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Com ações em baixa, mercado oferece debêntures. Aqui, o que você precisa saber antes de investir nelas
No Brasil, as emissões de debêntures saltaram 35% nos primeiros cinco meses do ano em relação ao mesmo período de 2021, segundo dados da Anbima. O aumento é notável não apenas porque vai contra uma tendência global — as vendas de títulos corporativos caíram 30% nos EUA no mesmo período, de acordo com dados da Bloomberg, e a emissão de dívida de alto rendimento caiu 70% em todo o mundo — mas também porque a Selic subiu 11,25 pontos percentuais desde o início de 2021.
As empresas estão olhando além dos custos mais altos de captação e aproveitando a forte demanda de investidores locais que migram para a renda fixa depois de sofrer no mercado de ações. Investidores de varejo e fundos locais compraram 45% dos R$ 32,7 bilhões em debêntures vendidas este ano, acima dos 38% no mesmo período de 2021.
O Banco Central fez mudanças bruscas na taxa básica de juros nos últimos anos, passando de 14,25% em 2015 para 2% no auge da pandemia e de volta para 13,25%. À medida que a Selic oscilou, o mesmo aconteceu com os investidores. Muitos migraram para ações e fundos multimercado pela primeira vez em busca de retornos mais altos à medida que a taxa caía. Agora eles retornam aos ativos de renda fixa, particularmente debêntures com remuneração ligada ao CDI, que os protegem das perdas provocadas pelo aumento de juros, enquanto o BC tenta conter a inflação que está em mais de 11% ao ano.
Entre janeiro e maio, fundos de ações e multimercado sofreram resgate líquido de R$ 103 bilhões, enquanto os fundos de renda fixa, excluindo os de dívida externa, captaram R$ 99 bilhões, segundo dados da Anbima.
Enquanto grande parte do dinheiro retirado das ações inicialmente foi para títulos do Tesouro, os investidores mais tarde se voltaram para o crédito privado, que paga um prêmio adicional.
Nunca ouviu falar em debêntures?
Pelo nome, pode parecer algo complexo, mas a lógica é simples: classificada como um investimento de renda fixa, a debênture é um recurso usado por empresas não financeiras para captar dinheiro. Esse capital pode ser utilizado para expansão de negócios, em obras, novos projetos ou até mesmo para melhorar a saúde financeira da empresa.
O investimento em debêntures é feito por uma corretora. Esse tipo de ativo pode ser negociado tanto na Bolsa de Valores quanto no mercado balcão — um ambiente onde investidores negociam títulos e valores mobiliários. As debêntures são divididas em algumas categorias.
Quais são as vantagens das debêntures?
Ao investir em debêntures, você se torna credor da companhia. E, segundo Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos, essa é uma das grandes vantagens destes papéis. “A empresa passa a ter uma obrigação com o investidor. A outra vantagem é que você conhece no início do contrato a rentabilidade do título”, explica. Segundo o economista, as debêntures também costumam ter um rendimento melhor quando comparadas aos outros ativos de renda fixa.
E as desvantagens?
A principal desvantagem é a pressa. “O investidor precisa ficar atento ao vencimento. Solicitar o resgate antecipado pode gerar prejuízo. Mesmo sendo um título de renda fixa, ele fica exposto às oscilações das taxas a ela atrelada e ao valor da própria debênture até o vencimento. É no vencimento que o valor acordado no início é pago ao investidor”, explica Matheus.
Com reportagem de Isabella Carvalho, da IF, e informações de agências.
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