6 fatores que podem voltar a derrubar o preço da cripto

Juros altos, correlações e até Elon Musk abalam a cotação da moeda digital
Pontos-chave:
  • Aumento dos juros ajuda a explicar queda atual
  • Opinião de influenciadores e correlação com as ações estão entre os fatores de risco

Nesta semana, o bitcoin está vivendo momentos conturbados. O mercado que nunca fecha está punindo a criptomoeda por uma combinação de vários fatores negativos. Além de acender o alerta para o que está acontecendo agora, o momento se torna propício para entender o que pode derrubar o preço do bitcoin. Por isto, listamos, com a ajuda de especialistas, seis motivos que podem fazer a cotação da moeda digital cair. A lista é útil para entender o presente e tornar o futuro da sua carteira um pouco mais previsível. 

Aumento dos juros é inimigo das criptomoedas

Este é um dos motivos que está puxando a cotação para baixo atualmente. O Federal Reserve (FED), o Banco Central dos EUA, precisou aumentar a taxa básica de juros do país para o intervalo entre 0,75% e 1% por causa da inflação persistente. A expectativa é que novas elevações sejam feitas nos próximos meses. 

Isto prejudica não apenas o bitcoin, mas qualquer ativo de risco. Isto porque se a taxa básica de juros sobe, fica mais atrativo buscar remuneração na renda fixa. Além disso, o cenário econômico não é favorável para correr muitos riscos nos investimentos, e isto afasta investidores de ativos como criptomoedas e ações

“É um momento em que estamos vendo pessoas físicas e empresas voltando para ativos mais seguros”, diz Isabela Rossa, country manager da Coin Cloud. Ou seja: isso explica a queda recente nos preços, mas toda vez que uma economia importante aumenta os juros, você já sabe que o preço do bitcoin deve cair. 

Falhas em outras criptomoedas

Um desastre na criptosfera vem chamando atenção de investidores do mundo todo na última semana. A Terra (LUNA) já perdeu mais de 99% do seu valor de mercado na comparação com a cotação recorde nesse período. 

Em resumo, houve um rumor sobre uma falha no protocolo da criptomoeda Terra, que é atrelada à stablecoin TerraUSD (esta informação é importante). Com o rumor, a LUNA despencou junto com a TerraUSD. Outra informação importante: é essencial que o preço da TerraUSD não fique abaixo de US$ 1, já que esta é uma stablecoin, moedas cujo valor é estável. Com a crise, a TerraUSD caiu abaixo da marca de US$ 1. 

O episódio gerou um estresse generalizado e os investidores que já viam outras criptos em queda por causa dos juros passaram a vender os ativos ligados ao Terra Network.

Ney Pimenta, fundador e CEO da BitPreço, explica que o episódio impactou o preço do bitcoin de duas formas: os criadores dos criptoativos Terra começaram a vender suas grandes reservas de bitcoin, injetando muita oferta no mercado, o que fez o preço da cripto cair ainda mais. Outro fator que influenciou no preço do bitcoin foi a desconfiança de investidores com um projeto que era considerado seguro. 

Sobre golpes, Pimenta diz que não há impacto no preço do bitcoin, já que eles geralmente acontecem em projetos pequenos e sem fundamento. 

Regulação afeta as criptomoedas?

A regulação já faz parte da lista dos fatores que não estão fazendo preço, mas têm poder para impactar o bitcoin no futuro. “No curto prazo as regulações podem causar dor, já que investidores ‘raiz’ terão dificuldades em aceitar as regras, mas no longo prazo, com diminuição de fraudes, investidores devem entender que as regulações podem ajudar muito os projetos”, afirma Isabela Rossa.

Ney Pimenta, da BitPreço, ainda diz que as quedas puxadas por novas regulações geralmente são rápidas e a recuperação acontece rapidamente, como aconteceu quando a China proibiu a mineração de criptomoedas. 

Afinal, a regulação é boa ou ruim para os investidores de criptomoedas e criptoativos de um modo geral? Juliana Facklmann, diretora de regulação e design de Produtos do Grupo 2TM, explica na Entrevista da Semana abaixo:

Preocupação com a agenda ESG

Este é um fator que faz preço no bitcoin e está fora do radar de muitos investidores. Isto porque o funcionamento da criptomoeda depende da resolução de problemas matemáticos complexos, num processo chamado de mineração, que exige um poder computacional muito grande. Nesse processo, a energia gasta é muito grande. 

O problema maior é, na verdade, o desperdício de energia, já que há muitas pessoas tentando resolver um mesmo problema porque a mineração é remunerada em bitcoin. 

Acontece que nem todas as criptomoedas funcionam da mesma maneira que o bitcoin. O etherium, segunda maior cripto em valor de mercado, está passando por um processo de transição para um modelo mais sustentável, já usado em projetos como solana e cardano. 

A preocupação com o meio ambiente é crescente na sociedade e grande parte dos investidores que enxergam alternativas mais sustentáveis ao bitcoin vão preterir a cripto mais famosa do mundo, o que certamente traz impacto na sua cotação. 

O poder de Elon Musk e de outros influenciadores

Há um ano, o agora homem mais rico do mundo, Elon Musk, mexia fortemente com o preço do bitcoin. A direção que os preços tomariam estavam nas mãos desta única pessoa, que ainda concentra muito poder de influência nos investidores do projeto. 

Só para você ter uma ideia, em 12 de março de 2021, Musk anunciou que a Tesla suspenderia a venda de carros usando bitcoin por causa do impacto ambiental da mineração. Com a notícia, o preço da criptomoeda despencou mais de 12% em 24 horas. Depois, outras delcarações de Musk sobre o ativo fizeram preço. “Este é um mercado muito especulativo, a opinião do homem mais rico do mundo tem muita influência”, diz Ney Pimenta 

Correlação com o mercado acionário 

O Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, é um exemplo de indicador correlacionado com os mercados dos Estados Unidos. Isto significa que o Ibov tende a seguir Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, a não ser que um fator que influencia a economia brasileira ou uma empresa pesada no índice desequilibre a balança. Quando isto acontece, dizemos que o índice “se descolou” das bolsas norte-americanas. 

Essa dinâmica é parecida com a relação do bitcoin com o mercado de ações dos EUA atualemente. No início, não era assim, mas à medida que grandes investidores individuais e grandes empresas foram entrando no mercado, a correlação ficou maior. “Nos últimos anos, tem ficado claro que o bitcoin é um ativo mainstream e é inevitável que ele seja afetado pelo mercado”, afirma Pimenta.