No Brasil, o número de fundos ESG à disposição das pessoas físicas está cada vez maior, mas faltava uma classificação para afirmar o que é ou não um produto sustentável de verdade. Agora, os fundos brasileiros de ações e de renda fixa devem estar identificados conforme as novas exigências da Anbima.
As regras estão em vigor desde o começo de janeiro desse ano, mas o período para as gestoras de recursos se enquadrarem nas novas normas acabou ontem, segunda-feira (4). Ao longo do mês de julho, a entidade entrará em contato com as instituições financeiras em caráter educativo, para alertá-las. Depois desse período, as casas ficam sujeitas a penalidades, de acordo com a Anbima.
O que muda com a nova identificação de fundos ESG?
Os fundos de ações e de renda fixa com o objetivo de serem 100% sustentáveis devem contar no nome o sufixo IS (Investimento Sustentável) e nenhum investimento pode comprometê-lo, segundo a entidade.
Já os fundos de ações e de renda fixa que integram aspectos ESG em seu processo de gestão, mas que não comprovarem que o investimento sustentável é o seu objetivo principal, não podem usar o sufixo IS, nem qualquer termo que remeta ao assunto no nome, como “ESG”, “impacto”, “verde”, entre outros. Contudo, eles podem incluir uma frase que informe essa condição em seus materiais de venda destinados aos investidores, conforme regras da Anbima.
Por enquanto, as exigências valem somente para fundos de ações e de renda fixa. A entidade também já decidiu os critérios para identificação dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) sustentáveis, que estão em adaptação. A ideia é expandir para outras classes, alcançando também os fundos multimercados.
Um pesquisa da Anbima com bancos, corretoras, distribuidoras e gestoras apontou que 35,5% deles se dizem estar distante das práticas ESG, incapaz de causar impacto relevante. Já a segunda maior parcela (32,1%) acredita que está “iniciada” no processo, com atitudes positivas, mas que não ultrapassa o ambiente do escritório.
O terceiro maior time (21,5%) afirma que está “emergente”, com visão de sustentabilidade para além do meio ambiente, mas sem impacto direto nos negócios e produtos. Por último, apenas 6,8% dizem que estão engajados, com entendimento claro de que sustentabilidade é algo que precisa compor a estrutura do negócio. Para complementar a amostra, 4,2% se declaram “desconfiados”, por não verem valor ou não terem clareza sobre o assunto.