Como montar uma carteira de ações que dê retorno maior do que a Selic?

7 pontos para você montar um portfólio de renda variável, em um momento de inflação alta e juros em queda

Com a Selic em queda, os investidores de renda fixa já devem ter percebido que os rendimentos de seus títulos estão caindo. Nesse movimento, há quem comece a buscar na renda variável uma alternativa. Mas, em quais ações investir? Como ter uma carteira com papéis que rendam mais do que a Selic?

1. Não invista só porque conhece uma empresa

“A maioria dos investidores recém-chegados ao mercado de capitais costuma comprar aquilo que eles conhecem. Então, eles vão para ações das empresas que eles veem na rua”, diz Danielle Lopes, da Nord. “A primeira coisa é não fazer isso”, alerta.

Mais do que conhecer o nome das empresas, para ter ações para investir é preciso entender como funciona o negócio e buscar o momento em que cada uma vive.

Assim, as marcas mais conhecidas podem servir como um ponto de partida.

Pesquise sobre elas, busque informações nos sites de relações com investidores dessas companhias.

“Não precisa olhar para o resultado nesse primeiro momento. Antes mesmo de olhar os números, que podem assustar as pessoas, dê uma olhada nas últimas apresentações que a empresa fez aos acionistas”, diz Lopes.

2. Veja as notícias mais recentes

Esse é um ponto importante para evitar ciladas, diz Danielle. Procure no Google as notícias mais recentes sobre a companhia para saber o que está acontecendo com ela.

Uma empresa pode ter o nome conhecido, mas estar prestes a pedir uma recuperação judicial, ou estar em um momento complicado de renegociação de dívidas.

“Se for o caso, você nem precisa sequer começar a cogitar a empresa como investimento”, afirma.

3. Avalie os resultados da empresa

O próximo passo para investir em ações, segundo a especialista da Nord, é olhar os últimos resultados da companhia. Aí sim será necessário avaliar os números, mas isso não é tão difícil.

“Você pode pegar os veículos de mídia comentando o resultado, comentário dos analistas. Então ali você já começa a ter um sentimento de se o mercado está otimista”, afirma.

Ela sugere também avaliar os múltiplos, que são algumas medidas sobre os números da empresa.

Uma sugestão de Lopes é olhar um múltiplo de endividamento, que é a dívida líquida sobre o Ebitda. “Para a maioria das empresas do mercado, acho que um múltiplo até 3 é confortável”, diz.

4. Não olhe só para os dividendos

A distribuição de lucros de uma empresa de capital aberto é um dos grandes atrativos para muita gente que investe em ações, mas Júlia Aquino, analista da Rico, afirma que esse não deve ser o único ponto a ser avaliado.

“As empresas que pagam dividendos costumam estar bem estabelecidas no setor em que atuam, mas é bastante importante que isso seja entendido como um investimento em ação”, diz.

“Quando você vai investir, pensando em dividendos, justamente, para ter essa consistência de pagamento é preciso escolher uma empresa que está bem estabelecida, que tem boas perspectivas de crescimento para o futuro, porque uma empresa assim tem mais probabilidade de continuar pagando dividendos interessantes pra um investidor”, afirma.

5. Estude o mercado

Quem quer começar na renda variável precisa estudar, diz Danielle Lopes.

“O mais importante para o investidor quando está começando é gastar muito tempo estudando, lendo sobre a empresa, perguntando, ouvindo um podcast”, diz. Na Inteligência Financeira, por exemplo, você pode acompanhar o Podinvestir, que é uma conversa com grandes gestores do mercado sobre ações para investir.

“Estudando, a pessoa também acaba se blindando de surpresas negativas, porque ela avalia a empresa e está ciente dos riscos envolvidos naquele investimento, mesmo se tiver um prejuízo”, diz Lopes.

6. Invista de forma recorrente

Outro ponto é não alterar a sua carteira de investimentos de uma vez só, e não migrar todo o portfólio para a renda variável.

Melhor ainda se conseguir fazer os aportes de forma recorrente. Danielle Lopes, da Nord, sugere comprar as ações aos poucos e montar uma carteira diversificada.

“Vá estudando e fazendo os investimentos todos os meses, e defina seu percentual máximo [para ações]. Geralmente, as pessoas começam com algo entre 3% a 5% do patrimônio. Não é um número exagerado, mas também é algo que já te faz ter atenção”, diz.

7. Pese os riscos

Quem vai começar a investir em ações precisa ter em mente que esse é um tipo de investimento mais arriscado do que a renda fixa.

“Mas existem ações que são mais ou menos arriscadas. É interessante começar pelas menos arriscadas”, sugere Júlia Aquino. “E quando a gente fala de risco em ações, estamos falando principalmente da volatilidade de preço. Então, olhe se o preço está oscilando muito”.

Assim, com algum tempo, o investidor começa a entender como se sente ao ver o patrimônio oscilar, o que ajuda a balizar o quanto aceita de risco ou não na carteira.