IPO
A operação faz com que a companhia deixe de ter um dono específico ou um grupo restrito de sócios e passe a ter muitos acionistas, como fundos e pequenos investidores pessoa física. Como exigência, as organizações se comprometem a divulgar balanços financeiros periodicamente e devem seguir regras de transparência e de boas práticas de gestão.
Qual a vantagem para uma empresa abrir capital e ter acionistas?
Você pode se perguntar: se está tudo indo bem, por que uma empresa abre capital, então? Vamos usar um exemplo recente: a entrada do Magazine Luiza no mercado acionário. Em um cenário de incertezas e de desaceleração do consumo, a rede fundada em 1957 em Franca (SP) deu um salto com os recursos levantados em seu IPO, realizado em abril de 2011. Turbinada com o dinheiro dos sócios recém-chegados, a empresa de Luiza Helena Trajano investiu na abertura e reforma de lojas, fez aquisições de concorrentes e, de olho no avanço do comércio eletrônico, expandiu suas operações, ganhou capilaridade para acelerar as entregas e construiu um caixa sustentável para inovar e se antecipar às transformações tecnológicas. Se outras tradicionais varejistas ficaram pelo caminho anteriormente (Mesbla, por exemplo), o Magalu teve uma valorização astronômica desde então, virou uma gigante nacional e deu muito retorno aos investidores.
Por onde se começa?
O primeiro passo para uma companhia que planeja o IPO é se transformar em sociedade anônima (SA). Um banco de investimentos é contratado para alinhar as burocracias – e são muitas -, fazer o escrutínio da saúde financeira da firma, promover ajustes na mentalidade do comando e as adequações às regras do mercado. O suporte é necessário para definir se a abertura de capital é viável, quando poderá ocorrer, o total e o tipo de ações que serão emitidas e principalmente o preço dos papéis e quanto de recursos a empresa poderá captar. A assistência ainda é primordial para estabelecer como o dinheiro levantado será aplicado. Pode ser para recompensar financeiramente os fundadores, pagar dívidas, consolidar a credibilidade no setor, mas o principal motivo costuma ser para expansão – abrindo novas unidades ou incorporando rivais -, melhorar a infraestrutura ou ainda para apressar o processo de inovação.
Vencida essa longa, cara e árdua marcha, a empresa precisa se registrar como companhia aberta no órgão que controla o mercado em que ela pretende fazer o IPO. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regula o setor. Nos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission (SEC) desempenha o mesmo papel. Organizações nacionais naturalmente preferem ter seus papéis listados na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. No entanto, as empresas nascidas já em um ambiente digital podem optar por fazer a listagem na Nasdaq, Bolsa americana que reúne gigantes da tecnologia, como Apple, Microsoft, Facebook e Google.
O período que antecede o IPO é marcado por muita expectativa e avaliação por bancos, corretoras, casas de análises e a mídia especializada em geral. A empresa divulga um prospecto de oferta, um documento para contar a sua história, seu negócio, área de atuação e outras informações pertinentes para tentar seduzir e convencer os investidores de que ela é uma boa aposta para ter na carteira. As ações ficam disponíveis para reserva às vésperas da esperada estreia na Bolsa. Essa movimentação prévia é que vai marcar o preço inicial do papel e o total de dinheiro que irá para os cofres da companhia. As bolsas tradicionalmente recebem com festa as novas companhias listadas, tendo como gesto mais simbólico o famoso toque da campainha que abre o pregão inaugural quando ela passa oficialmente a ser negociada.
Quatro fatos para entender a importância do IPO
- A Saudi Aramco detém o título de maior IPO já realizado no mundo. A estatal de petróleo da Arábia Saudita levantou US$ 25,6 bilhões em sua estreia em Wall Street, em dezembro de 2019;
- O recorde nacional pertence ao Santander Brasil. A subsidiária do banco espanhol captou R$ 14,1 bilhões em outubro de 2009;
- 2007 foi o ano com o maior número de IPOs no país: 64;
- A queda dos juros básicos (Selic) nos últimos anos e o aumento consistente de investidores pessoa física na B3 têm incentivado um maior volume de aberturas de capital, o que deve fazer de 2021 o novo ano recordista de IPOs.