Quanto preciso investir para ter uma renda mensal de R$ 20 mil?

Mostramos os investimentos para atingir essa rentabilidade, além do valor necessário para aplicar em diversos períodos

Marcação a mercado atinge seus investimentos em renda fixa - Foto: EBC
Marcação a mercado atinge seus investimentos em renda fixa - Foto: EBC

Já imaginou ter R$ 20 mil caindo em sua conta corrente todo santo mês? Parece até um milagre, a gente sabe, mas, vem comigo que hoje eu respondo a seguinte questão: quanto preciso investir para ter uma renda mensal de R$ 20 mil?

Mas antes disso, é bom a gente lembrar que para a maioria das pessoas a única fonte de renda é o trabalho. E isto, de acordo com Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria Ricardo Schweitzer, impõe basicamente três desafios.

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“O primeiro deles é que a sua capacidade de trabalho é limitada. Afinal de contas, muito provavelmente você não conseguirá consistentemente trabalhar mais de 8 horas, 10 horas e, talvez, 12 horas por dia. O segundo é que o ‘preço’ da sua hora de trabalho pode até aumentar, seja por meio de mais qualificação ou um emprego melhor, por exemplo. Mas, o fato é que, provavelmente, você encontrará um ‘teto’ [salarial] em algum momento”, afirma o especialista.

Já o terceiro desafio é a necessidade de efetivamente realizar o trabalho para receber por ele. Isso porque, todos estamos sujeitos a situações de incapacidade temporária ou permanente, que podem comprometer nossos rendimentos oriundos do trabalho em maior ou menor medida.

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“Então, consequentemente, ter fontes de renda passiva é tanto uma estratégia de mitigação de risco quanto uma oportunidade de crescimento de renda extra para além do que é possível alcançar via trabalho”, esclarece o CEO.

O que levar em consideração antes de investir pensando em renda passiva?

Talvez o primeiro ponto seja óbvio, mas merece menção: para produzir renda passiva a partir de investimentos você precisa de dinheiro. “Se você não dispõe de capital para investir, então, o primeiro passo é acumular capital. De que forma? Ao organizar a vida financeira, quitar dívidas, fazer poupança, e claro, gastar menos do que ganha”, ensina Schweitzer.

O segundo ponto é que as coisas não acontecem da noite para o dia. A não ser que você disponha de valores relevantes para começar, seus rendimentos serão pouco significativos no começo. Por outro lado, esses valores crescerão, ano após ano, mediante novos aportes e o reinvestimento dos rendimentos recebidos.

“As pessoas costumam achar que investir por 5 anos, 10 anos ou 15 anos é muito tempo, mas eu pergunto: à luz de um horizonte de uma vida inteira, isso é muita coisa? Penso sinceramente que não. E acrescento: qual é a alternativa? Depender da sorte?”, questiona o especialista.

Onde investir para alcançar renda passiva de R$ 20 mil?

Viu só como é importante tentar buscar uma renda extra. E o melhor: quando esse montante vem por meio de investimentos. Dessa forma, então, quando se busca investimentos com a finalidade de renda passiva, o ideal é buscar ativos que tenham como característica inerente a distribuição de rendimentos.

E que produtos são esses? Confira algumas opções indicadas por Ricardo Schweitzer, Florence Corrêa, planejadora financeira pela Planejar e Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.

Títulos de renda fixa

  • Títulos públicos – RendA+;
  • Títulos públicos – Tesouro IPCA+ com juros semestrais;
  • Debêntures com juros periódicos.

Títulos de renda variável

Conheça os investimentos

E claro que antes de você decidir quais produtos farão parte da sua carteira para atingir a renda passiva de R$ 20 mil, é importante entender um pouco sobre cada um dos investimentos.

Tesouro Renda+

Título criado pelo Tesouro Direto para atender a demanda de pessoas que desejam obter uma renda passiva, sobretudo para aposentadoria, mensalmente.

“Uma das maiores vantagens é a proteção contra a inflação. E os investimentos podem ser feitos conforme a disponibilidade da pessoa, de uma só vez ou pela aquisição de títulos a cada período. A tributação é pela tabela regressiva do Imposto de Renda, com alíquota decrescente com o tempo”, explica Marcos Piellusch.

Tesouro IPCA+

Com juros semestrais, esse título pode ser usado com diversas finalidades, mas a principal é a obtenção de renda periódica. Além disso, a vantagem desse produto é que os juros são pagos a cada semestre sobre um valor corrigido pelo IPCA. A tributação também segue as regras da renda fixa, e os aportes podem ser feitos a qualquer momento. “Esses títulos têm um vencimento, então caso o investidor queira manter a renda após o vencimento, deve reinvestir em um título do mesmo tipo”, ensina o professor.

Debêntures com juros periódicos

Estes produtos são títulos de dívida emitidos por empresas. Então, ao comprar uma debênture, o investidor empresta dinheiro para a empresa, recebendo juros periodicamente ou no final do período. “Nesse caso, para obter a renda passiva, o investidor deve escolher debêntures que paguem juros periodicamente”, afirma Piellusch.

De acordo com o especialista, a vantagem principal é que os juros pagos podem ser um pouco maiores que os títulos públicos. “Mas o risco também é maior, pois depende da capacidade de pagamento da empresa emitente. Portanto, os juros pagos geralmente são atrelados a um indicador, como IPCA ou Selic. E a tributação é feita pela tabela regressiva, como outros investimentos em renda fixa”, esclarece.

Ações pagadoras de dividendos

Quando se compra ações, a pessoa se torna “proprietária” de uma parte da empresa. Desse modo, os lucros gerados pela empresa (a parte que não será reinvestida) são normalmente distribuídos entre os sócios. Então, cada acionista receberá sua parte de lucro, correspondente às ações que detêm.

“O dividendo pago por cada empresa pode ser mensurado por um indicador que se chama dividend yield – que é o valor dos dividendos dividido pelo preço da ação. Dessa forma, quanto maior essa relação, melhor pagadora de dividendo será a empresa”, pontua Florence Corrêa.

Vale saber, aliás, que quando os lucros são distribuídos como dividendos, não há pagamento de IR.

Fundos imobiliários

Também conhecidos como FIIs, este investimento nada mais é do que um coletivo de investidores que, conjuntamente, adquire ativos imobiliários (imóveis ou recebíveis oriundos de contratos imobiliários) com a finalidade de renda.

“É como comprar um imóvel para alugar, mas com a vantagem de poder ser o proprietário de uma pequena fração de vários empreendimentos ao mesmo tempo. Ou seja, praticamente toda a receita vai para os cotistas”, afirma Ricardo Schweitzer.

Fiagros

Este investimento é feito em propriedades rurais, silos de armazenamento de grãos, títulos de crédito para o setor agropecuário e outros. “Importante saber que os fundos de investimento no agronegócio distribuem 95% do lucro obtido com os investimentos mensalmente, gerando uma renda passiva interessante e atualmente isenta de Imposto de Renda. Porém, o rendimento é sujeito aos resultados obtidos. Então, não é totalmente previsível, o que aumenta o risco”, pontua Piellusch.

ETFs

Esses produtos são fundos de índices que acompanham o rendimento de uma carteira de ações. “Embora no Brasil ainda não haja, por enquanto, ETFs que pagam dividendos, é possível adquirir ETFs estrangeiros que pagam dividendos, como o JEPI (JP Morgan Equity Premium Income ETF), composto por uma carteira de ações norte americanas”, explica o professor da FIA.

Quanto preciso investir para ter uma renda mensal de R$ 20 mil?

Bem, agora que você já sabe onde investir e pequenos detalhes sobre cada produto, vamos para os cálculos, e assim, responder a questão: quanto preciso investir para ter uma renda mensal de R$ 20 mil.

Para isso, o ideal é manter o investimento. Então, você não mexe com o investimento e retira apenas o rendimento, fazendo com que a rentabilidade seja constante no valor de R$ 20 mil mensais.

Vale saber que o valor para conseguir a renda passiva em um mês deve ser feito em aporte único. Por outro lado, nos outros períodos, os montantes devem ser aplicados mensalmente. E assim, conseguir chegar à rentabilidade de R$ 20 mil por mês.

 Valor do aporte único ou mensal
Prazo do investimentoRenda fixa (títulos públicos ou debêntures a 8% ao ano)FIIs e Fiagro (10% ao ano)Ações e ETFs (12% ao ano)
1 mês3.108.4722.508.1072.107.750
6 meses509.808409.762343.050
1 ano250.000200.000166.667
2 anos120.19295.23878.616
5 anos42.61432.75926.235
Fonte: Marcos Piellusch, professor da FIA Business School

Outros cálculos para atingir renda passiva de R$ 20 mil

Ricardo Schweitzer também fez uma simulação, mas dessa vez, a ideia é usar um fundo de investimento imobiliário que pague o equivalente a 6% do valor inicial ao longo do primeiro ano. “Como, por exemplo, em um Fundo Imobiliário com Yield de 6%”, afirma.

Além disso, os valores apontados por Schweitzer são referentes a um único aporte inicial. Ou seja, a aplicação ficará rendendo no período mencionado até atingir o retorno de R$ 20 mil a cada mês.

Então, para conseguir atingir tal montante logo no primeiro mês, é necessário investir em torno de R$ 4 milhões.

E quanto eu preciso investir para ter uma renda mensal de R$ 20 mil depois de 6 meses? Schweitzer calcula algo aproximado a R$ 3,9 milhões. “Em um horizonte tão curto, não há variação significativa no montante de proventos recebidos. Portanto, o crescimento depende quase que unicamente do reinvestimento dos valores recebidos na aquisição de novas cotas. Ao final de 6 meses, assumindo o reinvestimento disciplinado todos os meses, chega-se ao montante de renda passiva desejado”, esclarece o especialista.

Já para ter o valor depois de 12 meses, será necessário investir aproximadamente R$ 3,6 milhões de uma vez.

Por outro lado, se você busca ter uma renda passiva de R$ 20 mil depois de 2 anos, aí será preciso investir algo em torno de R$ 3,2 milhões.

E depois de 5 anos? “Chega-se em R$ 240 mil anuais – que divididos por 12 meses dá os R$ 20 mil – em 5 anos a partir de um investimento de, aproximadamente, R$ 2,6 milhões”, afirma Schweitzer.

Foco na renda passiva

Diante de todas essas explicações e os cálculos trazidos por nossos especialistas, o próximo passo, claro, é com você. Então, estude com cautela sobre cada investimento e escolha aqueles que fazem mais sentido para o seu perfil de investidor e objetivos futuros.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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