ETFs – ou fundos de índices – podem ser uma alternativa para seus investimentos; entenda

Em meio a crises econômicas, fundos podem performar acima de títulos de renda fixa e variável

O mercado de Exchange Traded Funds (ETF), também conhecido como fundos de índices, ainda não cresceu o suficiente no Brasil em comparação com economias mais maduras, como os Estados Unidos. Mas há vantagens de se investir em um ETF no Brasil, especialmente para montar posições de longo prazo. Em meio a crises econômicas – frequentes por aqui – os fundos podem performar acima de títulos de renda fixa e renda variável.

Durante o evento “Semana de ETFs 2023”, organizado pela Itaú Asset, o diretor de investimentos da instituição, Pedro Boainain, e especialistas elencaram motivos para investir em ETF de renda fixa, da bolsa estrangeira e até de criptomoedas. A versatilidade sob gestão de profissionais foi um dos benefícios mais citados.

Por que investir em ETFs?

Aliás, um ETF nada mais é do que um fundo de investimento que está atrelado a um índice, que tem uma cesta de títulos que determinam sua performance.

Pedro Boainain, da Itaú Asset, explica que um dos principais motivos para investir em ETF é a diversificação de investimentos. Para o executivo, a maior vantagem é que os fundos são geridos por profissionais e vêm com “cesta montada”.

Ao invés de o investidor montar sua própria carteira de renda fixa ou renda variável, ele pode escolher um ETF atrelado ao Ibovespa. Ou, no caso da renda fixa, um fundo ligado ao índice de títulos de dívida brasileira ao invés de um Tesouro prefixado, IPCA ou Selic, por exemplo.

O Itaú Asset, por exemplo, destacou na última pílula a cotistas dos ETFs que os produtos atrelados aos índices dos títulos de NTN-B, que representam a dívida do governo federal emitidos pelo Tesouro Nacional, têm boa performance no ano.

O IB5M11, por exemplo, que está indexado a títulos da dívida com prazo de validade superior a 5 anos, rendeu 4,1% entre abril e maio, enquanto o rendimento desde o início do ano chega próximo ao CDI, em 11%.

ETFs distribuem cupons que são reinvestidos

Além disso, de 6 em 6 meses, os ETFs pagam uma espécie de “dividendo”, chamados na verdade de cupons. A vantagem em relação à renda fixa, afirma Boianian, é que “nas NTN-B, os investidores pagam imposto sobre os cupons. Em contrapartida, nos ETFs, o cupom é reinvestido no fundo”.

O reinvestimento dos cupons é crucial para montar uma carteira estrutural de longo prazo. De acordo com a Itaú Asset, o fundo DIVO11, ligado ao índice de dividendos da bolsa de valores brasileira, mostra um retorno de 58% entre 2018 e 2023. No mesmo período, o Ibovespa valorizou em 23%.

Outra vantagem dos ETFs é o acesso ao investimento no exterior. Por meio deste tipo de fundo, o investidor pode diversificar em uma bolsa emergente, como o Ibovespa, e dos EUA, como o S&P 500. ” ETF também pode ser negociado no meio do pregão da bolsa, o intraday, diferente de outros fundos de investimento”, completa o CIO do Itaú Asset.

Investimento em ETF pode atrair mais CPFs, diz Cerbasi

Já Gustavo Cerbasi, sócio da SuperRico e que também esteve presente no evento, alega que, quanto maior é a difusão dos ETFs como produto de investimento, maior será a entrada de CPFs na bolsa.

Cerbasi diz que o investidor brasileiro costuma ser “pouco estratégico” nos investimentos. Ele defende que fundos de índice são uma solução para quem não tem tempo de estudar a fundo os ativos nos quais está aplica.

“O Brasil tem potencial para chegar a 150 mil CPFs que investem em ETFs”, diz. “Os fundos batem stock picking pelo prêmio de risco desde já. Ao escolher ações, posso selecionar uma empresa que está sujeita a quebrar, e no ETF existe uma simplificação. É também um produto de baixo custo.”

Por fim, Martin Iglesias, gerente de Recomendações de Investimentos da Itaú Asset, ponderou a eficácia de investir em ETF no longo prazo. “Altas na bolsa brasileira não são lineares, o que é extremamente ruim para o investidor pessoa física”.

A dificuldade em difundir o ETF entre os investidores vem, inclusive de uma “dificuldade” de os agentes do mercado financeiro para explicar como o produto funciona.