O que é o CDB prefixado e quando vale a pena investir?

Saiba por que a expectativa de juros pode ser sua principal aliada (ou inimiga) ao investir em um CDB prefixado

Um dos principais produtos da renda fixa no Brasil são os CDBs, os certificados de depósito bancário. Trata-se de um produto em que se realiza o sonho de muitos brasileiros: quem empresta o dinheiro para o banco, cobrando juros, é você. E dentre as possibilidades de rentabilidade desse ativo está o CDB Prefixado, a modalidade em que se sabe exatamente a taxa de remuneração do investidor na hora da aplicação.

Antes de falarmos mais sobre o CDB Prefixado, é importante você saber que existem ainda outras duas conhecidas formas de remuneração desse produto. Uma segue um percentual do CDI, uma taxa que regula os empréstimos interbancários e acompanha de perto a Selic. A outra é um cálculo que leva em conta a inflação oficial, o IPCA, mais um prêmio adicional.

“Um CDB é qualificado como prefixado quando a taxa de juros aplicável é conhecida desde seu lançamento. Isto se opõe aos títulos pós-fixados, cuja taxa final depende de outras variáveis: inflação mais um prêmio, por exemplo. Obviamente, neste último caso os rendimentos vão sendo conhecidos à medida em que o índice de referência vai sendo publicado”, explica Ricardo Rodil, economista e líder de Mercado de Capitais do grupo Crowe Macro.

Mas quando escolher cada um dessas opções? Quando optar pela certeza da taxa prefixada vale mais a pena do que apostar nesses índices de referências? São essas as perguntas que Ricardo Rodil nos ajuda a responder, em entrevista à Inteligência Financeira.

Quando o CDB vale a pena?

De acordo com Ricardo Rodil, “o CDB é um produto típico (e já com um histórico robusto no Brasil) de investidor de renda fixa”.

“É adequado para aqueles investidores que não querem ou não se sentem confortáveis ou capazes de analisar e tomar o risco (usualmente, maior) dos investimentos em renda variável, representados por ações, ou fundos de investimentos daqueles mais arrojados”, explica.

Uma das principais atratividades do CDB para o investidor é o risco relativamente mais baixo. Isso acontece uma vez que esse investimento tem a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege os investimentos até R$ 250 mil por CPF por instituição.

Por outro lado, o investidor precisa entender as condições de liquidez do produto desejado. O CDB é comumente tratado como uma opção, por exemplo, para compor uma reserva de emergência, mas essa dica só vale para os chamados CDBs de liquidez diária, nos quais o investidor pode fazer a retirada com a possibilidade do saque dos lucros obtidos até o momento.

Em outros produtos, como o CDB prefixado, essa liquidez em geral segue a chamada “marcação a mercado”. Ou seja, o resgate ocorre de acordo com o valor de mercado do papel no momento da venda, e pode representar lucros menores ou até prejuízo para o investidor.

CDB prefixado ou pós-fixado?

Ricardo Rodil explica que, para os investidores que optam pelo CDB prefixado, ele pode representar o papel de uma espécie de “colchão” de rentabilidade, um patamar mínimo a ser observado. “O papel principal dos CDBs pré-fixados numa carteira é aquele de garantir um certo ‘colchão’ de rendimentos normalmente menores que na renda variável, mas com menor risco de volatilidade nas cotações e nos rendimentos”, explica.

Para o especialista, o principal ponto que o investidor deve considerar antes de investir é qual a aposta que faz para o rumo da inflação e das taxas de juros. Se acredita que elas forem cair, como é o atual cenário, pode se tornar uma opção mais interessante.

“De um modo geral, o CDB prefixado vale a pena quando as taxas de juros da economia estão altas e se espera que vão diminuindo. Exatamente na situação contrária, se os juros têm perspectiva de aumentar, uma taxa pós-fixada seguramente seria a opção correta”, afirma.

“Nas duas situações deve também ser levada em conta a estimativa de impactos inflacionários, pois um aumento da inflação corroeria esses rendimentos, fazendo com que a taxa real de juros (descontado o efeito inflacionário) fosse menor que a nominal”, prossegue Ricardo Rodil.

Vale a pena investir em um CDB prefixado agora?

Para o especialista do grupo Crowe Macro, tudo vai depender das taxas oferecidas. Se a taxa estiver alta em comparação com o atual patamar dos juros, que estão em 11,25% ao ano, pode ser uma boa oportunidade para o investidor. Isso uma vez que se considere que o Copom deve manter o atual passo e seguir reduzindo a Selic.

Ricardo Rodil cita, por exemplo, uma taxa na faixa de 14% como interessante. “Eu recomendaria investir com taxas prefixadas neste momento se as taxas oferecidas fossem verdadeiramente atraentes. Com as condições de inflação em queda e taxas de juros idem que se observam neste início de 2024, essas taxas que chamei de atraentes ofereceriam um ganho real interessante”, explica.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o mercado já precificou as quedas da Selic para este ano. Portanto, considera difícil que o investidor encontre CDBs prefixados a taxas verdadeiramente atraentes.

“Os prefixados já estão muito descontados. Se você for comprar, ele não vai pagar a taxa de juros vigente hoje. Vai pagar 9% ou abaixo disso, então não vai fazer tanta diferença”, argumenta o especialista. Hoje a expectativa do mercado, que o o boletim Focus registrou, é que a Selic caia gradualmente este ano. Assim, passe dos atuais 11,25% para 9,00% ao fim deste ano e para 8,50% no final de 2025.