Onde investir em junho? Conheça os setores da Bolsa que podem ser mais promissores

Cenário é melhor para ações defensivas
Pontos-chave:
  • Guide acredita que é hora de começar a adicionar nomes cíclicos domésticos
  • Ativa considera que momento não é de 'compra de olhos fechados'
  • Banco Inter revisa projeção para o Ibovespa no fim de 2022

O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, encerrou maio com alta de 3,22%, aos 111.350 pontos. No ano, apesar de toda volatilidade, a valorização ficou em 6,23%. Mas o que esperar para junho? Tudo indica que muito nervosismo mais uma vez, o que exige cautela do investidor ante o cenário econômico de incertezas.

No Brasil, a inflação segue pressionada por todos os lados, enquanto ainda há dúvidas se o ciclo de aumento da taxa Selic está perto do fim. As interferências na Petrobras e o risco de desabastecimento de diesel são fatores que elevam os ruídos.

Lá fora, a flexibilização dos lockdwons na China e o anúncio de um pacote para aquecer a economia são notícias positivas. Só que o humor pode azedar diante das possíveis sinalizações do Federal Reserve (banco central dos Estados) de que pode acelerar o aperto monetário.

Ações defensivas em alta

“Acreditamos que a economia americana ainda está no início do período de desaceleração enquanto a economia brasileira já está no fim da desaceleração econômica. Considerando isto, acreditamos que é hora de começar a adicionar nomes cíclicos domésticos aos portfólios locais”, destaca a equipe de research da Guide Investimentos. “Além disso, dado a desaceleração nos EUA (e global), vale a pena reduzir posições em setores cíclicos globais, como energia e materiais básicos. Nossa visão é que estes setores continuaram tendo desempenho positivo nos últimos meses por conta da inflação elevada”, acrescenta.

Os analistas da Guide consideram que “o momento ainda é de ser defensivo nos investimentos em ações”. “Preferindo setores como utilities e telecom e também empresas de consumo e varejo ‘não cíclicas’, como supermercados, farmácias e empresas de alimentos”, observam. Entre as ações preferidas da casa estão Alupar, Tim, JBS, Assaí, Ambev, Odontoprev, Petrobras, Vale, Gerdau, Soma, Vivara, Lojas Renner, Movida, Multiplan, Yduqs e Itaú.

Hora de equilíbrio

Para a Ativa Investimentos, diante da volatilidade da Bolsa, o momento não é de “compra de olhos fechados”. “Enquanto as empresas, de uma forma geral, têm feito o ‘dever de casa’, o mercado segue sem um gatilho mais claro para uma precificação mais justa e isso deve permanecer, pelo menos, até algumas semanas antecedentes às eleições presidenciais”, avalia a equipe de research. “Ainda seguimos acreditando no carrego de um portfólio equilibrado. Preferimos teses mais líquidas e de fundamentos mais sólidos”, acrescenta.

A casa vê oportunidades em commodities, “principalmente do petróleo. “Dado o nível baixo dos estoques atuais nos EUA, somado à chegada do verão no hemisfério norte,
momento sazonal em que os estoques de óleo ficam nas mínimas, e às sanções na Rússia”, explicam os analistas. “Com relação ao minério de ferro, também enxergamos espaço para alta nos preços, diante do fim do lockdown na China, que deve impulsionar a retomada da demanda das siderúrgicas chinesas.”

Entre os papéis recomendados pela Ativa para junho estão Multiplan, Yduqs, Minerva Foods, Petrobras e Vale.

Ibovespa a 120 mil pontos

Mesmo com a valorização da Bolsa em maio, o Banco Inter vê “meses ainda desafiadores para as companhias brasileiras”. A instituição lista três fatores que podem apertar as empresas: “a demanda local arrefecida por preços de insumos ainda elevados e menor poder de consumo da população podendo limitar as receitas das companhias no mercado interno; a desaceleração global pressionando receitas com exportação; e choques de oferta impulsionando preços de insumos na cadeia global e contribuindo para ainda mais pressão de custos e aversão ao risco.”

Diante do cenário de cautela, o banco digital baixou a sua projeção para o Ibovespa de 125 mil para 120 mil no fim de 2022. “Em cenário adverso como vemos agora, é natural uma migração para setores mais defensivos, ou os chamados ativos de value, como as blue chips”, anota Gabriela Joubert, analista-chefe do Inter.