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4 coisas que você precisa saber antes de investir na poupança
O investimento na poupança segue sendo o mais conhecido e utilizado pelos brasileiros, segundo dados da Anbima.
De acordo com a edição 2023 do Raio-X do Investidor, quase um em cada quatro brasileiros, ou 26% do total, deixa seu dinheiro aplicado na caderneta. Trata-se de um percentual que cresceu, muito embora a poupança esteja longe de ser o produto com a maior rentabilidade, mesmo entre aqueles que contam com a segurança da renda fixa.
Mas mesmo um investimento tão conhecido e relativamente simples de ser operado tem pontos que precisam ser observados com mais atenção, informa o educador financeiro Felipe Nascimento.
Em entrevista a Inteligência Financeira, Nascimento explicou por que tantos especialistas advertem contra a poupança, o que explica a resiliência do produto entre os brasileiros e quais os cuidados que devem ser tomados por quem escolher permanecer na caderneta.
1. Retire o dinheiro no dia certo ou você vai perder dinheiro
A caderneta de poupança tem uma particularidade que muitas vezes é desconsiderada pelos investidores. O produto só paga o rendimento aos investidores após o aniversário da aplicação dos recursos. Se o dinheiro for retirado antes, você perde toda a rentabilidade acumulada.
Confuso? Calma, vamos rebobinar um pouco.
Se você investiu um dinheiro na poupança em 22 de agosto, o rendimento dos 30 dias vai ser creditado de uma vez só, em 22 de setembro. Portanto, retirar o dinheiro antes desse “aniversário” faz você perder tudo o que se teria direito pelos dias aplicados.
“Ter a rentabilidade da poupança assegurada apenas no aniversário é um risco grande de perder dinheiro. Assim, você ficou 29 dias, 28 dias, ou qualquer número menos, você não vai ter o rendimento do investimento, o que acaba sendo muito pior do que a rentabilidade da poupança, que já é baixa”, adverte Felipe Nascimento.
Dessa maneira, o melhor dia para tirar o dinheiro da poupança é o dia seguinte ao aniversário da aplicação.
No exemplo que citamos, no dia 23 dos meses seguintes ao do investimento. Lembrando que se a aplicação for feita nos dias 29, 30 ou 31 a data de aniversário é o dia 1º do mês seguinte.
2. Saiba como garantir a segurança do seu investimento
Assim como em outros produtos, na caderneta de poupança há o risco da saúde financeira da instituição financeira em que se aplica. Quando se trata dos grandes bancos e dos maiores bancos digitais, esse risco é considerado “baixíssimo”, informa Felipe Nascimento. No entanto, ele existe e é maior nas instituições de menor porte.
Portanto, entra em jogo o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que protege o investimento na poupança. Contudo, há condições a serem observadas: o saldo é assegurado apenas até ao limite de R$ 250 mil por CPF por instituição financeira.
Por outro lado, Felipe traz um fator extra: entre o momento da quebra do banco e o pagamento há um período, e o dinheiro pago não vai ser corrigido ao longo de todo esse tempo. “Você vai receber apenas o saldo que tinha na conta poupança”, explica.
3. Conheça regras para saques e transferências
De acordo com Felipe Nascimento, parte das instituições que oferecem a caderneta de poupança colocam uma espécie de “trava” para evitar saques e transferências de alto valor.
“Muitas instituições limitam as movimentações ou os saques mensais, colocam uma espécie de trava no dinheiro. Por exemplo, às vezes exigem a presença física na agência para liberar uma transação”, explica o educador financeiro.
Portanto, a liquidez fácil, um dos atrativos da caderneta, vai depender das condições específicas oferecidas pela instituição. É importante consultar e estar preparado antes de precisar do dinheiro investido.
4. Entenda os riscos para os seus investimentos
De acordo com o especialista, há dois riscos que preocupam a respeito do investimento na poupança. Um deles é o fato de que, em razão da facilidade, muita gente que aplica na caderneta deixa seus recursos concentrados nessa modalidade e perde a oportunidade de diversificar seus rendimentos.
“A concentração em único ativo também é um risco. É importante não colocar todos os ovos na mesma cesta, ter uma diversificação”, alerta o especialista. Ao diversificar a carteira, ter diferentes fontes de rentabilidade, com condições diversas afetadas por fatores econômicos distintos.
Por outro lado, há o risco temido pelos investidores, o de perder dinheiro. Não em números, mas em poder de compra. A poupança tem uma rentabilidade mais baixa do que outros produtos de renda fixa que apresentam o mesmo grau de segurança.
Assim, se há um salto da inflação no Brasil, como já aconteceu inúmeras vezes na nossa história, a caderneta passa a render menos do que a alta dos preços, o que faz o dinheiro “valer menos”.
Como calcular o investimento na poupança
A caderneta de poupança é um produto de renda fixa que segue regras definidas para a rentabilidade. Quando a Selic está abaixo de 8,50% ao ano o investimento rende 70% da taxa básica de juros mais a taxa referencial (TR). Por outro lado, se a taxa básica ultrapassa esse patamar o rendimento é fixo de 0,50% ao mês mais a TR.
Quando a inflação dispara, a Selic sobe para conter a alta dos preços e trava o rendimento da poupança. Se os preços continuam subindo, a poupança para de “ganhar” da inflação e vem o prejuízo do poder de compra do investidor.
A rentabilidade da poupança em julho foi de cerca de 0,65%, sendo essa a soma dos 0,50% com a alíquota da TR no mês, de 0,15%. Em um ano, isso representa um rendimento de cerca de 8,08%, o que é menos do que outros produtos de renda fixa.
Rentabilidade da poupança e outros ativos da renda fixa
Com a Selic em 13,25%, essas são as rentabilidades líquidas aproximadas, já descontado o imposto de renda, dos seguintes produtos:
- Poupança: 8,08%
- Tesouro Selic: 10,93%
- CDB (100% CDI): 10,85%
- LCA ou LCI (90% CDI): 11,84%
O prazo considerado foi o de 12 meses, sendo aplicada a alíquota de imposto de 17,50% para os títulos públicos e o CDB. LCI e LCAs também são isentas da cobrança de IR.
Brasil tem cultura de investir em poupança, diz especialista
Para Felipe Nascimento, a principal razão que explica a força da poupança é cultural no Brasil.
“Temos uma cultura financeira, que passa de pai para filho, de deixar o dinheiro na poupança. Conversamos pouco sobre dinheiro e temos uma falta de educação financeira, no sentido de conhecer as alternativas e enteder um pouco mais as possibilidades que nós temos”, avalia.
De acordo com o especialista, há um peso grande para a “percepção de segurança”. “O dinheiro [na poupança] está sempre crescendo. Isso com uma percepção de segurança acaba sendo um atrativo” diz ele, ponderando que em geral não se considera que o dinheiro poderia estar crescendo mais com a mesma segurança.
Como alternativas, o especialista cita, portanto, investimentos como os CDBs, também segurados pelo FGC, e os títulos do Tesouro Direto, que contam com a segurança do Estado brasileiro.
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