Suzano (SUZB3): é hora de investir em ações da gigante de papel e celulose?

Empresa exporta para mais de 100 países e tem 35 mil funcionários

Os quase cem anos de história da Suzano no Brasil atraem o interesse de investidores dos mais variados perfis. Mas será que este é um bom momento para investir na companhia, cujo ticker é SUZB3?

Quem responde, em detalhes, são os analistas Lucas Serra e Josias de Matos, ambos da Toro Investimentos. Confira o que você precisa saber antes de tomar a melhor decisão para sua carteira.

O que a Suzano faz?

A Suzano é a maior produtora de celulose do mundo e uma das maiores produtoras de papel do Brasil.

Com sede no Estado da Bahia, sua principal atividade é, portanto, o desenvolvimento de produtos fabricados a partir do plantio do eucalipto. Além disso, comercializa celulose e papel, produz papel revestido, papel-cartão, papel não revestido e bobinas de papéis para fins sanitários, bens de consumo, para atendimento ao mercado interno e externo.

Suas ações (SUZB3) são negociadas no Novo Mercado da B3, a bolsa de valores brasileira. A companhia tem capacidade de produção anual de 10,9 milhões de toneladas de celulose e 1,4 milhão de toneladas de papel. Assim, exporta seus produtos para mais de 100 países e tem uma equipe de aproximadamente 35 mil colaboradores.

A empresa tem ainda certificação ISO 14001, que atesta o sistema de gestão ambiental em todas as suas unidades industriais. A Suzano tem ainda outras certificações, como a FSC, que atesta que o seu manejo florestal é ambientalmente correto e socialmente justo. Além de utilizar o eucalipto na produção de papel e celulose, sua biomassa também serve de fonte de energia para a companhia.

A história da Suzano

A Suzano foi criada pelo imigrante ucraniano Leon Feffer em 1924, mas sua primeira fábrica de papel entrou em operação 17 anos depois, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.

Desde 2013, a empresa é comandada pelo CEO Walter Schalka. Engenheiro formado pelo ITA com pós em Administração de Empresas pela FGV-SP, o executivo também foi CEO da Votorantim Cimentos, de 2005 a 2012.

Já na presidência do Conselho de Administração da empresa está David Feffer, neto do fundador Leon Feffer e membro da terceira geração de acionistas.

Em 2019, sob o comando de Schalka, a empresa deu uma de suas grandes tacadas empresariais e realizou a fusão com a Fibria, empresa líder mundial em celulose

A Fibria havia sido criada em 2009 como resultado da incorporação da Aracruz pela VCP. Contudo, com a fusão, nasceu a Suzano S/A, maior produtora mundial de celulose.

Mais recentemente, o maior investimento do grupo é a construção de uma nova fábrica em Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul. Afinal, o investimento nesta unidade é de R$ 19,3 bilhões até 2024, quando ela deve ser inaugurada. Deste total, R$ 14,7 bilhões serão destinados à área industrial. Enquanto isso, R$ 4,6 bilhões serão fornecidos para atividades florestais, o que ampliará em 22% a produção da empresa.

Há ainda a instalação de uma planta no Espírito Santo para a fabricação de papel tissue. Neste caso, serão investidos R$ 600 milhões.

Suzano recebe financiamento do BNDES

No começo de outubro deste ano, o BNDES aprovou dois financiamentos para a Suzano, num total de R$ 2,31 bilhões.

Dessa forma, a Suzano dará suporte ao cultivo de eucalipto em sete Estados e modernizar a capacidade produtiva em sete fábricas.

Do total acertado, R$ 658,65 milhões serão destinados a instalações industriais em Jacareí (SP), Limeira (SP), Suzano (SP), Aracruz (ES), Três Lagoas (MS), Mucuri (BA) e Imperatriz (MA).

Como a Suzano inova

A Suzano fez uma parceria em 2017 com a startup finlandesa Spinnova. Assim, investiu US$ 22 milhões em uma fábrica de tecido cuja matéria-prima também é retirada do eucalipto reflorestado. O produto não utiliza componentes químicos nocivos ao ambiente e reduz o volume de água consumido no seu processo.

Posteriormente, outro anúncio foi o avanço nos estudos para a produção do bio-óleo, combustível renovável derivado da biomassa de resíduos florestais. O objetivo é diversificar a produção da empresa e estar alinhadae à economia circular.

Como negociar as ações SUZB3?

As ações da Suzano são negociadas na B3. Dessa forma, como explica Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, quem quiser comprar papéis da empresa deve ter uma conta em corretoras. Ou, então, em distribuidoras de títulos e valores mobiliários cadastradas e autorizadas na B3.

“Atualmente, a negociação pode ser feita de forma completamente eletrônica por meio das plataformas e home brokers disponibilizados pelas corretoras ou distribuidoras, disponíveis geralmente para desktops e smartphones”, diz ele.

Para fazer a transação, portanto, basta buscar pelo nome da empresa ou pelo seu ticker de negociação, SUZB3, no caso da Suzano, e indicar a quantidade de ações que pretende adquirir.

“Ainda assim, se preferir, o investidor também pode contar com os serviços da mesa de operações de uma corretora para a execução das suas ordens”, ressalta Josias de Matos, também analista da Toro.

Vale a pena investir em SUZB3?

Lucas e Josias concordam entre si na resposta. “Sim, acreditamos que Suzano continua a ser uma empresa interessante para se investir”, dizem eles.

Isso porque mundialmente, eles afirmam, a empresa continua se destacando entre as maiores produtoras de celulose e integradas de papel e seus produtos que têm demanda significativa.

“Apesar das pressões sobre o custo-caixa da companhia, ocasionadas principalmente por problemas logísticos na cadeia de suprimentos, a Suzano tem um posicionamento favorável em decorrência da robusta estrutura de operação”, ressalta Lucas.

Josias complementa lembrando que o preço do papel e da celulose deve permanecer em patamares elevados no curto prazo. Afinal, há baixos estoques no mercado mundial e desdobramentos de gargalos logísticos.

“Já a médio prazo, a mudança nos hábitos de consumo e substituição do plástico pode continuar impactando o preço da commodity”, avalia. Dessa forma, “seguimos com uma visão positiva sobre Suzano, que deve continuar a entregar bons resultados nos próximos trimestres.”

Pagamentos de dividendos da SUZB3

Depois de passar 2020 e 2021 sem distribuir proventos aos acionistas, a Suzano retomou as distribuições em 2022, referentes ao exercício social de 2021. Portanto, “quem detinha as ações de Suzano em carteira ao fim do pregão do dia 18/01/2022 recebeu R$ 0,74116 de dividendos por ação em 27/01/2022”, detalha Lucas. Assim, o valor corresponde a, aproximadamente, 1,25% do preço que a ação era negociada na data de corte.

Depois disso, quem detinha ações da Suzano ao fim do pregão do dia 04/05/2022 recebeu R$ 0,59281 de dividendos por ação em 13/05/2022. “Isso corresponde a, aproximadamente, 1,16% do preço que a ação negociava na data de corte”, calcula.

Os analistas ressaltam que, apesar das qualidades que destacaram nos itens anteriores, a Suzano não se enquadra exatamente como uma empresa boa pagadora de proventos. Isso porque, quando eles ocorrem, são distribuídos uma ou duas vezes ao ano. “Ainda assim, o valor distribuído não costuma ser tão elevado, sobretudo ao se analisar o dividend yield, que é a razão entre o provento pago e o preço da ação”, analisa.

Quando serão pagos os próximos dividendos da Suzano

Segundo os analistas, até o momento a companhia não divulgou quando serão os próximos pagamentos de proventos, nem os valores que serão pagos.

Quanto vale a Suzano hoje?

O valor de mercado da companhia gira em torno de R$ 63,15 bilhões.

Em 2021, a receita líquida da empresa foi de R$ 40,96 bilhões, e o Ebtida ajustado, de R$ 23,5 milhões, o que lhe rendeu o melhor resultado de sua história, com margem sobre a receita líquida de 70,4%.

Qual o preço-alvo da SUZB3?

Na análise de Lucas e Josias, o preço-alvo da Suzano é R$ 68. “Em relação ao preço de fechamento do pregão de 04/10/2022 vemos um upside de, aproximadamente, 48%”, afirmam.

Colaborou Anne Dias