Quanto rendem R$ 100 mil no Tesouro Selic? E na poupança? Veja a comparação 

Queda dos juros para 12,75% fez com que o rendimento do Tesouro Selic caísse, mas título público ainda é boa opção para o investidor

Após a queda na taxa de juros para 12,75%, você pode estar de perguntando se ainda vale investir no Tesouro Direto, mais especificamente no Tesouro Selic. Apesar do corte, ainda estamos falando de juros reais altos no Brasil. Assim, para se ter uma ideia melhor se o produto segue vantajoso, calculamos quanto rendem R$ 100 mil no Tesouro Selic em seis cenários e comparamos os valores com a poupança. Confira a seguir.

Tesouro Selic, o título público do Tesouro Direto mais procurado 

De acordo com o último balanço divulgado pelo Tesouro Nacional, foram realizadas 633.676 operações de investimento em títulos públicos somente em julho de 2023. Os títulos públicos corrigidos pela taxa básica de juros, ou seja, a Selic, ficaram em primeiro lugar no levantamento. 

Os ativos do Tesouro Selic fecharam julho com R$ 2,34 bilhões em vendas e corresponderam a 65,6% do total. Nesse sentido, com a taxa acima dos 12% e a inflação em queda em 2023, esse título público chama bastante atenção. Isso porque ainda proporciona um retorno alto no curto prazo e com liquidez, além de ter o risco de crédito mais seguro do mercado, que é o risco soberano. 

O que é Tesouro Selic? 

Quando falamos em Tesouro Selic, estamos nos referindo a títulos pós-fixados que possuem rentabilidade atrelada à Selic. Funciona como um empréstimo para financiar gastos e investimentos do governo federal. Este, por sua vez, devolve, como contrapartida, os valores corrigidos por uma taxa e um prazo definidos na hora da negociação. 

Vale lembrar que o Tesouro Nacional cobra uma taxa de custódia de 0,2% para aplicações acima de R$ 10 mil em títulos públicos (leia mais abaixo).

Os títulos do Tesouro Selic são muito procurados por investidores para construção de reserva de emergência e por aqueles que estão iniciando no Tesouro Direto. Isso porque eles sofrem menos com os efeitos da marcação a mercado, garantindo maior segurança e liquidez para esses objetivos. 

Em resumo, os analistas recomendam esse título público para a reserva de emergência e para objetivos de curto prazo. Dentre os títulos, é aquele que possui o menor risco em caso de venda antecipada.

Quanto rendem R$ 100 mil no Tesouro Selic? 

Há duas opções de títulos públicos do Tesouro Direto corrigidos pela taxa básica de juros: o Tesouro Selic 2026 e o Tesouro Selic 2029. Para a simulação, contamos com a ajuda de Jayme Carvalho Jr., economista e sócio da SuperRico.  

Na hora de fazer os cálculos, o especialista considerou as projeções do Banco Central. Assim, a Selic seria de 11,75% na simulação de um mês (boletim Focus de 25 de setembro), 9% na de seis meses e 8,5% nas simulações de um ano, dois anos e nas datas de vencimento do Tesouro Selic 2026 (1º de março de 2026) e do Tesouro Selic (1º de março de 2029). 

Os valores apurados também já contemplam os descontos do Imposto de Renda e da taxa de custódia.

Quanto rendem R$ 100 mil no Tesouro Selic 2026? 

O Tesouro Selic 2026 rende a taxa de juros mais 0,044% ao ano. O preço unitário do título é R$ 13.841,35; já a aplicação mínima é R$ 138,41. 

Pois bem, ao final de um mês, R$ 100 mil aplicados no Tesouro Selic 2026 resultariam em R$ 100.768,81, já descontados o IR e a taxa de custódia. Após seis meses, o mesmo valor seria de R$ 103.457,68. Depois de um ano, R$ 107.410,87. Após dois anos, R$ 115.920,80. E no vencimento, em 1º de março de 2026, R$ 119.338,17. 

Quanto rendem R$ 100 mil no Tesouro Selic 2029? 

O Tesouro Selic 2029 rende a taxa de juro mais 0,1577% ao ano. O preço unitário do título é R$ 13.738,62; já a aplicação mínima é R$ 137,38. 

Sendo assim, ao final de um mês, R$ 100 mil aplicados no Tesouro Selic 2029 resultariam em R$ 100.776,32, já descontados o IR e a taxa de custódia. Após seis meses, o mesmo valor seria de R$ 103.504,99. Depois de um ano, R$ 107.514,57. Após dois anos, R$ 116.153,41. No vencimento do Tesouro Selic 2026, em 1º de março de 2026, R$ 120.443,02. Ou seja, você teria 1.054,85 a mais do que se tivesse aplicado no Tesouro Selic 2026. 

Já quem deixar até o vencimento, em 1º de março de 2029, somaria R$ 147.967,93. 

Quanto rendem R$ 100 mil na Poupança? 

Por fim, vamos falar da queridinha dos brasileiros, a caderneta de poupança. O rendimento dela atualmente é de 0,5% ao mês mais a taxa referencial, a famosa TR (0,11% em setembro de 2023). Isso porque a Selic está acima de 8,5%.

Não há um valor mínimo a ser depositado para abertura da poupança. Além disso, não há cobrança de Imposto de Renda nem de taxa de custódia. 

Vamos aos cálculos! Ao final de um mês, R$ 100 mil aplicados na caderneta resultariam em R$ 100.583,37. Após seis meses, o mesmo valor investido seria de R$ 103.551,66. Depois de um ano, R$ 107.229,46. 

Após dois anos, R$ 114.981,57 – perceba que, a partir desse período, passa a ser mais desvantajoso manter o dinheiro aplicado na poupança quando comparado com o Tesouro Selic. O motivo? Paga-se 15% de IR – ou seja, o valor mínimo – sobre os rendimentos desses títulos públicos. 

No vencimento do Tesouro Selic 2026, em 1º de março de 2026, o valor deixado na poupança resultaria em R$ 118.880,78. Por fim, no vencimento do Tesouro Selic 2029, em 1º de março de 2029, o montante final seria de R$ 143,053,72.

Tesouro Selic 2029: a melhor opção

Quanto rendem R$ 100 mil?1 mês6 meses1 ano2 anos1º março de 20261º março de 2029
Tesouro Selic 2026R$ 100.768,81R$ 103.457,68R$ 107.410,87R$ 115.920,80R$ 119.338,17———-
Tesouro Selic 2029R$ 100.776,32R$ 103.504,99R$ 107.514,57R$ 116.153,41R$ 120.443,02R$ 147.967,93
PoupançaR$ 100.583,37R$ 103.551,66R$ 107.229,46R$ 114.981,57R$ 118.880,78R$ 143,053,72
Jayme Carvalho Jr., economista e sócio da SuperRico

“O mais interessante nessa simulação é que a gente percebe que, com a taxa Selic caindo para onde o mercado está indo, você tem uma poupança muito perto da remuneração das rendas fixas tradicionais”, analisa Jayme Carvalho Jr..

De acordo com o especialista, isso ocorre, primeiramente, porque a poupança não tem imposto e também não tem a taxa de custódia da B3. Além disso, com a Selic abaixo de 8,5%, o rendimento é de apenas 70% da Selic mais a TR.

“Como em 8,5% é onde o mercado parou, a remuneração da poupança fica bastante interessante comparativamente à do Tesouro Selic, o que a gente não necessariamente espera comumente. Isso porque a gente sempre tem na cabeça que a poupança paga muito menos”, destaca o economista da SuperRico.

Entenda a taxa de custódia do Tesouro Selic 

A taxa de custódia é cobrada em muitos investimentos realizados no Brasil. Os recursos arrecadados são utilizados para gerir e manter os títulos e os papéis de investimentos. 

No caso do Tesouro Direto, a taxa de custódia é cobrada pela B3 e é utilizada para custear a equipe, infraestrutura e rotina de operação dos títulos que são transacionados diariamente. O valor dela diminuiu em 2022 e passou a ser cobrado o montante de 0,20% ao ano. Antes da mudança era 0,25%. 

De acordo com a B3, neste título existe uma particularidade quanto à cobrança da taxa de custódia: os investimentos em Tesouro Selic são isentos dessa taxa até o limite de R$ 10 mil em estoque. Ou seja, o pagamento da taxa de custódia incide apenas sobre o montante investido que exceder o valor de R$ 10 mil. 

Porém, ainda assim, mesmo para quem não está isento, haverá ganhos, pois a cobrança só acontece sobre o valor que ultrapassar este limite. 

Imposto de Renda do Tesouro Selic

Em relação aos impostos, quem investir no Tesouro Selic deve pagar o Imposto de Renda (IR) no momento do resgate. A alíquota desse imposto é regressiva, ou seja, quanto mais tempo você carregar o título, menos imposto irá pagar.

Vale lembrar que o fato gerador do IR, ou seja – o valor sobre qual incidirá o imposto – é apenas sobre os seus rendimentos do período em que você manteve seu dinheiro aplicado, e não sobre o montante total da sua aplicação.

Se o tempo de duração for de até 180 dias, a alíquota de IR é de 22,5%. Se for de 181 a 360 dias, é de 20%. Entre 361 e 720 dias, de 17,5%. E, por fim, 721 dias ou mais, a alíquota é de 15%.