Circuit breaker
O instrumento do circuit breaker é usado no mercado financeiro em uma situação de alta instabilidade, para tentar conter o pânico e amenizar as perdas dos investidores com o tombo das ações.
Como tudo começou?
O dia 19 de outubro de 1987 não foi um dia qualquer na Bolsa americana. Tanto que ele se tornou conhecido como Black Monday. Tudo porque o índice Dow Jones desabou 22,6%, pressionado pelos sinais de que a economia dos Estados Unidos não ia bem e os temores de um desabastecimento de petróleo por fatores geopolíticos. O pior crash da Bolsa americana serviu de gatilho para a idealização do circuit breaker. A intenção dos reguladores era que o dispositivo funcionasse como uma barreira em momentos de desestabilização.
Os estágios do circuit breaker
Por aqui, começaram a usar o mecanismo só em 1997. Então, como o circuit breaker funciona? O primeiro disparo ocorre quando o Ibovespa cai 10% na comparação com o pregão da véspera. Assim, cancelam todas as ordens de compra e venda automáticas por 30 minutos. Os negócios retomam e caso a desvalorização atinja 15%, interrompem-se a sessão novamente por 1 hora. Na reabertura, podem pausar o pregão por tempo indeterminado se as perdas não derem trégua e superarem 20%. A B3 define se e quando restabelecerá as operações.
Ainda como regra, portanto, não se pode acionar o circuit breaker nos trinta minutos finais do pregão. Se isso acontecer na última hora, então, tende-se a prorrogar o encerramento da Bolsa por até 30 minutos.
Antes da crise da covid-19, a Bolsa brasileira já havia acionado o circuit breaker 18 vezes – a maior parte devido ao mau humor internacional. Além disso, as três primeiras vezes foram entre outubro e novembro de 1997, na crise da Ásia. No ano seguinte, com a moratória da Rússia, foram seis acionamentos entre agosto e setembro de 1998. Posteriormente, a crise do subprime nos Estados Unidos gerou cinco circuit breakers entre setembro e outubro de 2008.
As outras circunstâncias ocorreram por turbulências na economia e na política local. A forte desvalorização do real em janeiro de 1999, quando o país deixou de controlar o preço do dólar e adotou o câmbio flutuante, provocou paralisações de 30 minutos nos pregões de 13 e 14 de janeiro. A última vez antes da pandemia que a Bolsa brasileira havia afundado mais de 15% foi em 18 de maio de 2017, no já histórico Joesley Day.
Conheça outras três quedas históricas da Bolsa brasileira
- O pior fechamento do mercado nacional de ações foi em 21 de março de 1990, quando o Ibovespa desabou 22,27%. O motivo foi o confisco das cadernetas de poupança anunciado em um dos planos econômicos do então presidente Fernando Collor de Mello;
- A recessão dos tigres asiáticos fez o Ibovespa afundar 14,98% em 27 de outubro de 1997. O pânico causou a adoção final do circuit breaker na bolsa brasileira;
- Em 11 de setembro de 2001, em razão dos atentados terroristas nos Estados Unidos, o pregão foi encerrado às 11h15 sem a imposição do circuit breaker, quando o Ibovespa caía 9,18%.