Mulher e dinheiro: qual é o perfil das investidoras brasileiras?

No Dia da Igualdade Feminina, mulheres ainda são minoria no mundo dos investimentos
Pontos-chave:
  • Elas não investem por falta de dinheiro
  • Entre as que investem, o principal motivador é realizar o sonho da casa própria

Nesta sexta-feira (26), o mundo comemora o Dia da Igualdade Feminina, para que todos nós nos lembremos das conquistas das mulheres na sociedade ao longo da história.

Vamos aproveitar a data para lembrar um outro fato importante. Ainda existe um mundo onde a mulher não entrou: o do dinheiro.

Segundo a Anbima, 72% das mulheres não são investidoras. Por quê? Porque falta dinheiro.

Na outra ponta, entre os homens o volume também é alto, ainda que nem tanto: 66% deles não são investidores.

Os dados fazem parte da 5ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa realizada pela Anbima, em parceria com o Datafolha, que ouviu 5,8 mil pessoas das classes A/B, C e D/E, de todas as regiões do país.

Portanto, invertendo a lógica, apenas 28% das mulheres investem, contra 34% dos homens.

Por que as mulheres não investem?

Para 55% das mulheres, o principal entrave para conseguir realizar investimentos está na falta de dinheiro. Entre os homens, esse volume corresponde a 51%.

Em seguida, vem o desemprego, com 10% das respostas, enquanto para quem é do sexo masculino esse número é de apenas 6%.

“O recorte de gênero é importante para que possamos refletir sobre formas de disseminar mais a cultura de investimento entre as mulheres. A falta de dinheiro para investir, apontado por um número relativamente maior de mulheres do que de homens, reflete também o impacto causado por aspectos socioeconômicos importantes: em média as mulheres recebem salários menores e dedicam mais tempo à família”, avalia Marcelo Billi, superintendente de Comunicação, Certificação e Educação de Investidores da Anbima.

Qual é o perfil das investidoras?

De acordo com a pesquisa, as mulheres que investem tendem a ser mais conservadoras e evitam o risco: 83% delas escolhem a poupança na hora de investir, contra 68% dos homens.

Em seguida, com 7% de preferência delas, vêm os títulos privados, como debêntures e CDBs, percentual que para os homens é de 9%.

Enquanto fundos de investimento, moedas digitais e ações, que são investimentos de maior risco, são opções para 12% dos homens, para elas esses ativos não passam de 6%.

“A poupança é um investimento muito popular, a maior proporção de mulheres que preferem essa opção pode refletir uma preferência das mulheres por alternativas menos arriscadas na hora de investir”, diz Billi. “Por isso, a educação financeira é tão importante. Com mais conhecimento acerca dos produtos é possível uma maior diversificação da carteira de investimentos controlando riscos e respeitando o perfil das investidoras.”

Maior parte das investidoras está entre as classes mais ricas

Quando se observam de perto as investidoras, percebe-se que elas se concentram nas classes A, B e C, com 85% das mulheres entrevistadas, em um cenário parecido para os homens: 87%.

No caso das mulheres, a classe C responde por quase metade (47%), seguida da classe A e B com 38% e, por último, da classe D/E, com 15%; já para os homens, a classe C representa 43% dos entrevistados; as classes A/B, 45% e D/E, 13%.

Já o principal objetivo que move as mulheres que buscam investir é o de realizar o sonho da casa própria (28%), parecida com a dos homens (30%).

Fazer uma reserva de emergência e manter os valores aplicados corresponde a 20% das mulheres ouvidas pelo levantamento, valor igual para os homens.

O que as investidoras querem?

Algumas prioridades mudam quando se comparam as entrevistadas com os entrevistados.

Para elas, viajar pelo mundo e conhecer novas culturas (9%) e fornecer educação para si e para filhos e netos (8%) é mais importante do que investir em negócio próprio (7%) e usar na velhice (6%).

Enquanto para os homens pensar da aposentadoria (9%) e empreender (9%) passa na frente de viagens (6%) e estudar (6%).

Mulheres são menos inseguras

A insegurança para investir é menor nas mulheres que nos homens que não fazem investimentos.

Apenas 5% das mulheres não investem por motivos relacionados à insegurança, medo e falta de confiança.

Entre os homens este percentual é maior e chega a 8% dos entrevistados.

E vejam: 43% das que não fazem aplicações financeiras ainda estão dispostas a fazer algum tipo de investimento. Já entre os homens, 51% querem investir neste ano.

Sobre o Raio X do Investidor Brasileiro

Esta é a quinta edição da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro. As entrevistas aconteceram presencialmente em novembro de 2021, com 5.878 pessoas das classes A, B, C e D/E, de 16 anos ou mais, nas cinco regiões do País. A margem de erro da pesquisa é de um ponto percentual, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

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