores pode ter rali antes de 2023?
O consenso entre especialistas é de que haverá mais momentos em que o Ibovespa deve avançar ante as perdas acumuladas em novembro com a volatilidade da transição de governo. Esse movimento, chamado de rali, pode acontecer mais vezes até o final de 2022, se as surpresas forem positivas para os investidores.
Historicamente, aponta Luan Alves, o mês de dezembro é marcado pelo saldo positivo na bolsa, com a entrada de novos investimentos. Além disso, o mercado deve reagir melhor à versão final da PEC de Transição, principalmente se o waiver fiscal sofrer mudanças ao tramitar pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Com o pânico do mercado de semana passada, os ativos do Ibovespa estão mais baratos porque o risco Brasil aumentou. “O anúncio de uma equipe econômica mais técnica deve fazer o índice subir bastante”, afirma Pedro Serra, da Ativa.
O importante é permanecer calmo, inclusive para poder aproveitar a maré boa na bolsa, caso ela venha. “É importante estar preparado. Não adianta o rali entrar e o investidor não ‘estar no mar’. Como a estratégia de longo prazo deve prever esse tipo de variação, assim como na queda, ele não pode se exaltar no momento de subida da bolsa e vender tudo de uma vez”, diz Muraguchi.
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