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Veja quanto renderam os seus investimentos em outubro
Outubro foi um mês negativo para os ativos brasileiros. Com o aumento do risco fiscal devido à polêmica do Auxílio Brasil, o real se desvalorizou e a Bolsa de Valores teve forte queda.
O Ibovespa, principal índice acionário da B3, caiu 6,74% no mês passado, a maior queda mensal do ano. Até o momento, o índice recua 13% em 2021.
A aversão a risco do mercado brasileiro está relacionada ao fim do Bolsa Família e do auxílio emergencial, que se encerraram em outubro. O substituto, Auxílio Brasil, ainda não tem um financiamento definido pelo governo. O programa, que é maior, depende de mudança no cálculo do teto de gastos, inclusa na PEC dos Precatórios. A proposta tem enfrentado resistência na Câmara dos Deputados, onde deve ser votada nesta quarta (3).
Investidores temem um aumento de despesas governamentais fora do teto de gastos como ele é, bem como uma eventual prorrogação do auxílio emergencial. O teto é tido como a âncora fiscal do Brasil e o seu desrespeito pode passar uma imagem de descompromisso fiscal ao mercado, o que geraria uma retirada de capital do país.
A piora no cenário fiscal elevou os juros futuros e deteriorou as expectativas para a economia brasileira. Há quatro semanas, o mercado esperava um PIB (Produto Interno Bruto) de 5,04% neste ano e de 2,57% no próximo, de acordo com dados do boletim Focus. Hoje, a estimativa é de 4,94% em 2021 e de 1,20% em 2022.
Ao mesmo tempo, a inflação segue em alta. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de outubro ficou muito acima das expectativas: 1,2%, contra a previsão média do mercado financeiro de 0,97%. No acumulado de 12 meses, chega a 10,34%. O IPCA-15 é uma espécie de prévia do IPCA, que é o índice oficial de inflação do país.
Antes de outubro, o mercado esperava uma desaceleração da inflação, o que não ocorreu. Agora, se espera um IPCA de 9,17% neste ano e de 4,55% no próximo.
Foram poucos os investimentos que superaram a inflação no mês passado, segundo levantamento do buscador Yubb com base nos ativos mais populares. Apenas dólar, ouro, S&P 500, BDRs e bitcoin ficaram acima do IPCA-15. Estes ativos são, tradicionalmente, opções de defesa na carteira contra o aumento dos preços.
A maior queda do mês foi do índice de small caps (empresas pequenas) da B3, que recuou quase o dobro do Ibovespa.
Além da piora do cenário macroeconômico, há uma razão matemática para a queda das ações na Bolsa. Os juros mais altos elevam o custo de capital das companhias, o que afeta o seu “valuation”. Segundo a XP, a cada 1 ponto percentual de aumento no custo de capital das empresas, há um impacto médio de -12% sobre o preço justo das empresas que o grupo acompanha.
Já os títulos do Tesouro seguem com suas cotas desvalorizadas, o que derruba a rentabilidade. Caso o investidor os carregue até o vencimento, porém, o ganho será o contratado no momento de compra. Caso venda a cota antes, pode sofrer a perda indicada pela marcação a mercado.
Segundo analistas, o cenário tende a se estender nos próximos meses e pode complicar ainda mais nas eleições.
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