Debêntures invadem o mercado – vale a pena investir nestes títulos?

Segundo a Anbima, o volume de captação debentures chegou R$ 224,7 bilhões no ano até novembro, correspondendo a 44% do total do mercado de capitais
Pontos-chave:
  • É preciso ficar de olho em alguns fatores antes de emprestar seu dinheiro para uma empresa, como os motivos que levaram ela a captar
  • É importante acompanhar as notas que as agências de rating dão para a debêntures

De um lado está você, focado em ter lucro com as dívidas das empresas. Do outro estão as companhias, que precisam de capital. Do casamento dos dois lados, nasceram os títulos de dívidas privadas, como CDBs, LCI, LCAs, CRIs, CRAs e as debêntures. Entre eles, as debêntures estão ganhando espaço.

Segundo a Anbima, as debêntures são o principal instrumento das empresas para a emissão de dívida corporativa. Só em novembro chegaram ao mercado R$ 38,1 bilhões delas. Isso representa 66% do que foi oferecido pelas empresas no mercado de capitais no mês. No ano, as debêntures representam 44% do total, ou R$ 224,7 bilhões.

De um modo geral, as ofertas das empresas foram de R$ 515 bilhões do começo do ano até novembro. Os CRAs captaram R$ 18,5 bilhões até novembro, contra R$ 10 bilhões no mesmo período de 2020. Em seguida, os FIDCs (Fundos de Investimento em Direito Creditório) cresceram 80%, com R$ 57 bilhões, contra R$ 32 bilhões no ano passado.

Entenda as debêntures

As debêntures  são instrumentos que chamam a atenção, mas requerem cuidados dos investidores. É preciso ficar de olho em alguns fatores antes de emprestar seu dinheiro para uma empresa.

O professor Henrique Castro explica que o investidor deve olhar para o motivo da emissão das debêntures. “A empresa pode pegar aquele dinheiro para investir no próprio crescimento ou usar para pagar dívidas que estão vencendo agora. Para saber qual o motivo da emissão, basta olhar o prospecto, que diz qual a finalidade da arrecadação”, explica.

Outra dica valiosa é acompanhar as notas que agências de rating dão para a debênture. Toda emissão é acompanhada por uma empresa independente, que analisa o momento da empresa, a finalidade da arrecadação e o histórico da companhia para dar uma nota ao título. Quanto maior a nota, maior a confiança que a agência tem no pagamento da dívida.

Agora, entenda a renda fixa

A renda fixa é um campo com muitas opções de investimento e diferentes níveis de risco, liquidez e rentabilidade. Quando você investe em renda fixa, está emprestando dinheiro para o governo, no caso dos títulos de dívidas públicas, ou para uma empresa.

Ao contrário do que muita gente pensa, o investimento em renda fixa também tem risco. Os instrumentos são menos arriscados do que os de renda variável, mas há a possibilidade – mesmo que remota – de calote das empresas ou governos, no caso de títulos de dívidas públicas.

Títulos de dívida pública X títulos de dívida privada

A principal diferença entre os títulos de dívidas de empresas privadas dos títulos das públicas é o tamanho do risco. É mais provável que uma empresa quebre e não pague suas dívidas do que todo o Estado. Ainda é preciso analisar que entre os títulos de dívida privados há diferença de risco. O investidor pode olhar para o tamanho da companhia, área de atuação e sua situação financeira.

Para conservadores e moderados

E para quem servem os títulos de dívida, sejam públicas, sejam privadas? “Esses instrumentos são indicados para investidores com perfis conservadores e moderados”, afirma Henrique Castro, professor de finanças da FGV-EESP. Geralmente os mais arrojados procuram outros instrumentos com mais risco, atrás de mais rentabilidade.

Mesclar títulos privados e públicos

É preciso entender o objetivo do seu investimento. A renda fixa têm prazos definidos. Se você quer viajar em 2023 deve procurar títulos com vencimento em pouco menos de anos. Para sua aposentadoria, o vencimento pode estar mais distante.

“Quando faço um investimento preciso pensar por quanto tempo posso comprometer aquele dinheiro. É importante pensar em um investimento compatível com o prazo que vou precisar do recurso”, explica Castro.

Para o médio prazo, os CDBs  podem ser uma boa. Eles têm prazos de vencimento diferentes entre si, a depender de quando foram emitidos. A rentabilidade é proporcional ao tempo de alocação, ou seja, aumenta quando a duração é maior e diminui quando o prazo é menor.

Para o longo prazo, os títulos do Tesouro Direto  são os mais indicados. O Tesouro IPCA com juros semestrais que vence em 2055 é, atualmente, o título mais longo que o Tesouro Nacional Oferece.