Mercado hoje: Ibovespa fecha em alta e sobe 3,37% em janeiro; dólar caiu quase 4% no mês

Mercados foram bastante resilientes, mesmo com atentados em Brasília, mudança de governo e um escândalo contábil de R$ 41 bilhões em uma empresa listada

Os mercados operaram com otimismo nesta terça-feira (31) e garantiram um mês de ganhos ao Ibovespa e também do real sobre o dólar. No último dia deste mês, os ativos locais foram beneficiados pelo otimismo dos investidores estrangeiros, que atuaram com maior apetite por risco na expectativa pelos próximos passos da política monetária nos Estados Unidos.

Nesta véspera de duas grandes decisões de juros e das eleições do Congresso Nacional, o Ibovespa registrou ganhos de 1,03%, aos 113.431 pontos. No mês, o índice subiu 3,37%. Na mínima intradiária, o Ibovespa tocou os 112.145 pontos, e, na máxima, os 113.691 pontos. O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 19,97 bilhões no Ibovespa e R$ 25,45 bilhões na B3.

Nos Estados Unidos os principais índices também seguiram o otimismo do mercado neste início de ano e tiveram ganhos robustos, especialmente o índice eletrônico Nasdaq, que acompanhou uma recuperação das empresas de tecnologia.

IndicadorPontuaçãoVariação no diaVariação no mês
Ibovespa113431,221,03%3,37%
Dow Jones34086,041,10%2,87%
S&P5004076,61,45%6,61%
Nasdaq Composite11584,551,67%11,53%
IFIX2821,820,38%-1,27%
CDI13,65

Juros

Se as decisões em si não devem surpreender, os investidores aguardam o tom dos comunicados das respectivas autoridades monetárias. O presidente do Fed, Jerome Powell, falará em entrevista coletiva após a divulgação do dado, às 15h30 pelo horário de Brasília.

No Brasil, as incertezas fiscais e as expectativas de inflação são fatores que devem postergar o início do ciclo de queda da taxa Selic. Aliás, uma piora do cenário pode até levar o BC a promover novo aumento.

Já nos EUA, a discussão é o tamanho do aperto monetário ainda necessário para o Fed domar de vez a inflação. Ainda tem o risco de a economia americana entrar em recessão.

MoedaCotaçãoVariação no diaVariação no mês
DólarR$ 5,07-0,80%-3,88%
EuroR$ 5,52-0,46%-3,10%

Para além da ‘super quarta’, a agenda econômica local tem entre os destaques o possível fim das desonerações sobre combustíveis. Reportagem do ‘Valor Econômico’ mostra que o cenário está se consolidando, já que o assunto está sendo tratado diretamente entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Já Guilherme Mello, secretário de Política Econômica, disse durante evento do Credit Suisse que não há discussão sobre mudança nas metas de inflação, o que também ajuda os ativos brasileiros.

Commodities

O petróleo Brent – utilizado pela Petrobras como referência para sua política de preços – fechou o dia em alta de 1,14%, a US$ 85,46 por barril, terminando o mês praticamente no mesmo patamar em que começou e se recuperando das perdas ao longo do período.

CommodityCotaçãoVariação no diaVariação no mês
BrentUS$ 85,46US$ 0,66US$ -0,14
Minério de FerroUS$ 123,08US$ 0,31US$ 10,80

Breve retrospectiva

Na primeira semana do ano, os mercados repercutiram negativamente os discursos de Lula em sua posse e na posse dos primeiros ministros. Naquela situação, o presidente fez discursos para sua base, prometendo acabar com a fome e aumentar o salário mínimo para R$ 1.320.

O mercado temeu um avanço dos gastos públicos sem uma âncora fiscal e reagiu cobrando mais para por seu dinheiro nos ativos brasileiros. O volume de negócios diminuiu, a bolsa recuou e o dólar subiu.

Os atentados e o pacote de Haddad

Após os atentados contra a democracia e as instituições do Estado, o mercado recuou e houve uma trégua com o governo. A bolsa e o dólar aliviaram e começaram a reduzir as perdas de acordo com a reação das instituições democráticas e do Estado brasileiro.

Seguido disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou seu pacote para reduzir as contas do governo. Prometendo um corte de até R$ 200 bilhões nas contas públicas. Os investidores gostaram.

Ainda teve a participação dos ministros Haddad e Marina Silva em Davos, que não surtiu efeito no mercado – a não ser pelas entrevistas de Haddad aos veículos brasileiros – mas que serviu para mostrar aos investidores estrangeiros a nova cara do governo.

Ainda teve mais uma intempérie de Lula com o mercado após o presidente questionar a independência do Banco Central e os atuais níveis de juros e inflação. Houve um temor de interferência.

Por fim, o encontro de Lula com os presidentes da comunidade da América Latina e Caribe, onde falou de estudos para a criação de uma moeda única para transações entre Brasil e Argentina.

Americanas

Entre as empresas do Ibovespa, a Americanas foi o nome do mês. Mais do que Vale, Petrobras, Itaú, etc… Um escândalo contábil, inicialmente de R$ 20 bilhões e depois de mais de R$ 41 bilhões fez a varejista entrar com pedido de recuperação judicial e jogar as ações dos bancos para baixo.

Nos primeiros dias após o escândalo, que culminou com o pedido de demissão do CEO Sérgio Rial após 11 dias no cargo, as ações AMER3 derreteram 92%, saindo de R$ 12 para centavos em poucos dias. Após a exclusão de todos os índices da B3, o papel conseguiu se recuperar um pouco e está na casa de R$ 1,40.

Os bancos também foram bastante castigados com esse escândalo, especialmente Bradesco, BTG Pactual e Santander, os com maior exposição à divida da varejista.

Colaborou: Lucas Andrade