Foco no longo prazo: qual será o futuro das criptomoedas?

Especialistas relatam o motivo de tanta volatilidade das moedas virtuais neste ano e o que esperar delas em 2024

O ano de 2023 foi marcado pelo sobe e desce das moedas virtuais. E isso acaba por acender um sinal de alerta entre os investidores do ativo financeiro. Desse modo, muitas pessoas se questionam qual deve ser o futuro das criptomoedas.

Nós, da Inteligência Financeira, fomos atrás dos especialistas em moedas virtuais para explicar sobre essa volatilidade das criptomoedas e o que podemos aguardar para os 12 meses de 2024, que veja só, já estão batendo em nossa porta.

O que é e como funcionam as criptomoedas

Mas antes de falarmos do futuro das criptomoedas, vamos a uma breve explicação sobre o ativo financeiro. Afinal de contas, não são todos que conhecem o produto, certo? Então, vale saber que as criptomoedas são ativos digitais que operam em uma tecnologia chamada blockchain, onde as transações são armazenadas e podem ocorrer 24 horas por dia.

Além disso, qualquer pessoa pode acessar as informações e a validação das transações pode ser feita por diferentes usuários. “Essas moedas virtuais são compostas por um conjunto de letras e números e protegidas por criptografia, que garante sua segurança e que cada unidade é única. Por isso, elas não podem ser copiadas”, esclarece Beto Fernandes, analista de criptomoedas da Foxbit.

Em geral, as criptos oferecem uma nova forma de moeda privada, sendo uma alternativa ao sistema financeiro tradicional. “Muitas infraestruturas de criptomoedas são utilizadas na criação de CBDCs (moedas digitais de bancos centrais) por governos, como o DREX no Brasil”, pontua Ayoron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset.

Diferença entre o mercado de moeda virtual e de ação

Outro ponto que merece atenção – e que gera dúvidas em muitos investidores – é a distinção entre criptomoeda e ação. E a principal diferença está na descentralização das moedas virtuais – e que pode ser um ponto interessante para o futuro das criptomoedas.

“O mercado de ações, por exemplo, tem o controle do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e B3. Por isso, tem hora para começar e encerrar as negociações, intermediários para realizar a compra, venda e saque de rendimentos, possui um preço fixo dos papéis que você tem interesse. No caso das criptomoedas, a descentralização torna tudo isso muito mais flexível”, diz Fernandes.

Ainda de acordo com o analista, é praticamente impossível, em governos democráticos, proibir ou restringir o acesso às criptomoedas. “Como não tem uma entidade central ou intermediadora, você pode negociar e sacar suas moedas 24 horas por dia, sete dias por semana, seja final de semana ou feriado. O que não ocorre no mercado de ações”, complementa.

Por que houve tanta volatilidade das criptomoedas em 2023?

Já para quem acompanha o mundo das moedas virtuais com certeza deve ter visto que esse ano tivemos muito sobe e desce do produto. Mas, qual a explicação para isso?

De acordo com Ayoron Ferreira, da Titanium, Beto Fernandes, da Foxbit e Rony Szuster, analista de criptoativos do Mercado Bitcoin (MB), a volatilidade das criptomoedas em 2023 pode ser atribuída ao intenso interesse institucional pelo ativo.” O que foi evidenciado pelos registros de pedidos de emissão de um ETF de bitcoin spot por grandes empresas como BlackRock e Fidelity”, diz Ayoron Ferreira.

Aliás, importante entender que o ETF funcionaria como uma espécie de “selo de aprovação” pelas autoridades norte-americanas, enquanto o país ainda não possui uma regulamentação clara. “Então, a aprovação desses ETFs poderia ser responsável por trazer muito dinheiro institucional para o mercado, o que tenderia a tornar o ativo mais procurado, escasso e, consequentemente, valioso”, comenta Beto Fernandes.

Sem esquecer que um processo de maior clareza regulatória, tanto nos Estados Unidos quanto globalmente, contribuiu para a movimentação dos preços dos criptoativos. “O mercado [de moedas virtuais) está começando agora a ter um tipo de regulação mais clara. Mas ainda não tem uma total regulamentação como são em mercado de tradicionais. Portanto, [o setor de criptomoedas) tem muito a amadurecer tanto em termos regulatórios, quanto no próprio tamanho de mercado”, analisa Rony Szuster.

Fernandes ainda completa que a oscilação das moedas virtuais possui diversos outros fatores. “E um deles vem de uma observação histórica do próprio ciclo do mercado de criptomoedas. Neste caso, alguns eventos específicos, como o halving do bitcoin, podem ser capazes de desencadear uma grande onda de compras. Assim como uma forte pressão de vendas”, explica.

Cenário macroeconômico também influenciou

E os motivos para tanta volatilidade das criptomoedas esse ano não param por aí. Fernandes comenta ainda que a macroeconomia também pesou no sabe e desce.

“O quebra-quebra dos bancos norte-americanos no início do ano, os conflitos geopolíticos e a alta inflação nos Estados Unidos e Europa deixaram a tensão muito alta. Assim, a qualquer sinal de que o Federal Reserve iria aumentar ou pausar os juros, os investidores reagiam de forma quase instantânea, bagunçando não só o mercado de criptomoedas como o acionário também”, diz Fernandes.

E qual a consequência disso? “Ficou uma puxa daqui e puxa de lá, com os investidores realocando constantemente seus investimentos, o que fazia tudo ter mais volatilidade”, completa o analista.

Por que investir em um ativo com tanta volatilidade?

A verdade é que as moedas virtuais vieram para dar um “chacoalhão” no sistema financeiro. Além disso, claro, estamos falando de uma classe de ativos que condiz muito com o atual momento da vida global.

“Afinal, elas são digitais, acessíveis, transparentes, seguras, invioláveis e democráticas. Além disso, apresentam propostas de mudanças importantes no modo como nos relacionamos com o dinheiro e até com outros serviços financeiros. Essa praticidade e relevância já são um prato cheio para quem procura por algum investimento”, acredita Ferreira.

Sem esquecer da previsibilidade. Isso porque, as blockchains são abertas e você pode facilmente verificar informações, comportamentos e ciclos de mercado. “Então, para quem procura se debruçar neste mercado, os estudos ficam muito mais simples e transparentes. E assim você pode, de fato, ter dados confiáveis para tomar suas decisões de investimento e avaliações de projetos”, fala o analista de criptomoedas.

Futuro das criptomoedas: o que esperar para 2024

Bem, mas agora vamos deixar 2023 para trás. Segundo os especialistas, o futuro das criptomoedas é bastante positivo. “Em 2024, é provável a aprovação de um ETF de bitcoin à vista no principal mercado financeiro do mundo, o norte-americano. Dessa forma, isso poderia ser um marco importante, atraindo bilhões em capital para o mercado de criptoativos”, acredita Ferreira, da Titanium Asset.

Para Fernandes, da Foxbit, a subida do bitcoin costuma alavancar praticamente todas as outras criptomoedas. “Assim, um otimismo em torno deste mercado passa a ser maior. E, claro, estamos vendo o desenvolvimento de projetos muito interessantes e a adoção crescendo, seja pelo público geral como para o institucional. Então, a tendência é que a diversificação não só seja maior, mas também ainda mais acessível para o próximo ano, o que pode criar oportunidades bem interessantes”, comenta.

E no longo prazo, qual o futuro das criptomoedas?

Já quando o pensamento é para mais de 12 meses, a caminhada parece também ser promissora. Afinal de contas, a gente sabe que o tema futuro da criptomoeda a longo prazo – e para o ano que vem, claro – é mais uma projeção, ou seja, uma hipótese.

Dessa forma, então, como o setor está em construção, tokens ligados à infraestrutura blockchain tendem a se valorizar, pois atendem a uma demanda crescente no universo cripto.

“Transações rápidas, seguras e econômicas são fundamentais para suportar o aumento de novos usuários no mercado. Além dos tokens de plataformas de contratos inteligentes, aqueles ligados ao setor de Finanças Descentralizadas (DeFi) apresentam bom potencial, devido à variedade de protocolos que replicam produtos e serviços financeiros tradicionais em um formato descentralizado, global e mais acessível”, afirma Ferreira.

Além disso, a projeção feita por Fernandes indica que as criptomoedas que possuem um bom projeto por trás terão mais chances de sobreviver nesta disputa por espaço. “Empresas e até governos estão buscando os ETFs. Mas também estão de olho na aplicação da tecnologia, mostrando como o cenário está evoluindo rapidamente nas duas vertentes”, analisa.

De olho nas criptos

O fato é que, no fim das contas, a decisão será sempre sua, investidor e investidora. Estude e analise com cautela o cenário, as projeções de futuro das criptomoedas e, claro, a questão da volatilidade. Assim, você terá mais insumos para entender se o ativo financeiro é interessante, ou não, para os seus objetivos financeiros.