Como diversificar os investimentos em 2024?

Conhecer ativos é importante dentro da estratégia de equilibrar recursos; saiba mais sobre ETFs inversos

A virada de ano é tempo de fazer o balanço do que passamos e também um período de expectativas, esperanças renovadas e de preparação para uma nova jornada. E no campo das finanças e investimentos não é diferente. O que fazer? Essa é uma pergunta natural para quem busca orientações sobre onde aplicar o dinheiro e como diversificar os investimentos para ter uma carteira consistente.

Antes, é necessário compreender o cenário. Nós vivemos em um mundo em constante mudança, mas em 2023 a velocidade foi espantosa. Vivemos guerras, o mapa global de recursos energéticos está sendo reformulado, o tratamento da obesidade abriu novos horizontes, o rápido avanço da Inteligência Artificial (IA).

As coisas estão acontecendo de maneira que fica difícil acompanhar todos os fatos que afetam a nossa realidade.

Na economia tivemos boas notícias. Os países ocidentais experimentaram um desempenho melhor do que o esperado e a recessão devem atingir (se atingir) as nações de forma mais branda, mas o perigo ainda existe. A OCDE projeta o crescimento do PIB global de 2,9% em 2023, de 2,7% em 2024 e de 3% em 2025. O crescimento mundial ainda depende do rápido crescimento das economias asiáticas.

Não ocorrendo novos choques nos preços dos alimentos e da energia, a previsão é de inflação em queda, voltando para patamares das metas dos bancos centrais das principais economias até 2025. A taxa de inflação deverá ficar em 7% em 2023, baixar para 5,2% em 2024 e recuar para 3,8% em 2025.

Esse cenário será benéfico para os mercados emergentes.

No caso do Brasil, segundo o divulgado pelo Banco Central, as taxas de juros devem manter o ritmo de queda. A Selic deve fechar 2024 por volta de 9,5% ao ano.

A questão climática, contudo, com chuvas intensas em certos locais e estiagem em outros, deve provocar aumentos dos preços dos alimentos e, assim, exercendo certa pressão inflacionária.

O Boletim Focus traz que a inflação brasileira em 2023 deve fechar abaixo de 4,50%, caindo em 2024 para 3,93% e atingindo 3,5% em 2025.

Ainda dentro do cenário macro, o crescimento de nossa economia tem previsão de ficar em 2,92% em 2023 e com desempenho entre 1,5% e 2,0% nos próximos anos.

O que o investidor deve fazer?

Simplificando a resposta: mais do mesmo.

Embora esse seja um questionamento que fazemos nas viradas de ano, temos que entender que ter um planejamento estratégico de nossas finanças voltado para o longo prazo é essencial para obtenção e manutenção de um bom nível de bem-estar financeiro.

Não há dúvida que o investidor consciente deve estar atento ao mercado, mas antes de tudo tem que estabelecer uma estratégia consistente para diversificar os investimentos de sua carteira.

E como equilibrar os recursos? Parte em renda fixa e outra em renda variável. A diversificação também deve ser feita dentro de cada classe de ativos, aplicando em diferentes títulos, com graus de risco e prazos distintos.

A parcela de cada classe de ativos deve estar de acordo com o risco aceitável pelo investidor. E o grau de risco depende basicamente do prazo e da importância estabelecida para seus objetivos de vida.

Quanto mais importante e mais curto o prazo para obtenção de um objetivo, menos risco o investidor deve aceitar. O contrário é verdadeiro. Objetivos mais distantes e menos importante podemos investir correndo mais riscos, trocando segurança por rentabilidade.

Por exemplo, parte dos recursos destinado a aposentadoria tem que estar aplicada em ativos financeiros menos arriscados, assim a carteira deve estar mais carregada na renda fixa.

Por outro lado, aqueles investidores com objetivos com horizontes temporais mais amplos e com grau de importância menor quanto a sua obtenção podem dedicar uma fatia maior de sua carteira para renda variável.

E como considerar o mercado?

Internamente estamos mais otimistas, com expectativas positivas sobre as possibilidades de investimentos em 2024. Mas deve ser notado que as taxas de juros ainda mantêm patamares altos.

Mesmo com a taxa Selic caminhando para um digito, a renda fixa ainda tem bom espaço e traz bons retornos. Ainda temos ganhos reais na faixa dos 5% ao ano, com títulos como CDBs, LCIs, LCAs, Tesouro Direto, entre outros.

Na renda variável os analistas estão otimistas e fazendo apostas de que a bolsa brasileira siga o “bull market”, podendo o Ibovespa ultrapassar os 150 mil pontos.

Assim, para 2024, as empresas do setor agropecuário se mostram atraentes, mas aquelas ligadas a commodities devem sentir a recessão de alguns mercados.

Internacionalmente, as empresas de tecnologia, semicondutores, farmacêuticas inovadoras, as grandes do varejo destacam-se nas apostas para o ano que vem.

O processo de diversificar os investimentos

Nesse sentido, vale o destaque para a indústria de fundos, que desempenha um papel muito importante na alocação eficiente de recursos, gestão de riscos, democratização do acesso aos mercados financeiros, assim colaborando na promoção do crescimento econômico.

Em 2022, o volume total de ativos sob gestão (AuM) foi acima de US$ 115 trilhões.

Um tipo em particular tem chamado a atenção dentro dessa indústria: o denominado Índice de Mercado (ETF – Exchange-Traded Fund). Trata-se de um tipo de fundo de investimento que tem como objetivo replicar uma carteira e a rentabilidade de determinado índice de referência, por exemplo o Ibovespa no Brasil ou o S&P 500 nos Estados Unidos.

Os ETFs na prática permitem ao investidor uma maneira de negociar uma ampla variedade de ativos financeiros, como ações, títulos, commodities e outros, sem a necessidade de comprar cada ativo individualmente, assim, aplicando recursos de forma diversificada.

Continuando, os ETFs são fundos de alta liquidez, transparência e baixos custos em comparação com outros tipos de fundos.

Eles são negociados em bolsa como se fosse uma única ação. Mas o investidor deve estar atento, porque se trata de renda variável, assim apresentando risco de mercado e devem ser selecionados com muito critério.

Segundo a Statista, em 2022 os ETFs mantinham sob sua gestão US$ 9,6 trilhões em mais 8.700 fundos registrados no mundo.

No ETF é cobrada taxa de administração de até 0,5%, em geral, enquanto nos fundos de investimento tradicionais chega a 2%.

Tipos de ETFs no mercado

  • ETFs de Índice: replicam o desempenho do índice subjacente;
  • ETFs Setoriais: focam em setores específicos da economia, como tecnologia, saúde, energia, finanças, entre outros;
  • ETFs de Mercados Emergentes: investem em ações de mercados emergentes ao redor do mundo, como Brasil, China, Índia e outros países;
  • ETFs de Mercados Internacionais: investem em ações de mercados desenvolvidos fora do país de origem do investidor;
  • ETFs de Renda Fixa: investem em títulos de renda fixa;
  • ETFs Commodity: rastreiam o preço de commodities físicas, como ouro, prata, petróleo, gás natural, entre outros;
  • ETFs Alavancados: buscam obter retornos múltiplos do índice ou ativo subjacente, utilizando alavancagem. Por exemplo, um ETF alavancado 2x pode buscar retornos que sejam o dobro do índice que ele rastreia. O risco é muito mais elavado;
  • ETFs de Dividendos: concentrados em ações que pagam dividendos consistentes ou crescentes;
  • ETFs de Fatores: estratégias de investimento baseadas em “fatores” específicos, como valor, crescimento, qualidade, momentum, entre outros;
  • ETFs Temáticos: investem em empresas que se enquadram em temas específicos ou tendências de mercado, como tecnologia disruptiva, energias renováveis, inteligência artificial, entre outros;
  • Multi-ETF: investe em vários outros ETFs, geralmente de várias classes de ativos, como ações, títulos, commodities ou metais preciosos;

Uma aposta: ETFs inversos

Para aqueles que acham que o mercado pode ir na contramão da expectativa geral, os ETFs trazem possibilidades de investimentos interessantes permitindo fazer uma aposta antagônica.

Os ETFs inversos, que também são conhecidos como Contrários. Quando você diz preto, eles dizem branco.

Há uma classe especial desses fundos chamada de ETFs inversos que são projetados para se mover na direção oposta do índice que estão rastreando. São ativos financeiros complexos que envolvem a utilização de instrumentos financeiros derivativos, como contratos de futuros, swaps e opções, para criar uma posição que seja inversamente correlacionada com o índice de referência.

Por exemplo, caso o investidor possua um ETF inverso vinculado ao Ibovespa e esse índice cair, o valor do ETF inverso aumentará, assim trazendo retorno positivo para o investidor.

Comprar um ETF inverso só pode ocorrer dentro de uma estratégia bem definida e com conhecimento do mercado, assim dedicado para investidores experientes e agressivos.

Geralmente usada para especulação no curto prazo, conhecidas como apostas contrárias porque são usadas por aqueles que têm uma visão oposta ao consenso de mercado e que acreditam que um determinado setor ou índice está sobrevalorizado e deve sofrer revés.

Mas, é uma ativo que pode ser usado como hedging (proteção) por investidores que estão preocupados com uma possível queda nos mercados.

Prós e contras do ativo

Como qualquer outro tipo há aspectos favoráveis e outros adversos ao investimento nessa classe de ativos financeiros. Alguns prós são evidentes:

  • Hedge: o ETF inverso funciona como proteção contra quedas de um índice ou setor específico. Assim, os investidores lucram com a desvalorização do mercado, compensando as perdas em suas carteiras;
  • Diversificação: os investidores podem alocar uma parte de suas carteiras com posições que se beneficiam de movimentos descendentes do mercado;
  • Liquidez: muitos ETFs inversos são negociados em bolsas de valores e os investidores podem transacionar facilmente suas posições;
  • Acessibilidade: geralmente são ativos mais acessíveis do que adotar estratégias de venda a descoberto tradicionais, pois não requerem margens ou outros requisitos específicos.

Agora os argumentos desfavoráveis:

  • Risco de alavancagem: alguns ETFs inversos usam alavancagem para amplificar os movimentos de preço. Embora possa trazer altos ganhos no caso de o investidor acertar a direção do mercado, também aumenta o risco de perdas substanciais se o mercado se mover contra a posição do investidor;
  • Custos de gestão: os ETFs no geral têm custos de gestão e despesas que reduzem os retornos líquidos;
  • Complexidade: entender completamente como os ETFs inversos funcionam e como eles se correlacionam com os movimentos de mercado é algo complexo para muitos investidores. Isso pode levar a decisões ruins ou a estratégias mal executadas;
  • Desempenho de Longo Prazo: os ETFs inversos são projetados para serem mantidos por períodos mais curtos.

A conclusão sobre diversificar os investimentos

O interessado em negociar ETFs inversos dentro da estratégia de ter uma carteira variada e forte devem procurar o produto nas plataformas internacionais das instituições financeiras aqui no Brasil.

Investir em ETFs inversos pode ser uma estratégia útil para investidores que procuram proteger ou diversificar suas carteiras contra movimentos de mercado adversos. No entanto, é crucial entender que são ativos com alto grau de risco.

Devido a esses riscos, os ETFs inversos geralmente não são recomendados para investidores iniciantes. Porém, com a evolução dos mercados, é essencial aos investidores conhecerem ativos mais sofisticados com possibilidades de obtenção de bom rendimento com risco tolerável.

Por fim, vale lembrar a frase de Warren Buffett: “Nunca teste a profundidade de um rio com ambos os pés.”