Onde investir R$ 1 mil por mês? Veja opções do iniciante ao arrojado

Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira dão boas dicas para aplicar o montante baseado no perfil de investidor e objetivos

Uma pesquisa do instituto Ipsos identificou que, para 43% dos brasileiros, guardar e investir dinheiro eram os principais objetivos do ano de 2024. No entanto, dentre as muitas opções que o mercado oferece, quais são as melhores escolhas para realizar esse plano e começar a aplicar parte do patrimônio? Por exemplo, onde investir R$ 1 mil por mês?

Para especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira, os principais fatores a serem considerados são o perfil de cada investidor e os objetivos de cada pessoa com o retorno desse investimento. Fatores como rentabilidade desejada, prazo de investimento e tolerância a risco serão decisivos para identificar quais os melhores produtos para se investir esses R$ 1 mil mensais.

“Antes de mais nada, essa pessoa precisa entender quais são os objetivos que ela tem com esse investimento, quanto tempo pretende deixar investido, se pretende usar parte do patrimônio para comprar uma casa, pagar uma viagem ou a faculdade dos filhos. Então, saber quanto de risco se aguenta e quais são seus objetivos é o primeiro passo”, afirma Mayara Ranni Sekertzis, head de fundos e previdência da Manchester Investimentos.

Nós citamos “produtos” para se investir e, de acordo com nomes do mercado ouvidos pela reportagem, são produtos mesmo, no plural. Afinal de contas, é importante buscar conhecer uma variedade de opções e assim montar carteiras balanceadas nesses quesitos. A famosa diversificação.

Primeiro passo: a reserva de emergência

O primeiro passo é saber se você já tem a chamada “reserva de emergência”, aquele valor que você vai ter guardado para um eventual imprevisto.

“Não importa qual o valor que o cara começa, todos os investidores, com todas as idades, todos os sexos, têm que começar primeiro pela reserva de emergência”, explica o educador financeiro Thiago Martello.

Portanto, se você ainda não tem a reserva, o ideal é que se direcionem os R$ 1 mil mensais em ativos que te proporcionem as características essenciais para esse objetivo, que são ativos de baixo risco e liquidez diária, que você possa acessar a qualquer momento. Por exemplo, produtos como CDBs de liquidez diária e títulos do Tesouro Selic.

Por quanto tempo você deve direcionar os seus R$ 1 mil por mês para esse objetivo? Para Martello, o valor deve ser aplicado durante o tempo necessário para você ter a reserva de emergência mínima recomendada. E de acordo com o especialista, esse valor mínimo necessário para a reserva é de 3 a 6 vezes o salário bruto para o trabalhador CLT, e de 6 a 12 meses da renda média mensal para quem trabalha como MEI ou prestador de serviço PJ.

Onde investir R$ 1 mil por mês?

Já sabemos que é preciso ter uma reserva de emergência para imprevistos e que qualquer investimento vai depender do seu objetivo e da sua tolerância a riscos. Portanto, o que você deve ter em mente é o seu perfil de investidor e os seus planos para aquele dinheiro.

Indo para a parte prática, vamos tratar de alguns produtos que os especialistas recomendam para essa alocação a depender de cada perfil. Lembrando que as diferentes instituições que oferecem produtos em geral possuem o chamado “teste de suitability”, que te ajuda a descobrir onde você se encaixa. No entanto, há critérios diferentes a depender da instituição para essa classificação.

Melhores investimentos para iniciantes e conservadores

A recomendação dos especialistas, tanto para o investidor que está começando quanto o investidor conservador, é destinar a maior parte dos R$ 1 mil mensais em ativos tradicionais de renda fixa, com menor risco embutido.

Entre esses produtos, destaque para títulos do Tesouro Direto, para CDBs, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa. O Tesouro Direto conta com a garantia do Estado, enquanto CDBs, LCIs e LCAs são produtos com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Para Mayara Sekertzis, da Manchester, a diferença entre os dois perfis é que os conservadores já entendem que preferem priorizar um baixo risco. Por outro lado, os iniciantes ainda precisam se conhecer como investidores e podem explorar gradualmente outras classes. Assim, entendendo até onde vai a tolerância a volatilidade.

“Quando ele já tiver ali uma parcela interessante em previsibilidade e consistência, esse investidor pode começar a experimentar outras classes de ativos”, explica. Mesmo assim, a progressão ao risco deve ser gradual, com ativos como os que nós vamos citar nas próximas categorias.

O educador financeiro Thiago Martello estima que até mesmo o investidor conservador pode destinar uma parte do seu investimento a ativos de maior risco. A diferença é o percentual, que ficaria em torno de 5%. Portanto, dentro do valor de R$ 1 mil, um investidor conservador destinaria R$ 950 aos ativos mais seguros e reservaria os outros R$ 50 para explorar outras opções.

Melhores investimentos para moderados e arrojados

O investidor considerado moderado vai continuar tendo a maior parcela do seu patrimônio em uma “carteira estrutural”, ou seja, uma parte que vai garantir uma rentabilidade fixa permitindo que a outra parte seja usada para ativos que possuam maior rentabilidade, mesmo que com um grau um pouco maior de risco. O mesmo vale para os arrojados, mudando apenas o percentual reservado nessa frente.

De acordo com Inácio Alves, analista da edtech Melver, dentre os produtos que se encaixam nessa categoria estão ações, fundos multimercado, fundos imobiliários e debêntures. Thiago Martello cita ainda produtos como fundos de crédito privado, CRAs e CRIs.

O educador financeiro aconselha que os investidores moderados mantenham de 15% a 20% do seu patrimônio nesses ativos, enquanto os mais arrojados subam essa barra para até 35%. Portanto, que distribuam os R$ 1 mil mensais entre os investimentos de modo que a sua carteira tenha essa composição.

Onde investir R$ 1 mil por mês durante 4 anos?

Ter um horizonte maior de investimento permite também que se busquem outros produtos. O prazo maior, no entanto, não significa uma estratégia estática, sendo que o investidor pode e deve fazer ajustes conforme mudanças no mercado.

“A chave para o investimento a longo prazo é a disciplina para manter os aportes regulares e a flexibilidade para adaptar a estratégia conforme as circunstâncias mudam. Sempre com foco nos objetivos finais do investidor”, afirma João Neto, CEO da Azumi Investimentos.

Thiago Martello cita que o ativo financeiro com um prazo mais longo permite, por exemplo, o investimento em títulos de renda fixa com vencimentos mais demorados. Na lógica desse tipo de produto, quanto mais distante for o prazo de investimento, maior será o retorno potencial.

Mayara Sekertzis pondera que, por outro lado, se o investidor quiser investir ao longo dos 4 anos e ao mesmo tempo acredita que pode precisar dos recursos durante esse período, aí voltamos à regra de privilegiar ativos de maior liquidez.

De acordo com João Neto, “para um investidor de perfil conservador, ainda é prudente manter uma base sólida em renda fixa. Mas pode-se considerar aumentar a exposição a ativos com maior potencial de crescimento, como fundos imobiliários, que oferecem uma boa combinação de risco moderado e retorno potencialmente maior”.

Por outro lado, para investidores moderados e arrojados o CEO da Azumi afirma que uma oportunidade é se beneficiar ainda mais de mercados de fundos de investimento de crédito privado. E assim, aproveitar do potencial de crescimento no longo prazo”.

E se eu investir R$ 1 mil na bolsa de valores por mês?

Para muitos investidores, o objetivo de aplicar R$ 1 mil por mês é realmente investir esse dinheiro na bolsa de valores, no mercado de ações. Como citamos, no entanto, especialistas ouvidos pela reportagem recomendam que mesmo investidores arrojados mantenham parte dos seus investimentos em ativos de menor risco.

Contudo, há estratégias que permitem diluir o risco para quem pretende investir R$ 1 mil por mês na bolsa de valores. Um dos principais pilares é o da diversificação. Ou seja, dividir esse investimento entre ações de diferente empresas e de segmentos diversos.

“Ao investir na Bolsa, a diversificação continua sendo uma chave importante. Mesmo focando em ações, é recomendável distribuir os investimentos entre diferentes setores e empresas. Assim, é possível balancear entre ações de grandes empresas (blue chips) e, se for do perfil do investidor, ações de empresas menores com potencial de crescimento”, explica Gustavo Araújo, economista e especialista em investimentos.

Araújo também cita a importância de que o investidor consiga definir qual será a sua estratégia com esses recursos. Por exemplo, se pretende investir buscando obter renda com dividendos, uma valorização de longo prazo ou negociar no curto prazo. Tudo isso considerando seu perfil, conhecimento e disponibilidade.

“É também importante definir uma estratégia de investimento: comprar e manter para longo prazo, investir em dividendos, ou realizar operações mais ativas, dependendo do perfil e conhecimento do investidor”, diz.

O educador financeiro Thiago Martello lembra ainda que investir em bolsa de forma mais ativa demanda que o investidor tenha disponibilidade para se dedicar e buscar conhecimento. Ou que opte por um fundo de investimento, com um gestor ficando responsável por gerenciar essa alocação. Nesse caso, é importante conhecer o gestor, buscar se informar sobre a estratégia e o retrospecto do profissional.