BC mantém Selic a 13,75% ao ano pela 4ª vez seguida

Em nota, Copom ressalta persistência da inflação e incerteza 'elevada' sobre arcabouço fiscal para manter Selic a 13,75% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve pela quarta vez consecutiva a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75% ao ano, sinalizando que continuará a combater “elevadas pressões inflacionárias” na economia brasileira.

Desde agosto de 2022, a Selic está a 13,75%. A manutenção da taxa na 252ª reunião do Copom era esperada pelo mercado financeiro.

Nota do Copom sobre Selic a 13,75% a.a.

Na nota acompanhando a decisão de manter a Selic no patamar atual, o Copom ressaltou que a inflação no cenário de referência é de 5,6% para 2023 e 3,4% para 2024. “O comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, cuja projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,6%”, diz o documento.

Como motivo para manter a Selic a 13,75%, o Copom destacou que os cenários para a inflação permanecem com fatores de risco.

Dentre os fatores de estresse da taxa, o comitê destacou “uma maior persistência das pressões inflacionárias globais”, além de uma incerteza “elevada” sobre o futuro arcabouço fiscal a ser apresentado pelo Ministério da Fazenda no 1º semestre. Outros fatores de risco incluem “estímulos fiscais que implicam sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos”.

Como a manutenção dos juros afeta investimentos?

Com manutenção da Selic em 13,75%, diz Jaiana Cruz, sócia da AVG Capital, os títulos indexados ao IPCA mantém atratividade perante o resto do mercado, visto que estão pagando um juro real alto (em torno de 6% acima da inflação).

“O ideal é o investidor optar por títulos do Tesouro Direto que tenham vencimentos nos vértices intermediários da curva de juros (entre 2028 e 2033)”, alerta a planejadora financeira. “Vale considerar também investimentos em títulos de crédito privado que não são tributados, como as debêntures incentivadas, por exemplo, ou os certificados de recebíveis, tanto do agronegócio quanto do setor imobiliário (CRA e CRI, respectivamente). Lembrando sempre de atentar para a nota de crédito do papel, dando preferência aos títulos AAA.”

Quando se trata de um cenário de juros altos por mais tempo no Brasil, os títulos pós-fixados com vencimentos de 1 a 2 anos são uma boa alternativa de renda passiva e sem tomar riscos, diz Jaiana.

“Já as taxas prefixadas são interessantes para vencimentos de 3 a 5 anos, pois a partir do momento que a rentabilidade é contratada, o título permanecerá rendendo a juros altos mesmo que a Selic venha a cair”, afirma.