Com a chegada de novas tecnologias, o universo financeiro tem ficado cada vez menos centralizado e burocrático. É justamente nesse contexto e com essa proposta que nasce o termo Defi, ou finanças descentralizadas. Simplificando: nada mais é do que um ambiente de serviços e produtos financeiros construídos em uma rede blockchain. O objetivo é tirar de cena o controle de intermediários, assim como acontece com as criptomoedas.
As aplicações nas finanças descentralizadas não dependem de uma figura central. Nesse ambiente são desenvolvidos softwares, aplicativos financeiros e plataformas dentro de redes blockchain. Tudo isso é viabilizado pelos contratos inteligentes, ou smart contracts. Assim, os participantes podem fazer negociação de ativos, criptomoedas, empréstimos e muito mais.
“Falar de finanças descentralizadas significa falar de aplicações dentro do blockchain. Hoje, a principal rede descentralizada de DeFi é a a etherium”, explica Alexandre Cruz, assessor da Quattro Investimentos. Porém, outras redes e projetos estão sendo criados e ganhando relevância no mercado.
Em fevereiro deste ano, a Bolsa de Valores brasileira estreou o primeiro ETF que investe em protocolos de finanças descentralizadas. O QDFI11, da QR Asset Management, é 100% investido em protocolos DeFi e replica o Bloomberg Galaxy DeFi Index. O índice foi criado em 2021 pela Bloomberg e a gestora de criptoativos Galaxy Digital para medir o desempenho de protocolos como Uniswap, Aave e Maker. O ETF tem taxa de administração de 0,9% ao ano e aporte inicial de R$ 10.
Em paralelo, a Hashdex anunciou o lançamento do DEFI11, ETF que espelha o CF DeFi Modified Composite Index, índice que acompanha 12 criptoativos divididos em três categorias: Protocolos DeFi, Protocolos de Suporte e Plataformas de Registro. O DEFI11 tem taxa de administração de 1,3% ao ano e aplicação inicial de R$ 50. Os interessados podem investir diretamente pelo home broker.
Investimento sem histórico
Ainda é cedo para dizer se vale ou não a pena investir em protocolos de finanças descentralizadas. Por serem aplicações novas, não há um longo histórico de rentabilidade. De acordo com dados atualizados pela Hashdex no dia 30 de março, o DEFI11 tem R$ 60,03 milhões em patrimônio líquido e registrou uma rentabilidade de 17,29% no último mês. Segundo dados da Investing, a rentabilidade dos últimos 30 dias, com referência de 22 de março, foi de 12,73%.
Mas, a gestora alerta: “Este fundo tem menos de doze meses de vida. Para avaliação da performance de um fundo de investimento, é recomendável a análise de mais do que doze meses. Já a QR Asset Management não disponibilizou, até o momento, dados oficiais de rentabilidade do seu ETF. De acordo com dados da Investing, a rentabilidade no último mês, desde 22 de março, foi de 16,94%.
A dica é: comece investindo pouco
Segundo Alexandre, é difícil até mesmo mensurar os riscos. “É um conceito muito novo ainda. Mas, acredito que valha a pena, principalmente em termos de diversificação”, ressalta. A dica é começar com pouco e muita cautela, sentindo como o mercado evolui. “Acho que é uma boa oportunidade de participar do desenvolvimento do mercado, mesmo que não tenhamos uma definição de parâmetros no momento”, ressalta o assessor.